Já tinha um mês que as aulas haviam retornado, Nathaniel e eu ainda sentávamos juntos, trocávamos uns diálogos de vez em quando, mas nada íntimo ou descontraído. Minha amargura e a distância de Nathaniel nos impedia de termos conversas pessoais demais e eu temia isso, de qualquer forma, tinha medo de ele dizer que tudo não havia passado de uma brincadeira de criança, de ele dizer "O quê!? Aquele bilhete e aquela promessa? Você realmente levou aquilo tão a sério?". Mas ele me fez prometer, e ele também prometeu e eu cumpri. Cumpri a promessa fielmente por 4 anos separados, fui tão boa em cumpri-la que nunca olhei ou conversei com nenhum outro garoto com segundas intenções, nem sabia como fazer isso.
O Grande Observador mais faltava do que ia a escola e sim, eu tinha reparado de propósito, minhas amigas tinham muitas festas de fim de ano para frequentar, festas que eu havia aprendido a não gostar depois de ir apenas em uma, pois aprendi que eram um campo minado pronto para estourar a promessa que eu cumpria, estúpida, a estúpida promessa que eu continuava a cumprir pela força do hábito.
Mas eu não pensaria nisso naquela quinta-feira de manhã que se arrastava, eu vestia minha roupa de ginástica por baixo do uniforme e estava ansiosíssima pelo jogo de Bete, eu estava me tornando cada vez melhor e eu amava ficar melhor nas coisas.
- Até amanhã, pessoal.
O professor mal terminou sua frase e eu já estava descendo as escadas, corri ao banheiro e tirei meu uniforme, ficando com a legging, o top e a blusa por cima, o tênis já estava em meu pé e meu rabo de cavalo ainda estava em perfeito estado, coloquei tudo dentro da bolsa que parecia mais espaçosa que o normal e corri a montar em minha bicicleta de dois mil, como o Observador havia dito, em pouco tempo estava fora da escola pedalando em direção à casa de Bibe.
- Amber! - ouvi alguém me chamando longe, imaginei ser uma das meninas, mas eu mandaria um sms depois e elas perdoariam minha pressa.
Cheguei na casa de Bibe e guardei a bicicleta indo cumprimenta-la, já passava da hora do almoço porque nosso professor havia dado duas aulas a mais e as crianças já me esperavam na rua.
- Estou pronta, Kim! - avisei a morena de 14 anos com quem eu sempre fazia time.
Tinham crianças de todas as idades, mas eu jogava com duas de 14 e uma de 12 sempre.Mal havíamos começado o jogo e já estava muito animado.
- QUEBRA! QUEBRA! QUEBRA! - Kim gritava pra mim que voltava correndo da esquina com a bola na mão e eu estava com a garrafa na mira ia jogar com tanta força que ia quebrar, correndo levantei meu braço e na hora de acertar a garrafa olhei para a bicicleta que parou muito próxima a minha parceira de jogo, e a bolinha não acertou a garrafa, mas sim sua testa.
Eu acertei a testa de Nathaniel Alencar com a bolinha da Bete.
- O que você tá fazendo aqui!? - perguntei incrédula.
Nathaniel olhava tudo meio perdido com a mão na testa ainda pelo impacto da bolinha. Todas as crianças o olhavam também.
- Continuem sem mim. - pedi e fui até Nathaniel. - Vem comigo. - pedi o ajudando a descer da bicicleta e a levando para a casa de Bibe.
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Nos Enlaces da Vida
RomantizmAos doze anos um doce e inocente romance se desenrola entre a pequena Amber e Nathaniel, seu vizinho, e junto com ele uma promessa: seremos os únicos na vida um do outro, até casarmos. Mas ele vai embora deixando apenas um bilhete, um pequeno bilhet...