Capítulo 29: Um contrato por uma raiva

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No dia seguinte acordei já passava das oito, Gian ainda dormia profundamente do seu lado da cama. Tomei meu banho e me vesti adequadamente para iniciar o dia com a terrível missão de sair de casa e chegar ao enterro da mãe de Gian a tempo sem que nenhum dos trabalhadores daquela enorme casa soubessem que ele havia ido para lá naquela madrugada e dormido em meu quarto de porta trancada, quem em sã consciência acreditaria que não tínhamos feito nada além de um beijo consolador sem nenhum tom sexual?


O celular de Gian começou a tocar de algum lugar do banheiro, o achei no meio de suas roupas molhadas que estendi pelo banheiro mesmo.


Era da funerária.


- Gian.. - o chamei. - Gian?


Ele logo acordou sentando na cama.


- O que houve!?


- A funerária está te ligando. - avisei entregando o celular.


- Ah, claro, posso usar o banheiro?


- À vontade.


Ele se levantou e quando entrou no banheiro abri a porta do meu quarto e voltei ao quarto de visitas, haviam algumas roupas masculinas para o dia a dia também, peguei uma calça, uma blusa e uma cueca que nunca haviam sido usadas já que nunca recebíamos ninguém e voltei ao meu quarto. Depois de pronto Gian me avisou que precisava ir embora naquele minuto, eu sabia que meus pais já estariam na empresa àquele horário, e eu precisaria desviá-lo das funcionárias pela casa, o problema seria o porteiro, eu teria que inventar algo para ele ir para dentro de casa.


Pedi para Gian me seguir em silêncio e fazer o que eu mandasse na hora em que eu mandasse, eu sabia que aquele horário os funcionários se reuniam para comer o que meus pais não haviam comido, e para jogar conversa fora, Bibe havia me ensinado exatamente como tudo funcionava naquela casa. Sair de casa seria fácil, o problema seria sair do quintal para a rua.Em poucos minutos estávamos na porta da frente e ninguém tinha aparecido e nos pegado.


- Se esconde atrás daquele sofá que eu vou chamar o porteiro aqui pra dentro, quando eu der sinal você abre essa porta e corre pelo portão a fora.


Ele assentiu.


- Seu José! Ouvi a Antonieta reclamar de algo lá na cozinha, parece que quer falar com você, do jeito que ouvi é melhor conferir, eu atendo se alguém chegar, pode deixar.


Fácil como tirar doce de criança.


José se afastou para a casa e fiz o gesto de "vem" para Gian que olhava da janela e ele fez exatamente como mandei.


- Te vejo lá. - avisei e dei um beijo em sua bochecha antes de ele entrar no táxi que já o esperava.


O que eu não esperava era que ao entrar outra vez em casa daria de cara com minha mãe com seu olhar matador e braços cruzados.


- Ora, parece que alguém aqui não sabe o significado de limites.


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