Capítulo 24: Uma amizade que se importa

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Havia cinco dias que Bibe estava internada, ela parecia melhor, falava, voltava a andar e comia bem, sempre com aquela força e coragem de enfrentar as adversidades da vida. E com sua fé, fé que parecia inabalável para mim, apesar de ela dizer que não, de me dizer que ao longo de sua vida ela fez muitas perguntas e me explicar que a fé verdadeira pergunta porque a fé que não pergunta é fanatismo.


- Ela está se recuperando com a força de um leão... - Nathaniel disse em uma das visitas a ela quando ela dormia profundamente na maca.


- Está...


- E você?


Meus olhos encontraram os dele. Ninguém tinha me perguntado como eu estava até agora.


- O quê?


Eu não acreditava que alguém havia se lembrado de mim, eu sempre dizia o que sentia espontaneamente então na verdade ninguém nunca precisava perguntar, mas daquela vez, daquela vez eu percebi que tinha sido importante alguém perguntar.


- E você, Amber? Não venha me dizer que está sendo fácil, posso ter passado quatro anos fora, mas ainda consigo reconhecer você.


- Não tem sido fácil, mas eu supero.


Eu fui evasiva, não queria incomodá-lo com minhas angústias.


- Não, Amber. Não é essa a resposta que eu quero. - ele estava realmente preocupado eu pude perceber pelo seu rosto e tom de voz. - Anda, pode desabafar, vou ser um muro de lamentações, só não seja evasiva e guarde tudo pra si.


Suspirei.


- Você quer mesmo saber? - eu estava exausta.


Ele assentiu compassivamente. E perguntou:


- Quer dar uma volta?


Assenti.


- Eu não sei se vou aguentar, Nathan, eu acordo a noite inteira com medo de que ela se vá e eu não esteja ao seu lado, de que não consiga dizer que a amo ou qualquer palavra de conforto. Eu não durmo direito há cinco dias e meus pensamentos estão me matando. Tem tanta coisa que quero contar a ela e perguntar a ela, mas tenho medo de enchê-la de tolices. Tenho tanto que quero aprender dela, parece que 16 anos foram pouco, muito pouco...


Estávamos sentados em um banquinho da área verde do hospital.Nathaniel me abraçou, um abraço como o do dia na chuva, apertado, aconchegante, quentinho, seus braços de 17 anos com certeza não eram os mesmos dos de 12, eram muito melhores. Não hesitei em abraçá-lo de volta.


- Ainda tenho tanta coisa pra viver, queria que ela visse meu casamento, meus filhos, que eles corressem por sua casa e brincassem com ela, queria levá-la para minha casa depois de me casar, ah, eu tenho tantos sonhos.... Talvez sejam sonhos bobos de adolescente, mas eu descobriria isso depois ao lado dela e agora... parece que tudo escorre feito areia entre meus dedos... - eu dizia ainda em seu abraço.

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