Capítulo 13: Uma Exposição Nublada

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Era início de novembro e a escola tinha um evento renomado naquela sexta-feira: a exposição de ciências. Biologia, história, química, física e matemática, tudo em uma exposição com os primeiros anos do ensino médio.


Nossa exposição era a melhor de toda a região, desenvolvíamos muito mais do que maquetes e vulcões de bicabornato, vinagre e detergente. Prêmios já haviam saído dali.


Naquele ano, porém ninguém do meu grupo estava realmente com foco em se tornar um grande nome da ciência por isso desenvolvemos um robô carro de lego movido à energia solar.Meus pais apareceram na escola como em toda exposição porque era um evento grande e muitos pais apareciam, todos bilionários e a maioria parceiros de negócios.


- Experimento muito consciente. - meu pai disse indiferente com meu robô-carro.


- Pois é... - respondi sem muita animação observando o pequeno robô andar para lá e para cá.


- Bartolomeu! - alguém chamou meu pai e ele saiu rapidamente dali.


Consegui respirar fundo quando ele fez isso.


- Uau, a proximidade entre você e seu pai é realmente invejável. - o Grande Observador disse se aproximando da minha mesa.


- Pois é... Qual seu experimento? Não te vi em nenhuma mesa. - disse me juntando a ele e andando em direção à saída do prédio de exposições.


- Nada de demais, nada além do tradicional bicabornato, vinagre e detergente.


- Sério?


- Só vim porque não quero repetir mais uma vez.


- Você já reprovou? Ah, isso explica sua cara de mais velho!


- Meus 18 anos não são tão explícitos assim. Esse rostinho aqui engana muito as garotinhas de 16 ainda. - ele disse convencido.


- Não a essa "garotinha" aqui. - eu disse me sentando no balanço do parquinho das crianças.


Ele sorriu.


- Você não é muito chegada a seus pais, né?


Fiz um bico pensando na resposta.


- Não, mas já não me importa... Tenho alguém a quem considero minha mãe de verdade e isso é o suficiente para mim.


- Verdade? Bem, essa é uma informação nova pra mim, parece que preciso te observar mais.


Eu ri esticando minhas pernas e me balançando um pouco enquanto ele se sentava no balanço ao lado.


- Ela chama Bibe, bem, eu a chamo Bibe, foi minha babá desde que nasci, quando meus pais a contrataram fazia quatro dias que sua filha tinha morrido e seu leite havia acabado de descer ao peito, minha mãe não queria me dar de mama, acho que foi depressão ou algo assim, e foi o sangue de Bibe se transformando em leite para mim o que me manteve viva. Ela me amou como filha, me alimentou, me ninou, passou noites em claro, me criou e me educou, dentro da mansão de meus pais é claro, minha mãe ficou muito traumatizada com toda a experiência e cortou as trompas assim que se recuperou do parto, eu nem sei como meu pai reagiu, tudo o que sei ninguém me contou, nem mesmo Bibe, ela não ousaria falar mal de alguém, eu ouvi pelos corredores, histórias dos que trabalham em casa. Por fim, sou muito mais filha de Bibe do que de qualquer outra pessoa. Mas sigo tentando honrar meus pais porque apesar de nunca terem me dado afeto ou atenção eles sempre me sustentaram...

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