Capítulo 1

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Entro no apartamento de Jackson e logo me deparo com o mesmo sentado ao sofá. Há várias garrafas de bebidas alcoólicas pelo chão e mesa de centro. A TV está ligada, mas não há som.

— Oh não Jackson, de novo. — Falo, sentando ao seu lado.

Ele não responde, está com um olhar vazio. A cada dia que passa Jackson afunda-se mais.

— Jackson... — Tiro a garrafa de uísque de sua mão antes que ele possa levá-la à boca. — Você precisa parar com isso, desse jeito vai acabar morrendo.

— Sophia, pare. Eu não quero nada com você, vá embora. Eu quero ficar sozinho. — Ele fala totalmente frio sem olhar em meus olhos.

Aquilo me atinge em cheio, e não consigo conter as lágrimas. Eu realmente gosto dele, mas no momento só quero ajudá-lo. Não quero vê-lo se autodestruir nesse vício. Lamento que ele pense assim, mas no momento não tenho segundas intenções.

— Ok. — Levanto-me e vou em direção ao escritório do apartamento. Não vou deixá-lo sozinho de forma alguma, tenho muito medo do que possa acontecer.

Enquanto caminho em direção à porta do escritório, sinto um toque suave e familiar em meu braço. Meu coração dispara e eu me viro para encarar Jackson. Seus olhos, antes vazios e distantes, agora mostram uma centelha de reconhecimento, uma chama de esperança para mim.

Nossos olhares se encontram, e por um breve instante, o tempo parece suspenso. A intensidade do momento é avassaladora. Em meio ao caos interno que o domina, ele encontrou um breve momento de clareza, um lampejo de conexão.

Aquele toque em meu braço é mais do que um simples gesto físico. É um sinal de que ainda há uma parte de Jackson que luta para se libertar das amarras de sua própria destruição. É uma ponte entre nós, um fio tênue de confiança e apoio mútuo em meio à escuridão que nos cerca.

— Sophia, desculpa. Eu... Eu não quis dizer isso. Na verdade, eu gosto de você. Gosto de você desde a primeira vez em que te vi. — Sua voz carrega um misto de desespero e vulnerabilidade. Ele se aproxima do meu rosto, buscando me beijar. Meu corpo anseia por aquele contato, porém, ainda com lágrimas nos olhos, eu me esquivo suavemente. — Você não...?

— Jackson, vá tomar um banho e descansar. Quando você estiver sóbrio, nós conversaremos. — Dou-lhe uma expressão firme e determinada, indicando a seriedade das minhas palavras. Ele assente, e com dificuldade para se equilibrar, segue cambaleando em direção ao banheiro.

Observo-o enquanto se afasta, meu coração está apertado, com uma mistura de preocupação e tristeza. Cada passo incerto que ele dá revela o peso esmagador de seus problemas e o impacto devastador que o álcool tem sobre seu corpo e mente.

Respiro profundamente, buscando equilíbrio em meio às minhas próprias emoções tumultuadas. É absolutamente crucial que ele se recupere, que encontre clareza e estabilidade antes que possamos abordar qualquer assunto importante. Apenas quando estiver sóbrio, poderemos ter uma conversa verdadeira, aberta e significativa, onde cada palavra tenha o peso e o significado que merecem.

Com uma determinação silenciosa, volto em direção à sala, decidida a enfrentar a bagunça deixada pelas garrafas de bebida espalhadas pelo chão. Uma a uma, as pego cuidadosamente, sentindo o frio do vidro em minhas mãos.

Enquanto estou focada em minha tarefa, ouço o som da porta sendo aberta. Meu coração dispara e meu olhar se volta para a figura que acabou de entrar. É Henry Cheung, co-fundador da Team Wang, uma expressão de preocupação está estampada em seu rosto.

— Onde ele está? — Ele pergunta.

— Ele está no banho. — Respondo.

Os olhos de Henry percorrem o cenário, repousando sobre as garrafas dispersas pelo ambiente. Um misto de desânimo e pesar reflete-se em seu rosto.

My Fault - Jackson WangOnde histórias criam vida. Descubra agora