Capítulo 14

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Após um mês repleto de emoções intensas, desperto com os olhos inchados pelo choro da noite anterior. O peso desse período tem me mantido longe das ruas, afastada do mundo lá fora. Decido deixar meu celular intocado ao lado da cama, evitando qualquer contato com as pessoas que machuquei. Parece ser a melhor opção no momento, uma forma de preservar minha sanidade e refletir sobre minhas ações.

Com Seoyoung já tendo saído para o trabalho, me encontro sozinha em casa. Decido vestir roupas confortáveis e sair para uma caminhada matinal. Os primeiros raios de sol tocam meu rosto, aquecendo minha pele, enquanto respiro fundo, absorvendo a serenidade da manhã.

Caminho pelas ruas tranquilas, com meus pensamentos como companhia. Reflexões sobre minhas escolhas, meus erros e as pessoas que feri invadem minha mente. Cada passo que dou é uma oportunidade para examinar minha vida e buscar respostas para as perguntas que atormentam meu coração.

Conforme avanço em minha caminhada, uma sensação de inquietação começa a se misturar com meus pensamentos. Contudo, sinto um olhar desconhecido sobre mim e, ao virar a esquina, percebo um carro seguindo meus passos. Meu coração dispara e um calafrio percorre minha espinha.

Tento manter a calma e acelerar o ritmo da minha caminhada, na esperança de despistar o veículo indesejado. Olho rapidamente para trás, apenas para confirmar que não estou imaginando as coisas. Os vidros escuros do carro me impedem de ver quem está dentro, aumentando minha apreensão.

Agora, minha mente se divide entre a necessidade de encontrar um lugar seguro e a curiosidade de saber quem está me seguindo. Cogito ligar para a polícia, mas a incerteza sobre a intenção do carro me mantém relutante em envolver as autoridades.

Decido tomar uma rota diferente, desviando do caminho usual, na esperança de despistar meu perseguidor. Minhas pernas se movem mais rápido, enquanto meus olhos examinam o entorno em busca de qualquer sinal de ajuda ou refúgio.

A cada esquina que dobro, a sensação de perigo iminente aumenta. Minha respiração fica mais rápida, meus músculos tensos. O medo se instala profundamente em meu peito, mas não posso deixar que ele me paralise. Preciso agir com astúcia e encontrar uma solução.

Enquanto caminho em busca de um local movimentado ou de um prédio onde possa entrar, um pensamento inquietante me ocorre: e se essa perseguição estiver ligada às minhas ações passadas? Será que alguém está querendo me confrontar ou buscar vingança?

Minhas pernas tremem, mas mantenho meu passo firme. Não posso deixar que o medo me domine. Finalmente, avisto um café movimentado à frente. Sinto um suspiro de alívio escapar dos meus lábios enquanto acelero meu ritmo para alcançá-lo.

Entro no café, buscando a segurança da multidão. Observo disfarçadamente a janela, esperando ver se o carro desconhecido ainda está por perto, mas vejo que ele passa direto. Meus olhos encontram os de um desconhecido sentado em uma mesa próxima, que parece notar minha inquietação.

Ele se aproxima com cautela e sussurra em um tom solidário:

— Você está bem? Parece que alguém está te seguindo. — Agradeço sua gentileza, sentindo-me momentaneamente apoiada por esse estranho.

Com o coração ainda em disparada, tomo um gole trêmulo do café quente, buscando desesperadamente acalmar meus nervos à medida que a realidade da situação se instala. Meus sentidos estão em alerta máximo, e minha mente mergulha em um turbilhão de possibilidades. É uma corrida contra o tempo para encontrar uma solução e garantir minha segurança.

Sem hesitar, pago pelo café e apressadamente chamo um táxi. Com o coração na garganta, informo ao motorista o endereço de Seoyoung. O medo aumenta a cada segundo, pois a noção de que o perigo está sempre um passo à frente se enraíza em minha mente.

My Fault - Jackson WangOnde histórias criam vida. Descubra agora