Capítulo 18

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— Se sente melhor? — Samara perguntou preocupada assim que viu Soraya sair com Simone do hospital, a loira sorriu pela preocupação da mulher.

— Estou, obrigada por me trazerem.

— Quando acordou, Simone explicou o que houve? Ela é péssima em tranquilizar as pessoas. Uma vez eu fui internada e, quando acordei, a primeira coisa que ela me disse foi "Eu arrumei o chuveiro da sua casa." —Samara falou disparada e Soraya gargalhou, vendo a morena enrubescer.

— Bem, ela... Não perdeu esse costume — Soraya disse sorrindo.

— Oh, virgenzinha, o que ela disse? — Janja perguntou curiosa.

— Prefiro não comentar — Soraya respondeu, vendo Simone respirar aliviada.

— Entrem no caminhão porque preciso recuperar o caminho. Vamos! —Simone disse e Janja suspirou, se inclinando para Soraya assim que a motorista marchou até a porta de seu caminhão e entrou nele.

— Como eu disse: Mocinha em apuros — Janja sussurrou fazendo Soraya rir e todas entraram no caminhão.

[...]

— E aí a borboleta entrou no meu quarto — Soraya contava à Simone, que ouvia tudo rindo. — Imagina o meu desespero ao ver um monstro daquele invadir meu quarto de madrugada. Eu não pude dormir e nunca mais abri a janela de noite.

— Soraya, borboletas são fofas e indefesas — Simone riu, enquanto as outras três assistiam a interação com uma grande interrogação no meio das testas.

Se fosse uma delas contando sobre aquilo, tudo o que Simone faria seria responder entre resmungos e risos contidos. Com Soraya ela estava tendo todo um diálogo e paciência.

— Quem me garante que um espírito não a possua e ela fique malvada? —Soraya indagou e outra risada de Simone ecoou pela lataria do veículo. — Pior, e se ela tivesse raiva ou algo que a fizesse ficar má?

— Sory, borboletas não têm isso — Simone disse, levando sua mão direita até o nariz da menor e o apertando. — Não seja boba.

— Prefiro não arriscar, Simone. Eu não gosto de borboletas.

— Mas por quê? São meigas e fofas.

— Não gosto e fim. — Simone riu e Soraya bufou, encostando sua cabeça no ombro da morena. — Estou cansada.

— Sory... Assim eu não poderei mudar a marcha — Simone disse séria. — E do que está cansada? Não fez nada.

— Deixa eu ficar aqui um pouquinho? É estrada reta, não precisa mudar a marcha agora. Já já eu saio — ela pediu e a motorista sorriu no canto de seus lábios. Era impressionante como aquela garota ousada, sexy e provocante conseguia ser meiga e fofa também.

— Argh. Tudo bem — se deu por vencida fingindo uma carranca, mas no fundo ela havia amado aquele toque.

— Obrigada — Soraya respondeu sorrindo. — E sobre eu estar cansada... Bem, cansa não fazer nada também, sabia?

— Sou obrigada a concordar — Gleisi se meteu. — Só não morri de tédio ainda porque meus olhos encontraram uma boa distração.

— Que distração? — Simone perguntou.

— É...hm, não vem ao caso — ela não diria à Simone que ver ela interagindo com Soraya era fofo e divertido, conhecia sua cunhada há tempo o suficiente para saber que ela se fechava quando alguém comentava sobre isso por achar essas situações embaraçosas.

— Sisa, posso ligar a rádio? — Soraya indagou, olhando, disfarçadamente, para o par de coxas expostas de Simone, já que a morena usava um short bem curtinho de moletom, cinza com as beirinhas pretas, gostosa, pensou.

— Não — respondeu solenemente, todavia, Soraya colocou uma mão sobre uma das coxas de Simone, sem malícia, e se aconchegou mais contra o corpo dela.

— Por favor... — Soraya pediu e Simone lhe olhou de soslaio. Como dizer não à uma imagem tão adorável? A maior rosnou baixinho e bufou.

— Tudo bem, Soraya — e, ao ouvir a menor bater palminhas de puro entusiasmo, Simone riu.

Soraya depositou um beijo na maçã do rosto de Simone antes de sintonizar em alguma rádio de seu agrado.

Samara riu, negando com a cabeça, ela deveria ter levado o celular, definitivamente, mas era um trato delas: Nas viagens que faziam juntas ninguém levava celular. Porém a morena não imaginava que sua outra irmã também arrumaria alguém e que ela ficaria sobrando.

— Não, Soraya! — A voz firme de Simone trouxe Samara de seus pensamentos.

— Por que não? Canta vai!

— Eu não vou cantar com você — repetiu seriamente.

— Você é muito chata, sabia? — Soraya disse voltando a enterrar seu rosto na curva do pescoço da maior, ela adorava o cheiro que a pele de Simone emanava e não perdia a chance de inalar aquele perfume natural cada vez que lhe fosse possível.

— Sabia — Simone respondeu e a menor riu.

Soraya olhou para trás e viu que mais ninguém prestava atenção nela, pelo contrário, as três cantarolavam a letra da música que tocava de olhos fechados, voltou a afundar o rosto do pescoço de Simone e levou uma mão até a coxa da maior, acariciando vagarosamente a região.

— Simone... — Soraya sussurrou em seu ouvido com aquela maldita voz que fazia a intimidade de Simone entrar em alerta. Simone sentiu todas as células de seu corpo se arrepiarem quando Soraya depositou um beijo lento em seu pescoço, subindo um pouco a cabeça e mordiscando o lóbulo de sua orelha. — Vamos parar para comer? Estou com fome — sussurrou, subindo um pouco mais sua mão, sem deixar que fosse algo imprudente, já que as garotas poderiam abrir os olhos a qualquer momento.

— Certo — Simone disse, notando como as batidas de seu coração se aceleraram. Soraya continuou a provocar-lhe e quando a morena estacionou ela ficou confusa. — Comam. Eu já volto! — Disse séria, abrindo a porta do caminhão e se esquivando de Soraya para descer. A porta do caminhão fechou-se com certa brutalidade e a menina ali se viu perdida.

— O que ela foi fazer? — Soraya perguntou confusa, vendo pelo retrovisor Simone andar até a parte de trás do caminhão e logo sumir de vista.

— Vá ver por si própria — Janja sugeriu dando de ombros, atacando o isopor no momento seguinte.

Soraya, por ser tão curiosa, realmente decidiu ir, abriu a porta e desceu do caminhão. Apenas encostou a porta para Simone não saber que ela havia descido. Caminhou até atrás do caminhão e deu de cara com Simone controlando a respiração, de olhos fechados e com a cabeça para o alto.

— O que está fazendo? —Soraya perguntou e Simone abriu os olhos, lhe encarando.

— Vim pegar um ar — ela disse e Soraya assentiu, olhando para os lados antes de se aproximar dela.

— Você está muito... Linda — Soraya elogiou, percorrendo seus olhos pelo corpo de Simone. — Eu não disse lá dentro porque você parece ser bem reservada.

— E sou — Simone disse, sentindo o sol da manhã lhe acertar em cheio.

— Bem, vou deixar você tomar o seu ar, então - Soraya disse, mas sentiu a mão de Simone se enroscar em seu braço e puxar ela para si, colando os corpos.

— E que tal se ficar e me ajudar a perder o ar?

O sorriso provocante de Soraya enfeitou seus lábios ao ouvir aquilo.

— Com prazer.

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