Capítulo 40

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Sinalizem se tiver algum erro. Boa leitura, queridas.

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Três meses depois...

— Puta merda, Janja, você demorou quase duas horas comprando esses salgadinhos — Simone resmungou, finalmente ligando o caminhão novamente assim que a garota entrou entupida de sacolas de bobagens para digerir no caminho.

— São três longos dias, tudo bem? — Ela disse, se ajeitando entre Gleisi e Samara.

Estavam indo para Carolina do Sul para o aniversário de cem anos de da vó de Simone, Janja e Samara.

— Amor, será que ela vai gostar de mim? — Soraya perguntou suspirando, sua cabeça estava apoiada no ombro de Simone e sua mão estava descansando sobre a coxa de sua namorada.

— Aquela velha não gosta de ninguém — Gleisi disse rindo, recebendo um cutucão de Janja.

— Mais respeito com a vovó — Janja disse seriamente. — Mas então, Soraya. Vovó não gosta de ninguém. Aquela velha odeia o mundo.

— Não se preocupe, vovó nos instrui a chamá-la de nossa "velha" — Simone explicou quando viu Soraya olhar com horror para o casal que estava na boléia. — E não se preocupe, ela é meio ranzinza, mas no fundo tem um bom coração.

— Jamais, em hipótese nenhuma, toque no assunto da casa dela fede a fumo — Samara alertou.

— Jamais diga que fumar faz mal à saúde, pois ela esfregará os cem anos dela na sua cara — Janja disse rindo.

— Jamais converse com ela sem olhá-la nos olhos, ela insultará até a sua mãe por isso —Gleisi disse, pois de fato sua mãe havia sido insultada.

— E jamais conte que já fizemos sexo. Ela, hm, gosta das tradições do século passado sobre ter relações só depois do casamento — Simone alertou, desconcertada.

— Ela acredita mesmo que, todas vocês são virgens? — Soraya perguntou, rindo.

— Todas nós, amor — Simone disse. — Já mencionei você por telefone.

— E onde a gente vai transar nesses doze dias na casa dela? — Soraya perguntou no ouvido de Simone. — Não ligo de passear no seu caminhão — a morena riu e mordeu o lábio inferior.

— Não se preocupe, amor. Daremos nosso jeitinho.

—Janja e eu não conseguimos no ano passado. Nunca fiquei tanto tempo na minha vida sem sexo igual daquela vez — Gleisi disse, tendo noção ao que Simone se referia.

— Ué, a noite — Soraya foi interrompida pela risada de Samara.

— Vocês não irão dormir no mesmo quarto e, bem, fugir no meio da noite é complicado. A vovó acorda a noite inteira para ir ao banheiro e verifica os quartos.

—Mas dessa vez fingiremos ir ao shopping para ir à um motel — Janja disse sorrindo.

— Vovó adora compras, vai querer ir junto — Samara disse e Simone riu.

— Melhor para mim e Soraya, porque aí a casa fica livre para nós.

— O vovô odeia compras. Ele não sairá de lá — Samara disse, rindo do desespero estampado no rosto de Soraya.

— Simone Tebet, eu não vou ficar doze dias sem transar com você nem fodendo — Soraya disse solenemente.

— Literalmente "nem fodendo" mesmo — Samara zombou.

— A gente vai dar um jeito, tudo bem? Só não descobri qual ainda.

— Amor, eu me acostumei a dormir sentindo seu cheirinho. — Soraya disse fazendo um biquinho adorável. — Como vou fazer?

— Te roubo no meio da madrugada e dormimos no caminhão.

— Vovó vai surtar, Simone. — Samara disse. — Ela não pode passar estresse.

— Droga! Eu sei. — Simone disse bufando. — Já sei. Vamos ao mesmo tempo no shopping... — Sugeriu, olhando para Janja através do retrovisor.

— Mas cada casal em um shopping diferente. O casal que a vovó quiser seguir leva a Samara e o outro vai para um motel.

— Isso. — Gleisi disse, dando soquinhos no ar. — Te amo, cunhada — ela disse sorrindo aliviada.

— Sou um gênio — Simone disse rindo.

— Minha gênio morenona linda — Soraya disse depositando um beijo no rosto de sua namorada. 

— Amor, comprei algo para você.

— Não precisava, Sory— Simone disse, vendo Soraya desembrulhar algo. — Não acredito! — Ficou boquiaberta ao ver do que se tratava.

— Achei na internet — era um boné preto que Simone queria há tempos, mas nunca encontrava. — Agora tem um novinho em folha — Soraya disse, colocando-o com a aba para trás na cabeça da namorada.

— Como fiquei? — Simone perguntou e Soraya sorriu.

— Linda como sempre — a menor disse, depositando um rápido selinho nos lábios da maior, vendo os olhos dela voltarem para a pista.

— Obrigada, amor. Eu te amo.

Soraya piscou lentamente, deixando um enorme sorriso florescer em seus lábios. Essa era a primeira vez que Simone dizia que a amava.

— Eu também te amo, Sisa. Muito! — Disse, afundando sua cabeça na curva do pescoço de Simone — Amor, me ensina a dirigir?

— Claro, Sory— Simone disse brandamente.

— Porque aí eu posso tirar minha carteira de habilitação e revezar o volante com você. Deve ser cansativo ficar aí o dia todo.

— Já me acostumei, mas realmente cansa — Simone disse. — E para onde iria querer fazer nossa próxima viagem?

— Hmmm, deixe-me pensar... — Soraya disse, levando uma mão ao queixo. — Que tal uma viagem por aí, sem rumo?

Simone olhou para a estrada e novamente para Soraya.

— Uma viagem com destino incerto, só eu, você e o Garfield? — Perguntou sorrindo e Soraya assentiu empolgada, ouvindo o miado de Garfield, como se concordasse com tal ideia. — Nada me soaria mais perfeito.

— Combinado então — Soraya disse, se inclinando e depositando um beijo nos lábios de Simone, seu sorriso se abriu ao se dar conta de que a morena não estava brincando. — Você está falando sério? Sairia por aí comigo em uma viagem sem rumo?

— Claro que sim, Soraya— Simone disse, como se fosse óbvio.

— Meu Deus! Para você aceitar fácil assim você já deve ter ido para lugares incríveis — Soraya supôs.

— Ela já foi mesmo, as fotos que ela manda são de causar inveja. —Janja se intrometeu.

— Qual foi a viagem mais incrível que você já fez, amor? — Soraya perguntou curiosamente. Tentou imaginar colinas, montanhas, mas não conseguiu adivinhar qual e para onde teria sido a viagem preferida de Simone.

A maior suspirou, sentindo-se completa pela primeira vez em anos, sentindo o vento tocar sua pele e acariciar seu rosto, exatamente como seu pai disse que aconteceria: O que tivesse que vir, o destino traria.

Ela voltou a suspirar; de todas as viagens que já havia feito em sua vida, com certeza, uma delas era a sua preferida. Seus olhos se desviaram alguns segundos para sua namorada, o olhar dela era pura expectativa de uma resposta plausível. Ela sorriu e finalmente respondeu.

— A viagem mais incrível que eu já fiz na minha vida foi a com destino ao seu coração — Simone disse, vendo Soraya morder seu próprio lábio. Seus olhos se desviaram para a estrada e logo para a namorada novamente. Ela fitou aqueles castanhos com tanta intensidade que ambos os sorrisos, inevitavelmente, se abriram. — E espero, de verdade, que essa tenha sido uma viagem sem volta.


FIM

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Prometo trazer mais histórias como essa para vocês <3 


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