Soraya se espreguiçou, olhando ao redor somente para constatar que estava sozinha na cama. Mesmo assim um sorrisinho bobo nasceu em seus lábios, Simone não havia se recusado a dormir abraçadinha com ela.
A garota foi para o banheiro e escovou seus dentes com a escova que havia usado mais cedo no banho e logo saiu do quarto, vendo através dos vidros da janela da sala que já era quase noite. Soraya coçou seu olho esquerdo e bocejou, ouvindo sua barriga roncar. Não que ela não estivesse habituada a essa sensação, mas sabia que agora ela poderia comer quando sentisse fome.
A risada rouca de Simone do lado de fora chamou a atenção de Soraya, fazendo-a caminhar até a varanda, ela estava encostada em uma das pilastras da frente da casa conversando com uma moça realmente muito atraente; a mulher vestia roupa de ir à academia e sua barriga chapada estava à mostra, pois usava apenas um top preto que dava destaque para seus seios fartos.
Simone parecia bem à vontade com a mulher e Soraya sentiu uma sensação ruim em seu interior. Ela olhou para os próprios seios, entortando o canto da boca ao ver que eles eram bem menores do que o da mulher. Após se sentir pequena e frágil, respirou fundo e negou com a cabeça. Por que ela estava se comparando com o projeto de modelo? Não fazia sentido.
Após cair em si ela caminhou até Simone, se controlando para não fazer uma careta ao ver que a mulher estava elogiando as pernas da morena.
Por que ela estaria elogiando as pernas de Simone? Oh... Após descer os olhos para o par de coxas naquele short cinza colado, Soraya entendeu.
— Olá! — Soraya cumprimentou tímida, com medo de ter interrompido algo ou sido inconveniente.
— Acordou, bela adormecida — Simone disse, se virando para olhar para Soraya e sorrindo abertamente.— Desculpe incomodar. Só acordei e vi que você não estava na cama comigo e, bem, a casa está silenciosa. Pensei que tinham saído.
— Eu te disse que não sairia enquanto não acordasse — Simone disse, vendo Soraya assentir. — Soraya, esta é Anne, nossa vizinha enquanto estivermos por aqui.
— Um prazer, sou Soraya — a menina disse esticando a mão para um cumprimento e a mulher sorriu gentilmente.
— O prazer é todo meu — Anne disse educada, apertando sua mão. — Disse que estavam na mesma cama. Desculpe a pergunta, e sinto muito se eu parecer grosseira, mas vocês namoram? — Ambas coraram, olhando para qualquer lado que não fosse para a outra.
— Não— Soraya falou baixinho, vendo o sorriso nascer no rosto de Anne.
A mulher analisou minuciosamente o corpo de Simone e assentiu.
— Bem, melhor para mim então. Vou correr, meninas. Nos vemos — a réplica da Cleópatra disse, colocando os fones no ouvido e saindo correndo.
— Está com fome? — Simone indagou, ainda meio desconcertada pela pergunta de Anne.
— Na verdade sim — Soraya disse, mordendo o próprio lábio inferior para não fazer perguntas sobre a mulher.
— Vem, vamos comer — Simone chamou, se desencostando da pilastra. — Amanhã cedo sairemos para fazer compras. Tudo bem para você?
— Sim — Soraya respondeu. — A vizinha é casada? — O que isso tinha a ver, céus? Soraya, seja menos óbvia, pensou.
— Não sei, na verdade. Não perguntei — disse sinceramente. — Mas acredito que não.
— É, vocês pareciam bem à vontade — Soraya disse, seguindo Simone para o interior da casa.
— Ela estava falando sobre academia — explicou, vendo a loira se sentar em uma das cadeiras ao redor do balcão.
— Hm — resmungou séria, pulando no momento seguinte ao ver a morena retirar carne moída da geladeira. — Sisa, posso fazer panquecas? Por favor...
E lá estava o espírito fofo de Soraya novamente, pensou Simone, sorrindo bobamente.
— Fique à vontade — Simone disse rindo, se sentando enquanto Soraya se levantava.
Os móveis da casa eram todos de madeira maciça, inclusive o enorme armário onde Soraya estava tentando alcançar a farinha. Simone deu uma leve olhada na parte de trás das coxas da loira que ficou exposta, consequência de ela estar na ponta dos pés.
— Simone! — A maior gargalhou, se levantando novamente para pegar o que ela não alcançava.
— Aqui está, nanica — Simone brincou e Soraya franziu os olhos ao ouvir aquilo.
— Idiota — Soraya resmungou baixo, causando um sorriso nos lábios de Simone.
— Gosta de cozinhar, Sory? — Simone perguntou, vendo um sorriso convencido brotar nos lábios de Soraya.
— Se eu gosto? — Soraya perguntou retoricamente. — Eu trabalhei em um restaurante por cinco anos, então prepare-se para comer a melhor panqueca da sua vida.
— Ansiosa para isso — Simone disse, vendo Soraya ir colocando os ingredientes sobre o balcão conforme os ia encontrando.
Não demorou muito para que ficassem prontas as panquecas e Simone já sentia sua barriga roncar pelo cheiro do molho da carne. Se fossem tão gostosas quanto o cheiro, então realmente aquelas seriam as melhores panquecas que Marília provaria em sua vida.
— Aqui está — a voz rouca soou sexy e baixa no ouvido de Simone enquanto Soraya passava o braço pelo lado da morena apenas para colocar o prato sobre o balcão em sua frente. — Me diz o que acha do sabor.
Simone sentiu todas as células do seu corpo acordarem ao sentir Soraya sussurrar isso em seu ouvido e logo usar uma mão para afastar os cabelos de sua nuca e logo sua boca tocar-lhe a pele do pescoço suavemente. Seu coração acelerou e ela gemeu baixinho em puro deleite. A morena não aguentou e se virou bruscamente na cadeira, puxando a garota pela camiseta para mais perto de seu corpo.
Os olhares castanhos carregados de desejo se encararam e então Soraya desceu para os lábios rosados de Simone assim que a viu umedecer os mesmos, levou uma mão até os cabelos pretos e colocou uma mecha solta atrás da orelha da mulher.
— Que cheiro delicioso é esse? — A voz de Janja fez Soraya dar um pulo para trás a tempo de ver as outras garotas também adentrando a cozinha. — Interrompemos algo? — Perguntou franzindo o cenho e Simone suspirou frustrada, fazendo Soraya sorrir.
— Não se preocupe, Janja. — Soraya disse rindo. — Fiz panquecas, fiquem à vontade — disse, vendo as meninas atacarem o armário para pegarem seus pratos.
— E você... — Soraya sussurrou para Simone. — Prove a sua panqueca, vai esfriar — finalizou, se inclinando e deixando um beijo suave, doce e com gostinho de "quero mais" no canto dos lábios de Simone, tendo colocado a pontinha da língua junto somente para instigar mais ainda a garota.
— Sim, senhorita — Simone disse, vendo Soraya sorrir e se afastar.
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Estrada Da Vida - Adaptação
Fanfiction{CONCLUÍDA} Simone Nassar Tebet é uma caminhoneira; levava a sua vida na tranquilidade das estradas de todo o país. Aos seus vinte e sete anos não se via fazendo outra coisa senão dirigir, exatamente como seu pai a ensinara. A garota possui mais dua...