Capítulo 5

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A noite estava se aproximando e as meninas rumavam para o hotel; o ruído do caminhão enquanto andava era quase inaudível e as garotas tagarelavam sem parar. Simone apenas assentia quando alguma das meninas lhe perguntava algo ou resmungava a resposta baixinho.

— Podemos ligar a rádio? — Soraya perguntou tímida e lhe olhou de soslaio. As outras três garotas puseram suas atenções no momento esperando uma resposta diferente da habitual.

— Não — a resposta foi seca e Soraya corou pela rejeição. — Chegamos —Simone estacionou na rua mesmo e desceram, trancando o caminhão antes de seguir para o hotel.

— Dois quartos, por favor — Simone pediu e o rapaz assentiu, digitando algo em seu computador. Quando foi dar alguma informação para a loira, os olhos do rapaz encontraram Soraya na porta, distraída brincando com seu gato, e o rapaz, por alguns segundos, esqueceu o que estava fazendo.

— Será só por esta noite, moço — Simone explicou, em relação ao gato. A morena voltou a olhar na direção do olhar do homem para constatar que ele não olhava para a gata, senão para Soraya. — Temos um pouco de pressa — o homem nem se moveu e a mulher enrijeceu o músculo do maxilar. — Estou invisível agora?

A risadinha de Soraya foi anasalada e então ela se aproximou, tocando respeitosamente as costas de Simone.

— Deixa comigo — ela disse a Simone . — Olá, será que poderia nos dizer se tem os dois quartos que minha colega aqui pediu? Eu realmente preciso muito de um banho e descansar — o olhar do garoto passeou pela expressão doce no rosto de Soraya e sorriu abertamente.

— Claro. Estão em alguma espécie de viagem entre amigas? Posso mandar uma champagne para lá por conta da casa. Em qual quarto ficará? —Simone iria dar uma resposta bem malcriada, no entanto Soraya pressionou os dedos no braço dela, sem fazer muito força.

— Você ainda não disse o número de nossos quartos e tampouco nos deu a chave — o sorriso de Soraya falava por si só; a leveza de sua expressão e a paciência de proferir tudo tão calmamente estavam irritando Simone.

— Oh, meu Deus. Sinto muito, senhorita. Digo, senhorita, não é? — Ele perguntou de forma galante enquanto pegava duas chaves e entregava na mão de Soraya, aparentemente seu rosto machucado não impedia o rapaz de achá-la atraente.

— Sim. Senhorita — ela respondeu, agarrando a chave e sorrindo gentilmente para ele. — Obrigada. Não precisaremos preencher a ficha de cadastro, não é? Eu realmente estou tão cansada.

— Não se preocupe com isso, eu dou um jeito — o homem piscou e Soraya voltou a sorrir.

— Fico muito grata. Estarei no vinte e dois com duas delas e minhas amigas no vinte e três — apontou para Janja e Gleisi.

— A champagne será providenciada — ele respondeu. — Como se chama?

— Mais tarde eu te falo — ela disse, jogando uma piscadela e indo em direção ao elevador. O garoto suspirou bobamente e as meninas lhe seguiram.

— Você deixou o garoto de quatro — Janja disse enquanto via Garfield subir junto no elevador.

— A champagne fica para vocês, vocês ficam com o vinte e dois, tem problema? Um presente para o casal — disse quando o elevador começou a subir.

— Quanta bobagem! — Simone resmungou baixinho.

— Não acredito que ganhou uma garrafa de champagne por flertar com ele — Samara disse, vendo as portas do elevador se abrirem ao chegarem no andar de cima.

— Acredite, eu não flertei com ele. Apenas sorri.

— Você flertou sim — Samara disse rindo. — Não pode ter tanto poder sobre um garoto sem fazer isso.

— Você reconheceria meu sorriso, na hora, se eu tivesse flertado, acredite em mim: Não flertei.

— De todo o modo, eu quero um pouco de champagne — Samara disse rindo.

— Sairemos cedo, Samara — Simone avisou com veemência.

— E daí? Quem dirige é você, querida irmãzinha — Samara disse em um tom zombeteiro, indo para o quarto vinte e dois com suas irmãs.

— Se quiser pode ir também — Simone disse enfiando a chave na fechadura. — Afinal foi seu presente.

— Não, obrigada. Eu não bebo champagne — Soraya disse, analisando o quarto assim que a porta foi aberta. Era simples o lugar, afinal era beira de estrada e não se encontraria algo melhor do que aquele hotel, no entanto era bastante aconchegante.

— Pode ir tomar um banho. Eu trouxe algumas roupas e você pode usá-las para não ter que colocar o mesmo vestido outra vez. Já a peça íntima... —Soraya sorriu com nítido divertimento por Simone ter enrubescido.

— Você é alguma espécie de virgem? Temos quase trinta anos e você corou por mencionar uma calcinha — Soraya disse rindo e Simone fechou a cara.

— Lave ela no banheiro que com este calor estará seca pela manhã.

Após ambas tomarem seus respectivos banhos e lavarem suas roupas embaixo do chuveiro, Soraya teve a ideia de juntar as duas camas, pois não queria que Simone dormisse no chão. Enfiaram um cobertor no vão dos colchões para ficar confortável e quando iriam se deitar a porta foi aberta bruscamente, tendo três mulheres alcoolizadas adentrando o ambiente.

— Samara disse que aquele quarto é assombrado — Janja disse se sentando na cama. — Eu não quero ficar lá. Imagina se algum espírito resolve aparecer enquanto estou transando?

— Ele sairia correndo de susto por te ver pelada — Simone disse, soltando uma risada rouca que encantou os ouvidos de Soraya.

— Preciso de um banho — Samara disse, indo para o banheiro sem dizer mais nada.

Soraya se permitiu analisar Simone enquanto sua atenção estava em Janja e Gleisi. Seus cabelos molhados, agora sem boné, estavam caídos por seus ombros. A garota possuía a pele bem clara e as sobrancelhas perfeitas, o nariz era gordinho e a boca deliciosa, pensou Soraya, rindo internamente de seu pensamento. Tinha quase certeza que a mulher também gostava de garotas, aquele sexto sentido dela nunca falhava.

— Ela é sempre tão quieta assim? — Soraya perguntou à Janja assim que Simone se levantou para pegar algo em sua mochila.

— Sim. Ela se faz de durona, mas é mole feito gelatina, por isso não estranhamos quando ela aceitou te dar carona.

— Ela sempre dá carona? — Soraya perguntou em um sussurro, curiosa.

— Não, ela nunca dá, mas ao ver você entendi o porquê ela deu — Janja disse com um sorrisinho no canto dos lábios e viu Soraya lhe olhar atentamente, esperando uma explicação. — Você era a mocinha indefesa e inocente em apuros — os olhos da loira se direcionaram para Simone outra vez, que usava um short colado e uma blusa um pouco larga, que quase cobria o short, chegando um pouco acima da altura de suas coxas.

— Posso não ser tão indefesa ou inocente assim — ela disse em um longo suspiro.

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