Capítulo 33

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A manhã estava fresca, os raios de sol ainda não ardiam e o vento soprava a pele como um doce beijo de bom dia vindo da mãe natureza. Os pássaros gorjeavam audivelmente e no céu não havia uma nuvem sequer, completamente azul.

Na noite anterior dormiram separadas, tomadas por um imenso desejo de estarem juntas, mas nada falaram. Foi só no meio da noite que Soraya deslizou para perto de Simone, abraçando-a por trás e formando uma conchinha.

— Então comprou o chapéu porque lembrou de mim? — Soraya perguntou.

Estavam na frente da casa onde estavam ficando, haviam acabado de chegar do shopping da cidade, com várias bolsas nas mãos e Soraya havia perguntado a Simone o porquê dela ter comprado um chapéu daquele.

— Sim — Simone respondeu honestamente, vendo Soraya se virar para ela e sorrir. — Fiquei muito ridícula com ele? — Perguntou em expectativa.

Soraya suspirou e colocou as sacolas no chão, levando as suas duas mãos até a barriga de Simone, apoiando-as na região.

— Você ficou sexy — a loira confessou, vendo um meio sorriso nascer nos lábios da maior.

Soraya se inclinou e Simone fez o mesmo, escovando seus lábios nos da loira e fechando seus olhos ao sentir seu coração disparar.

— Adorei o chapéu em você, vizinha — a voz já conhecida por Soraya a fez se afastar um pouco de Simone, vendo a mesma se virar para Anne. — Ele ficou melhor em você do que ficava em mim.

Soraya deu um breve aceno com a cabeça para Anne antes de se abaixar, pegar as sacolas e adentrar a casa sem jamais voltar a olhar para Simone.

— Obrigada, Anne. Com licença — Simone disse aborrecida, seguindo Soraya. — Sory? — Perguntou assim que adentrou o quarto, deixou as sacolas sobre a cama, mas não viu sinal da garota.

Para sua sorte, o ranger da porta dos fundos, que precisava de óleo em suas dobradiças, chamou sua atenção, fazendo-a ir até lá. Ao passar pela porta, Simone encontrou Soraya sentada nos degraus de madeira; a garota admirava as árvores e desfrutava da sensação do vento esbarrando em sua pele.

— Por que entrou assim? — Simone perguntou, se sentando ao lado da garota.

— Eu só não quis atrapalhar nada — Soraya disse tristemente e a mulher ao seu lado franziu o cenho.

— Soraya, você nunca atrapalha nada na minha vida.

— Você tem algum interesse por ela? — Perguntou realmente ansiosa pela resposta.

— Por que acha isso?

Soraya deu de ombros.

— Sei lá. Ela é toda bonitona. Foi por isso que comprou o chapéu? Para ter motivo para falar com ela? — O tom de Soraya não era acusador, era realmente curioso, ela precisava saber se Simone se interessava por Anne.

— Comprei o chapéu para ter, de certa forma, um pouquinho mais de você comigo — confessou, vendo a loira lhe olhar de soslaio. — Eu não me interesso por ela, Soraya.

— Por quê? Ela é linda.

— Eu poderia dizer que é porque ficarei aqui pouco tempo, mas não é por isso. Eu não gosto de sexo casual e já te falei isso. Você é a minha exceção nisso — Simone disse, vendo Soraya lhe fitar. — E, bem, ela não é você.

Soraya se sentia especial quando Simone falava assim, dava a entender que com ela não era só sexo casual, mas isso seria ridículo demais de se imaginar, pensou, Simone transou com ela mesmo sabendo que iria embora em poucos dias.

Seu tolo coração insistia em pregar peças, pois ela via um brilho diferente nos olhos de Simone.

Seria possível Simone também ter se apaixonado por ela da mesma forma que ela se apaixonara por Simone?

— Sory... Planeta Terra chamando uma loira baixinha linda dos olhos cor avelã — Simone disse brincando e Soraya sorriu ao sair de seus devaneios.

— Boboca — Soraya disse, vendo Simone retirar o chapéu e colocar ao lado delas.

A mão direita de Soraya, automaticamente, foi para os cabelos de Simone, arrumar alguns fios desordenados, mas logo ela escorregou para o rosto, em uma carícia calma. Simone não resistiu e se inclinou, vendo Soraya fazer o mesmo e encarar intensamente seus olhos castanhos.

Como se Simone tivesse entendido o recado, ela fechou o espaço das duas, tocando finalmente seus lábios nos de Soraya, a menor deslizou sua mão do rosto da morena para a nuca.

Simone puxou Soraya para seu colo, não com malícia, senão com saudade, tinha aquela necessidade de ter o corpo da garota o mais próximo possível do seu. Haviam se passado três dias sem isso, mas parecia uma eternidade, ainda mais por terem pensado que jamais provariam de tal sensação novamente.

As línguas se encontraram sem pressa, como se cada segundo fosse mágico, e de fato era. Soraya passou seus braços aos redor do pescoço de Simone enquanto a maior abraçava o corpo sobre si.

Terminaram o beijo com um longo suspiro de Soraya, que mordiscou a beira do lábio de Simone e começou a farejar seu rosto, inalando cada centímetro de sua pele.

— Oh, céus! Senti tanta saudade disso — Soraya murmurou ainda de olhos fechados, dando um selinho em Simone e acariciando sua nuca.

— Eu também senti — Simone disse, vendo as orbes acastanhadas se abrirem lentamente. — Pensei que nunca mais voltaria a te ver — murmurou, encostando sua testa na de Soraya.

— Eu pensei o mesmo, mas aí eu ouvi um assobio e quando olhei para trás nem acreditei no que via — dizia, como se estivesse consultando sua memória. — Céus, estava mais linda do que nunca.

—Não fala assim que eu fico fraca — Simone brincou, sentindo a garota afundar seu rosto no pescoço dela e sorrir contra sua pele.

— Você me deixa fraca só de respirar o mesmo ar que eu — Soraya disse, depositando um doce beijo na pele do ombro de Simone e logo se reclinou, voltando a fita-la. — Então sou a exceção do seu casual, hm? — Brincou rindo.

— Não. Você é o casual e por isso é a exceção — respondeu, vendo a garota sorrir e tocar seus lábios novamente com os dela.

Ficaram ali por um longo tempo, trocando beijos e carícias como duas fiéis apaixonadas. Usavam o termo "casual", não obstante, queriam ser bem mais do que isso. De fato, já eram, só não sabiam ainda.

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