Capítulo 21

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Simone sentiu seus músculos completamente doloridos, por outro lado, também estavam excepcionalmente relaxados, se espreguiçou e percebeu que não tinha acordado sozinha, senão pela cutucada em seu ombro.

— Hey, delícia... — A risadinha fina escapou por entre os lábios de Soraya assim que as orbes castanhas se abriram. — Se veste rápido... — A menor sussurrou, depositando um doce selinho em seus lábios. — Suas irmãs estão batendo na porta.... Já vai! — Gritou, finalmente.

Os olhos da morena se arregalaram e ela levantou em um pulo, vestindo suas roupas em um piscar de olhos. Ao constatar que Soraya também estava devidamente vestida, ela destravou a porta, abrindo-a e bocejando.

— Bom dia, Sisa— Samara diz animada.

— Bom dia, Sam! — Em anos, aquela foi uma das poucas vezes onde Simone empregou o "bom" junto com o "dia" para Samara, e ela logicamente percebeu.

— Se chover de novo eu vou te assassinar, sua vagabunda — Janja disse irritada. — Você nunca acorda esse horário.

— Dirigi até mais tarde ontem — Simone explicou e as três assentiram sérias, ela pegou sua escova de dentes, sua toalhinha, a garrafa de água, como em toda manhã, e saiu para escovar seus dentes.

Os três sorrisos sugestivos subitamente se abriram na direção de Soraya e então ela soube: elas ouviram Simone gemer na noite passada.

— Eu já te amo só por isso — Gleisi sussurrou fazendo Soraya corar.

— Não sei do que vocês estão falando.

— Não há razão para se envergonhar. Gozar é bom — Janja disse e Soraya ergueu a cabeça, lhe fitando.

— Não acredito que fez Simone gritar feito uma mocinha... — Samara falou baixinho, levando uma mão à própria boca para abafar uma risada. — Ela...

Samara foi interrompida por uma tosse seca de Janja e, ao se virar, viu Simone voltando. Todas se ajeitaram nos bancos, averiguando se não tinha nada sujo na parte de trás, não queriam se sujar com nada que tivesse saído de sua irmã e, no caso de Gleisi, cunhada.

— Estão muito quietas hoje — Simone disse, vendo Soraya sair para escovar seus dentes.

— Sou um zumbi antes do meio-dia. Não fale comigo — Janja disse séria e mal-humorada.

— Ainda estou com sono — Samara resmungou e Gleisi apenas se deitou sobre o peito de Janja.

Simone suspirou internamente por ver que suas irmãs e cunhada não desconfiavam de nada e abriu a tampa do isopor.

— Precisamos parar em algum canto e comprar mais gelo e mais coisas para nossas refeições.

Assim que Soraya voltou todas comeram em total silêncio, mas quando Simone terminou primeiro ela a olhou surpresa.

— Uau, estava mesmo com fome — ela disse a morena sorriu.

— Depois de ont... — Paralisou ao notar o que iria dizer, mas foi surpreendida por um grito de Gleisi.

— Céus! A porta... Vem Janja, me ajude a fechar direito! — A mulher falou, saindo rápido do caminhão.

— Samara, pode vir também sua folgada! — Janja gritou e Samara sorriu amarelo.

— Eu... estou indo. Licença meninas — e seguiu as garotas.

— O que deu nelas? — Simone franziu o cenho olhando para Soraya.

Soraya riu e encostou de costas entre as pernas de Simone, que escorou suas próprias costas na porta.

— Não sei, mas que tal me dar um beijinho gostoso de bom dia? — Soraya sussurrou, inclinando e virando um pouco o rosto para olhar para Simone .

— Elas já devem estar vindo — sussurrou de volta, a vendo se levantar um pouco e aproximar as bocas.

— Não estão não. Dá tempo de me dar um beijo — sussurrou com a boca já colada na da morena.

Simone respirou fundo, sentindo o cheirinho de hortelã da pasta de dente, mesmo Soraya tendo comido uma fruta depois de escovar os dentes, se inclinou ligeiramente e tocou seus lábios nos lábios geladinhos, macios e refrescantes. A menor introduziu a língua na boca da morena e sentiu a garota sugar seu lábio inferior com gana, antes de finalizar com um selinho.

— Precisamos ir, mademoiselle — Simone disse em um sorriso, buzinando no momento seguinte. As três garotas entraram no caminhão e começaram a conversar entre si.

Simone ligou o caminhão e começou a dirigir, deixando um sorriso enfeitar seus lábios ao sentir Soraya encostar a cabeça em seu ombro. A mais velha não resistiu e se inclinou, depositando um doce beijo na testa da loira antes de olhar para trás para verificar se estava sendo observada, encontrou as três garotas olhando para o teto e voltou a olhar para a frente.

Soraya riu internamente, não entendendo como era possível Simone não perceber que suas irmãs sabiam.

Elas não queriam contar que sabiam à  Simone porque a garota ficava bem mais à vontade quando pensava não estar sendo observada e, se dependesse delas, não contariam o que sabiam.

— Sisa, posso ligar a rádio? — Soraya perguntou.

— Claro, Sory — as três garotas vibraram internamente, afinal, era dia das quarenta mais.

— Adoro essa música! — Soraya afirmou ao ver que tocava uma música antiga que ela amava.

— Eu também — Simone disse, abrindo o vidro do seu lado e sentindo o vento esvoaçar seus cabelos e refrescar o interior do veículo. — No fundo dos meus olhos, pra dentro da memória te levei. Amor, você me tentou. Ô, Carla! — Cantarolou junto com a música.

Soraya suspirou bobamente, virando seu rosto para contemplar a vista de Simone cantando, com a voz grave e rouca.

— Sabia que o meu primeiro sobrenome é Vieira? — Ela informou animada.

— Nome muito bonito. Realmente você combina com a música. — disse gentilmente, com um sorriso nos lábios. O coro das três meninas interromperam a troca de olhares e a maior voltou seus olhos para a estrada.

— Eu te amei como jamais um outro alguém vai te amar. Antes que o sol pudesse acordar... Eu te amei, ô, Vieira! — As três cantaram, sendo acompanhadas por Simone.

Soraya sorriu diante da cena, era cômodo, confortável e gostoso estar ali entre elas. A sensação de pertencer à uma família, que ela nunca tivera, dava as caras naquela altura de sua vida. A moça sorriu tristemente ao lembrar que sua viagem estava quase no fim.

Estúpido coração e sua mania de se apegar tão rápido.

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MARATONA: 3/5

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