Capítulo 31

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— Lá está ela — Janja gritou. — Finalmente — sua fala cessou quando seus olhos reconheceram a figura loira ao lado de Simone. —Samara, corre aqui — chamou, correndo em direção à Soraya. — Bunduda, você por aqui — disse enquanto rodeou os braços ao redor de Soraya e a levantou do ar.

— Hey... Não consigo respirar — Soraya disse, fazendo Janja rir e a colocar no chão.

— Me empolguei, desculpe — ela disse sentindo algo se esfregar em sua perna. — Hey, lindão. Você está usando o presente da titia? — Ela se abaixou e pegou Garfield em seu colo. Logo o gato já ronronava feliz pela atenção de Soraya.

— O que ainda fazem aqui? — Simone perguntou. — Eu vim avisar o Malcon que já efetuei o pagamento. Pensei que já estariam no hotel.

— Não vai acreditar! Sam conseguiu que ficássemos na casa que Malcon tem. Ele aluga, mas está desocupada por agora e ele nos cedeu, se é que me entende — Janja disse sorrindo sugestivamente e a morena riu.

— Não acredito — Simone disse, vendo seu caminhão chegar naquele exato momento por um guincho.

— Só teremos que ajudar na festinha de amanhã para arrecadar fundos para crianças carentes e a casa é nossa nesses dez dias.

— Samara anda normal? Ela passa bem? — Simone brincou, levando um forte tapa em seu braço.

— Idiota — a voz de Samara preencheu o lugar, fazendo Simone olhar para trás a tempo de ver sua irmã mais velha parada ali. — Oi, Soso— disse sorrindo, abraçando-a. — Fico feliz que tenha voltado, a Simone estava insuportável.

Simone enrubesceu de imediato, limpando a garganta para tentar disfarçar.

— É que para viver com vocês tem que ter uma paciência do além e eu não tenho — Simone disse, fazendo Samara rir e franzir os olhos.

— Não jogo as verdades na sua cara porque preciso matar a saudade do meu bebê — Samara falou indo em direção ao Garfield.

— Onde fica a casa? Vamos todas nos arrumar porque precisamos comprar roupas para Soraya.

— Ficará conosco? — Samara perguntou para Soraya, vendo a garota olhar para Simone envergonhada antes de assentir.

— Compras? — Os olhos de Janja brilharam. — Eu amo demais a Soraya, meu Deus. Olha esse milagre.

— Me sigam, a casa é por aqui, Gleisi deve estar tomando banho —Samara disse animada.


[...]



— Sisa, precisamos mesmo ir hoje? — Soraya, que havia sido a última a tomar banho, perguntou coçando um de seus olhos, sua pele estava mais pálida do que o normal.

— Não quer ir? — Simone perguntou, terminando de pentear seu cabelo e se sentando na cama ao lado de Soraya, que tinha seus cabelos molhados jogados pelo ombro da sua camiseta branca que havia pegado emprestada.

— Quero, mas eu queria dormir um pouquinho antes. Posso?

Simone sorriu em consentimento e acariciou o rosto da menor. Seus olhos estavam vermelhos e ela realmente aparentava um cansaço indescritível.

— Claro que pode, Sory. Deite-se e não se preocupe em acordar logo. Durma o quanto quiser.

— Deita comigo? — Simone não conseguia deixar de se derreter em absoluto quando Soraya pedia algo com aquele tom doce e frágil.

— Deito — disse se aconchegando ao lado da garota.

— Obrigada por cuidar de mim — Soraya sussurrou, vendo Simone se virar para ela, aproveitou e levou uma mão aos cabelos pretos, adentrando seus dedos e acariciando a região.

— Obrigada por me permitir cuidar de você — Simone disse, vendo Soraya se aproximar um pouco mais de seu rosto. A figura de um anjo se igualaria à da loira naquele momento, parecia tão frágil e tão exausta, como se não tivesse mais forças para nada, mas como se ao mesmo tempo fosse forte o suficiente. — Sory... Doeu muito o que aquelas mulheres fizeram com você?

— Doeu mais no coração do que na carne. Eu não fiz nada para elas, só pedi ajuda — sua voz carregada uma pitada de dor e isso estraçalhava o coração de Simone.

— Você é tão preciosa — Simone murmurou, levando uma mão ao rosto de Soraya e acariciando a pele macia. — Durma, baixinha. Eu não vou sair até que acorde.

Soraya assentiu, sentindo suas pálpebras pesarem ainda mais sob o toque do carinho de Simone.

Os dedos de Simone desceram para a nuca de Soraya e subiram para seus cabelos, fazendo o carinho que a garota tanto amava, com isso a loira dormiu em menos de três minutos, se aninhando no corpo da mulher com um gato carente.

— Parece que este quarto vai ficar para vocês — a voz de Gleisi, que estava encostada no batente da porta, foi baixa e doce, porém assustou Simone mesmo assim, ela não sabia que estavam sendo assistidas.

— Não sei se ela quer que eu durma com ela sempre — Simone disse, vendo Gleisi fazer uma careta.

— A casa tem três quartos, um para Janja e eu. Sobram dois.

— Posso dormir com Sam caso Soraya...

— A garota morre por você — Gleisi interrompeu, vendo que Simone ainda não tinha cessado os carinhos no cabelo de Soraya. — E eu sei que você morre por ela. Para que complicar?

— Não estou complicando nada. Só respeito Soraya e se ela não quiser que eu durma aqui eu acatarei seu pedido. Eu e ela não falamos sobre, huh, sobre nós duas ainda.

— Não deram nenhum beijinho? — Gleisi brincou e Simone negou.

— Eu queria, mas minha prioridade era ela segura e bem, Glei. Ela tem passado por coisas difíceis na vida. Não quis ser egoísta.

Gleisi sorriu orgulhosa.

— Você, definitivamente, merece alguém que te dê todo o valor do mundo, porque você é maravilhosa, cunhada — disse comovida. — E eu espero, de todo o meu coração, que seja ela, porque eu adoro o casal que vocês formam.

— Obrigada, Glei— Simone agradeceu, olhando para o rosto delicado de Soraya, a garota ressonava tranquilamente, a fazendo suspirar bobo. — Eu devo confessar que eu também gosto do casal que formamos.

Gleisi sorriu, se desencostando do batente da porta.

— Eu sei, Sisa — e saiu, deixando Simone se perder em pensamentos enquanto admirava Soraya dormir.

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