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   Um mês se passou, foi um mês que eu passei dentro de casa, criei uma rotina só minha! Tomava café da manhã cedo, às vezes sozinha e outras com o Jv.

   Fazia a minha cardio pelo morro com a Hera que estava enorme já, chegava em casa fazia todos os exercícios que o personal tinha me passado.

   Cheguei até a gravar conteúdos para eu ir postando aos poucos nessa volta e ficava o tempo todo na piscina, meu pai está esse tempo todo sem falar comigo e proibiu Mr e o Guga de virem aqui.

- Vamos na rua, filha? - mexi com a Hera que veio abanando o rabo - Boa garota.

   Ajeitei a roupa de academia que eu estava e coloquei a coleira na Hera pra irmos dar a corrida matinal. Normalmente eu ia correndo até o topo com ela e voltava caminhando, mas hoje eu resolvi fazer o contrário.

   Fui descendo na maior paz e calma com ela que até me olhou sem entender, fui com ela até a barreira, acenei para os meus tios que sorriram de volta e afrouxei a guia pra ficar mais fácil na hora de correr.

   Dei play na música que queria e começamos a correr, mas no meio do caminho a Hera se agitou bastante e fez de tudo pra eu soltar ela mesmo eu acompanhando a corrida dela.

   Fiquei completamente assustada que ela deu uma puxada tão forte que soltou a guia da coleira e foi correndo numa direção que eu nunca fui com ela.

- HERA! - gritei correndo atrás dela e ouvi gritos.

- SAI, SAI! - uma garota gritou - TIRA ESSE BICHO DE PERTO DE MIM, TIRA!

   Parei perto da whiskeria e quando fui pra frente da porta a Hera estava agarrada na perna de uma das meninas que trabalha lá, todo mundo olhava assustado, vi o Mr tentando soltar e nada.

   Entrei indo na direção delas e passei meus braços pela Hera e nem precisei falar nada, ela soltou a perna da menina que tinha uns cinco furos e ficou mostrando os dentes rosnando baixinho pra garota.

- É MALUCA DE DEIXAR ESSE MONSTRO SOLTO? - gritou me encarando - EU VOU LEVAR ISSO PRA BOCA!

- Vai dar em nada e se der, pouca coisa. - dei de ombros - Ela só avança em quem é ameaça.

- Tá se sentindo ameaçada, Moana? - me chamou pelo vulgo e soltei a Hera que ficou do meu lado - Só se garante por causa desse cachorro aí!

- Tá com algum problema comigo? - perguntei na paz e ela levantou com dificuldade - Por que se tiver, te mostro o motivo do meu vulgo ser Moana!

   Hera tentou avançar de novo, mas eu fiz sinal pra ela sentar, ficou quieta, mas bolada! Dava pra ver no olhar dela que queria arrancar alguma parte da garota e sei muito bem que a minha filha não cisma atoa.

- Tira ela daqui, precisa voltar pra trabalhar não. - Mr falou puto vindo pro meu lado e a garota riu.

- Vai me demitir por causa dessa garota aí? - perguntou e tudo o que eu aprendi sobre paciência e calma estava indo pelo ralo - Bem que falaram que ela era marmitinha sua e do Guga.

   Mr olhou pra ela assustado e eu não pensei duas vezes, eu precisava descontar tudo o que senti esses dias, dei o primeiro soco fazendo ela sair e não dei tempo pra ela reagir, o bom de saber bater é esse.

   Ela só conseguia puxar meu cabelo e tentar me afastar, quando dei uma afastada pra socar com mais força o nariz dela, senti a porrada no meu estômago me fazendo cair pro lado.

   Quando ela tentou vir por cima, passei minhas pernas pelo seu pescoço e puxei seu braço, começaram a gritar de que eu ia matar ela e eu não estava me importando com o que iria acontecer, só fui apertando mesmo sentindo uma dor fodida.

   Ouvi só os roncos das motos e meu padrinho foi o primeiro a entrar seguido do tio Fael, Tunin, meu pai e o HL, todos eles me olhavam surpresos, principalmente o meu pai, que eu não via desde que me proibiu de sair desse morro.

- Diz aí agora na frente deles o que falou de mim, diz! - falei afrouxando minhas pernas, ela olhava pra eles começando a chorar e olhei também - Ta se fazendo de vítima porque, um deles está te comendo, né?

   Deixei ela ali e levantei ajeitando meu short que tinha subido muito e coloquei a guia na coleira da Hera, senti minha barriga e peito doerem de novo e o Mr veio pra perto.

- O que tu tá sentindo? - perguntou e neguei jogando o cabelo pra trás - E eu não te conheço não, pô.

- O que você tem? - ouvi a voz de preocupado do meu pai e ignorei passando por eles fazendo ele pegar minha mão - Falei com você, filha.

- Esses dias que eu fiquei sozinha você não se preocupou, porque agora? - perguntei olhando pra ele antes de puxar minha mão - Eu sei me virar, me ensinou certinho a ser como você.

   Saí de lá e voltei a correr com na Hera, a rua estava lotada! Cheguei em casa indo direto pro banho, quando estava me lavando quando senti algo quente nas pernas e me xinguei mentalmente por ter que me lavar de novo por conta do xixi, mas comecei a sentir um pouco mais de dor.

   Desliguei o chuveiro e peguei a toalha me secando, quando fui por a calcinha vi que escorreu um pouquinho de sangue, coloquei um absorvente e tomei remédio pra dor.

   Limpei a Hera já que estava com sangue ao redor do focinho e deitei na cama, chamei ela pra deitar também e colocou a cabeça apoiada na minha barriga como sempre fez.

   Dormi um pouco e acordei com a dor um pouco mais forte, senti a Hera lamber minha barriga e peguei meu celular que estava tocando, vi o nome do Jv e atendi.

- Onde você tá? - perguntou preocupado.

- Em casa, aconteceu alguma coisa? - perguntei e ele gaguejou - O que foi, Jv?

- Sei lá, pensei em você o dia todo. - falou e eu até zoaria, se não tivesse dado um gritinho - O que foi?

- A mãe ainda tem aquele remédio pra dor? - perguntei.

- Quer ir no médico? - perguntou - Acho melhor, tu não é de sentir dor assim.

- Tá bom, mas não fala pra ninguém. - falei e ele riu nervoso.

- Tu tá proibida de sair, irmã. - falou o óbvio e coloquei no viva voz.

- João Vitor, pra ninguém! - falei alto.

   Como eu estava de calcinha e blusão, só tirei ele e coloquei um vestido, peguei a bolsa com os documentos e beijei a Hera que queria ir comigo.

   Jv já entrou avisando que pegou o carro da nossa mãe emprestado e entrei no banco da frente me escondendo no espacinho de ficar as pernas e senti ele jogar umas coisas em cima.

- Pensa que vai aonde? - ouvi a voz do tio Fael - Irmão tá sabendo?

- Conhece ele, sabe que não vai deixar. - falou rindo nervoso - É uma gatinha ai que estou indo buscar tio.

- Vou liberar dessa vez, tu vigia. - falou.

   Jv saiu voado dali e tirou as coisas quando estávamos longe o suficiente, senti mais dor e passei a mão na barriga, senti ela murcha e levantei o vestido olhando, olhei pro Jv e ele me olhava com o maior olhão.

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