Seattle?

323 56 38
                                    

Márcio: Andei conversando com a sua mãe, nossa viagem a Seattle está chegando — Ele diz depois de um tempo calado.

Eu: Eu não vou, tenho uma equipe para treinar — Ele dá de ombros.

Márcio: Sim, você vai. Você não tem escolha, iremos todos juntos, Hugo também vai — Ergo a sobrancelha já pensando na possibilidade da insuportável da Sophia ir também — Só nós quatro!.

Eu: Eu não quero ir em viagem de negócio — Protesto.

Márcio: Você quer sim, você ficar no Brasil não é uma opção — Abro a boca para responder, mas ele me corta — E sem mais, Carla, já está decidido — Bufo — Vamos jantar!.

Fomos para o restaurante que o meu pai costuma frequentar e depois voltamos para casa. Esse passeio não foi bem como esperei, uma parte me agradou, porém, por outro lado, não foi tão agradável assim. Eu já sabia dos sentimentos do meu pai por mim, sempre soube que sou rejeitada, mas ouvir ele dizer abertamente me atingiu em cheio me deixando em mil pedaços.

"Eu olhava pra você com nojo e desejei com toda a minha força que Deus voltasse no tempo e levasse você no lugar do Marco"

Isso ficava martelando a minha cabeça o tempo inteiro, essa fala dele, esse desprezo sendo direcionado a mim me deixou com o estômago embrulhado, não consegui comer nada além de uma salada. Márcio voltou ao assunto "Seattle", revirei tanto os olhos ao ponto de ficar com tontura, segundo ele, não será viagem de negócios e sim viagem de família, obviamente eu estranhei.

Eu: Viagem de família?, não sei o que é isso, e aliás, Hugo é um Mendonça e não um López!.

Márcio: Hugo é praticamente o seu tio, merece estar nessa viagem. E outra, ele precisa ficar um pouco longe da Sophia, ela está enlouquecendo ele — Reprimo um sorriso.

Eu: Ele nem gosta dela, ele é muito homem pra ela — Vejo ele me olhar desconfiado e eu acabo gaguejando — Digo, ela se comporta como uma adolescente mimada e ele já tem postura exemplar de um homem sério — Autocrítica, gata?

Márcio: Sei que ele não gosta dela assim, conheço o meu amigo, mas se estão juntos, motivos tem!.

Eu: E você sabe quais são? — Ele nega e por incrível que pareça, enxerguei sinceridade nele.

Márcio: A vida amorosa da sua prima não me interessa, só não quero confusão com o meu nome. Se quiser levar a Luísa, fique a vontade, ela é como a sua irmã mesmo!.

Eu: Ah que bom, pelo menos com ela lá eu não fico no tédio eternamente — Sorrio e ele assente — Já imaginou o Hugo se envolvendo com uma garota de dezenove anos, pai? — Ele me encara erguendo a sobrancelha e estranhando a pergunta repentina — A Sophia tem a mentalidade de uma, então é fácil de se imaginar!.

Márcio: Chega de falar da Sophia, por favor!.

Eu: Se fosse eu no lugar dela, pai, nos apoiaria como apoia aqueles dois? — Fixo o meu olhar no dele.

Márcio: Que assunto é esse, Carla López? — Ele larga a taça de vinho.

Eu: Responda. Apoiaria ou não?.

Márcio: Você e Hugo é o cúmulo do absurdo, eu nunca o perdoaria por tocar em você — Sinto o meu coração errar uma batida — Eu confio nele de olhos fechados e sei que ele não me trairia nesse nível, ele sabe que por mais que exista nossas desavenças, você é a minha menina, minha única filha. Você só tem dezenove anos, seria como um tiro no meu peito ver um cara que confiei o bem estar da pessoa que carrega o meu sangue a ele, ele nunca mais olharia na minha cara!.

O Fruto ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora