O dia de hoje foi uma montanha russa, completamente diferente dos dias "normais" que vivo. Olhando o meu lado, para mim, as vezes se torna fácil dizer para Luísa tudo o que sinto, tudo aquilo que me magoa e me fere profundamente, e ver que ela sempre tá ali para me escutar e me acalmar, me faz esquecer que ela também tem sentimentos. Nunca imaginei que as coisas que me atinge, atinge duas vezes pior nela. Me destrói, destrói ela também, e o pior é que ela aguenta as dores dela e as minhas dores tudo calada, Luísa não é de se abrir muito e ouvir ela dizer aquelas coisas e chorar por me ver chorar foi, terrivelmente, a pior coisa do mundo.
Como eu nunca percebi que mato ela por dentro toda vez que desmorono na frente dela?.
Sempre foi tudo sobre mim, na nossa amizade eu sempre fui a protagonista do drama, eu desabafo e ela me escuta. Ela me protege de tudo e eu fico sempre na defensiva, ela está sempre disposta a me salvar sem se importar com a hora ou o lugar onde ela está, Luísa larga tudo e todos para simplesmente me ouvir chorar de soluçar, mas e eu?, qual é o meu papel nessa amizade se não percebo o mínimo?.
**** Enfim. Meu pai me trouxe a um lugar inusitado, no começo não entendi muito bem, porém, depois fui compreendendo a proposta do rolê. Estávamos em um jardim imenso e ao invés de flores, tinha brinquedos quebrados, muitos aliás, e estavam todos super organizados e ainda tinha um pequeno lago com alguns animais marinhos de brinquedos dentro só para enfeitar.
Eu: Que brega — Digo rindo e secando a lágrima que me escapou — Tem até um parquinho de brinquedo aqui — Aponto.
Márcio: Eu disse que tinha um lugar reservado para todos os brinquedos quebrados, não disse? — Ele pisca para mim.
Eu: Disse sim — Mostro um sorriso sincero para ele — A quanto tempo tem isso aqui?.
Márcio: Desde sempre, isso aqui foi ideia do seu irmão — Desvio o olhar — Sempre venho para cá quando quero esfriar a cabeça, foi uma ideia genuína que ele teve. Esse lugar era para ser uma surpresa pra você, ele queria deixar tudo pronto antes de te contar, sabe?, coisas de criança — Olho para cada detalhe daquele lugar ainda processando a informação e sinto aquela famosa dorzinha no peito — Esse aqui seria o cantinho de vocês dois, bem melhor ter um espaço que é a cara de vocês nessa empresa — Vejo ele sentar no chão.
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Eu: Por que nunca me contou? — Pergunto num sussurro e ele suspira.
Márcio: Achei que não valia a pena!.
Eu: Como não?, era uma surpresa do meu irmão para mim, seria o meu lugar — Ele abaixa a cabeça.
Márcio: Depois da morte dele, para mim nada mais valia a pena, esse lugar virou o meu refujo, é onde eu me sinto bem e próximo a ele. Tomei a decisão de te trazer aqui hoje porquê senti que já estava na hora, você é a minha filha também, e isso aqui está no seu nome, te pertence!.
