A roleta

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Boa leitura babies ;)

Ela mordera parcialmente o lábio inferior e deslizou as pontas dos dedos indicador e polegar sobre a área lisa do teclado aumentando a imagem novamente, mais um pouco enquanto a fitava com seriedade pela tela do notebook, por mais que tentasse encontrar qualquer peculiaridade que houvesse deixado passar das outras vezes, ainda era apenas Hueningkai pendurado pelo pescoço, ela havia tirado aquela foto aproveitando-se do rebuliço e falta de atenção das pessoas, entretanto, não a estava ajudando.

A jogadora esfregou os olhos durante um suspiro longo e desligou o notebook, o guardou, levantou-se da cama sabendo bem onde, de acordo com seus instintos e investigação, deveria ir, ao adentrar na biblioteca, a encontrou numa das mesas, havia um livro aberto, ela o encarava, mas seus olhos não corriam pela página, estavam estáticos.

Ela sentou-se ao lado da loira que, apesar de sentir sua presença, manteve-se como estava, ela meteu a mão num de seus bolsos e de lá tirou uma barra de chocolate que empurrou na direção da garota, após pô-la sobre a página do livro, apenas então a garota a olhou e a encontrou sorrindo.

— Soube que você quer fazer testes para o time feminino de futebol.

Bahiyyih pegou a barra, incerta.

— Não tenho mais tanta certeza, meu irmão me incentivou e disse quão sou boa, que comemoraríamos quando eu passasse no teste porque ele estava convicto de que eu passaria e iria assistir todos os jogos, mesmo se eu estivesse no banco, agora eu não me enxergo fazendo nada disso sem ele.

Seu olhar brilhou com o embaçar causado pelas lágrimas apenas ao se referir ao irmão.

— Eu entendo sua indecisão, você está indo à terapia oferecida aqui?

— Você é mesmo legal como dizem que você é. — Ela a respondeu com um pequeno sorriso triste. — Estou. Mas eu não queria isso, nada disso, eu só queria o Kai de volta.

— Desculpe se minha pergunta soar indelicada. — Lisa adiantou-se. — Mas ele deu sinais de que cometeria suicídio.

Bahiyyih sorriu desgostosa.

— Isso é besteira. — A olhou outra vez. — Kai era a pessoa mais vívida que eu conhecia, se a vitalidade pudesse ser uma pessoa, ela seria o meu irmão, ele tinha planos, ele era feliz, ele era como uma pílula de ânimo, todos que são próximos a ele sabem disso, além disso, ele me confidenciava tudo, mesmo quando estava triste, no final ele ficava tipo "mas isso vai passar" ou "vou sair dessa", sempre minimizando para que eu não me preocupasse demais. Ele nunca me contou sobre pensamentos suicidas, essas pessoas não pedem socorro indiretamente antes de cometer isso? Seja como for, eu não acredito que ele tenha tirado a própria vida.

A conversa era mantida num tom baixo, as duas compreenderam institivamente que não era de bom tom tê-la alta.

— Você está insinuando que seu irmão foi assassinado? — "Bingo", pensou Lisa antes de indagá-la.

— O que eu não entendo é porque ninguém mais está insinuando isso, meu irmão e os outros bolsistas foram ameaçados abertamente no refeitório por aquele papel que você arrancou de uma das mesas, não é óbvio?

— Eu confesso que pensei como você, mas algo não se encaixa, esse grupo de criminosos sempre reivindica o que faz, não foi o caso do seu irmão. — Ela observou.

— É. Não é o caso, mas eu tenho uma teoria para isso, assassinato é uma coisa mais séria do que intimidação e se eles querem se livrar de todos os bolsistas vão querer livrar o caminho o quanto puderem e forjar um suicídio é uma ótima forma de continuar se livrando dos raptados.

Uma dose de amor para duas apostadoras • Jenlisa • ChaesooOnde histórias criam vida. Descubra agora