Capítulo 1

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       Prólogo         

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       Prólogo         

                                          Yuji

_ Venha aqui, garoto! - A voz do meu padrasto trovejou pela casa.

Imediatamente meu estômago se revirou. Aquela angústia nauseante que surgia quando eu estava perto dele, sabendo o que faria comigo, era constante em minha vida.

Levantei-me lentamente da cama 'e pus de lado, com todo o cuidado, o livro que estava lendo - ou tentando ler. Minha mãe ainda não tinha voltado do trabalho. Já era para ter chegado. Eu não deveria ter voltado da biblioteca tão cedo. Um homem e sua filhinha tinham vindo até mim quando eu olhava os livros infantis ilustrados. Ele começou a falar comigo e perguntou meu nome. Queria saber se eu estava pegando um livro para minha irmã mas nova.

O constrangimento que me veio com aquela pergunta me lembrou de minha estupidez, como sempre.

- Garoto! - rugiu meu padrasto.

Agora ele estava com raiva. Meus olhos arderam com as lágrimas não derramadas. Se ele ao menos só me batesse, como costumava fazer... Quando eu era mais novo e trazia meu boletim com notas baixas. Se ele só me xingasse e me dissesse o quanto eu era imprestável... Mas não. Até um tempo atrás, tudo o que eu queria era que ele parasse de me bater.

Odiava aquele cinto, e os vergões que ele deixava nas minhas pernas e no meu traseiro doíam quando eu sentava na cadeira.

Então um dia ele parou. E imediatamente eu desejei que ele voltasse a me bater. A ferroada do cinto era melhor do que isso. Qualquer coisa era melhor do que isso. Até mesmo a morte.

Abri a porta do meu quarto e respirei fundo, lembrando a mim mesmo que eu podia sobreviver a qualquer coisa que ele fizesse. Eu estava economizando o dinheiro das faxinas que fazia e logo iria embora dali. Minha mãe ficaria feliz quando eu fosse embora dali. Ela me odiava. Fazia anos que me odiava.

Eu era um fardo para ela.

Puxei a camiseta para baixo e coloquei dentro da bermuda. Então puxei a bermuda para baixo, para que cobrisse minhas pernas o máximo possível. Na verdade, era inútil. Eu tinha pernas compridas, difíceis de cobrir. No brechó, nunca havia shorts compridos o suficiente.

Faltava pouco para minha mãe chegar em casa. Ele não faria nada correndo o risco de ser flagrado por ela. Mas eu me perguntava, caso isso acontecesse, se ela não me acusaria e diria que a culpa era minha. Ela já tinha me culpado pela maneira como meu corpo havia mudado quatro anos atrás. Meu peitoral tinham ficado mas definidos, e ela dizia que eu precisava parar de comer por que minha bunda estava gorda. Tentei parar de comer, mas isso não ajudou em nada.

Minha barriga havia ficado lisa, o que só fizeram meu peitoral parecerem ainda mas definido e maiores. Ela detestava isso. Então voltei a comer, mas a barriga gordinha nunca mais apareceu. Certa noite, quando passei pela sala vestindo uma calça de moletom cortada e uma camiseta, indo tomar leite antes de dormir, ela me esbofetou e disse que eu parecia um puto. Mais de uma vez ela disse que eu era um puto burro que não tinha nada além de aparência para chegar a algum lugar na vida.

À Sua Espera (Sukuita)Onde histórias criam vida. Descubra agora