Yuji
Panda apareceu na manhã seguinte para me dizer que avisara ao trabalho que estava ausente por motivo de saúde pelo restante da semana e que, para escapar do horror da noite anterior, ia fazer uma viagem.
Ele não tinha conseguido dormir e estava choroso. Sua preocupação principal era como eu ia chegar ao trabalho. Embora eu lhe garantisse que podia ir andando, ele disse que não seria capaz de relaxar e desligar a cabeça de tudo se estivesse preocupado com o fato de eu ter que ir a pé até as casas. Assim, havia combinado com o cara em quem confiava para ir me pegar e levar para o lugar em que eu trabalhasse no dia.
Ele me garantiu que o conhecia desde sempre e que ele era um amigo de confiança do Sr. Kerrington. Tive que prometer a ele que pegaria carona com seu amigo, Geto, antes que ele partisse. Como estava preocupado com ele, concordei. Mas não era algo que eu quisesse fazer, de jeito nenhum. Preferia mil vezes pegar um táxi. Mas Panda se recusou a aceitar isso.
Portanto, ali estava eu, diante do meu apartamento, esperando um "BMW preto com rodas prateadas reluzentes que você não terá como não ver ". Panda também disse que Geto tinha cabelo preto comprido, e que o lugar ideal para ele parecia ser em cima de uma prancha de surf.
Uma fita amarela do tipo que a polícia usa para isolar uma cena de crime cercava a porta e a calçada três portas adiante. Eu me encolhi sem pensar no horror que acontecera ali. Panda vira tudo. Eu também estava preocupado com ele. Como ele poderia esquecer aquilo e dar continuidade à vida?
Na noite anterior, eu havia adormecido quando Sukuna me deixou esperando. Aquilo realmente me surpreendeu. O simples fato de saber que ele estava ali e não ia me deixar foi suficiente para me fazer relaxar. E também houve a estranha conversa sobre o que vestíamos para dormir.
Ele dormia nu. A imagem daquele homem nu me excitava. E ia ser estranho quando eu tivesse que vê-lo outra vez.
Era mesmo difícil de não reparar no sofisticado BMW preto que chegou ao estacionamento. Mesmo sem ver as rodas ou o motorista moreno no interior, eu sabia que era ele ninguém nesse condomínio tinha um carro como aquele. Botei minha mochila no ombro e respirei fundo. Panda não mandaria alguém perigoso para me pegar. Eu podia fazer isso. Podia, sim.
A porta do carona se abriu, e um cara alto, cujo o cabelo preto, liso que ia até às um pouco abaixo dos ombros, sorriu para mim. Ele usava óculos escuros, de modo que eu não podia ver seus olhos. No entanto, ele parecia seguro. Seu sorriso era amigável, e - tornei a me lembrar - Panda confiava nele.
- Você é Yuji? - perguntou ele.
Fiz que sim com a cabeça e desci da calçada, indo para o carro.
- Só o Panda mesmo - disse Geto, balançando a cabeça e rindo. Não perguntei o que aquilo queria dizer.
- Obrigado por me levar. Eu pago a gasolina - garanti, entrando no carro.
Geto franziu a testa.
- Ah, não vai pagar, não. Vou levar um garoto bonito pro trabalho e para casa.
Não fiquei tenso quando ele me elogiou. E isso era um bom sinal. Eu estava melhorando. Nem todos os homens eram maus. Panda, Sukuna e o Dr. Munroe tinham me ensinado isso. Também havia a maneira como Gojo Satoru adorava o marido e o filho. Minha opinião sobre os homens estava mudando. Quanto mais tempo eu ficava em Tókio, mas via o lado bom da humanidade.
- Panda pediu a você que me levasse até o Kerrington Club? Posso andar a partir dali.
Ultimamente Panda estava me levando até as casas em que eu trabalhava em vez de me deixar ir a pé. Era algo que eu sabia que Sukuna tinha lhe pedido que fizesse.
- Pediram que eu o levasse à casa de Nannette hoje. Ouvi dizer que ela estará de volta em duas semanas. Ah, que alegria - disse Geto, me olhando como se eu entendesse o que ele estava falando.
Eu nunca tinha visto Nannette, mas pelo que todos, incluindo o irmão, diziam sobre ela, eu não estava certo se ia querer conhecer ela. Gostava de limpar a casa dela. Precisava daquele trabalho. Mas começava a ficar apavorado com ela. Teria que contar sobre o espelho quando ela retornasse. E temia esse momento.
- Acho que não estou ansioso para conhecê-la - admiti para Geto. - Parece que ninguém gosta muito dela.
Geto deixou escapar uma gargalhada.
- É o eufemismo do ano.
Ah, puxa. Desejei com toda força que ela pudesse simplesmente ficar em Paris para sempre.
- Você ouviu aqueles tiros na noite passada? - perguntou Geto, mudando de assunto. - Ver as fitas na cena de crime é assustador.
Concordei e afastei a lembrança da noite passada.
- Sim -foi minha única resposta.
Então concentrei a atenção no lado de fora. Não queria falar dos tiros.
- Desculpe se ela era sua amiga ou coisa assim. Não quis ser desrespeitoso.
Continuei olhando pela janela.
- Eu não a conhecia - falei.
Então ele ficou quieto. Provavelmente eu deveria ter falado alguma coisa e não deixado aquele silêncio constrangedor, mas eu não sabia o que dizer.
Quando ele passou pelo portão de Nannette e seguiu o caminho que levava até a entrada da casa, eu me senti aliviado. Ansiava por fazer minha faxina e aproveitar aquele tempo sozinho e sossegado.
- Pego você aqui por volta das três.
- Obrigado.
Por mais estranho que fosse pegar carona com um desconhecido, era bom chegar ao trabalho mais rápido.
Geto me dirigiu um sorriso torto.
- Sem problemas.
×××
Naquela noite, contei a Sukuna sobre Panda ter viajado e Geto ter me dado carona. Ele não pareceu animado, mas não lhe perguntei por quê. Éramos amigos, nada mais. Em vez disso, li dois capítulos para ele. Pouco antes de desligarmos, ele perguntou se eu já estava de pijama.
- Sim - respondi, olhando para a calça moletom cortada e a camiseta.
Ele suspirou e então riu.
- Desculpe. Não pude evitar. Boa noite, Yuji.
- Boa noite, Sukuna.
- Bons sonhos.
Ele não tinha ideia de quanto seriam bons.
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À Sua Espera (Sukuita)
Fanfic!!A conta que essa fic estava postada era minha, mas eu não consegui mais entrar!! Sukuna sempre havia preferido a vida simples em seu rancho no Texas à agitação do mundo do pai no Japão. Na verdade, ele quase nunca visita o famoso astro do Rock. ...