Capítulo 22

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    Sukuna      

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    Sukuna      

A expressão destroçada e aterrorizada no rosto dele me deixou fisicamente mal. Eu nunca iria querer ser a razão para que uma sombra baixasse sobre ele.

- Por favor, Yuji, olhe para mim. Nos meus olhos. Concentre-se em mim. Em nada mais - encorajei-o, enquanto segurava suas mãos com firmeza, permitindo que mantivesse certa distância entre nós.

Meu impulso inicial tinha sido apertá-lo com força nos braços e ficar assim. Mas aquele olhar me deteve. Ele piscou várias vezes, e seu olhar foi clareando à medida que ele fazia o que pedi. Ele estava de volta para mim. Os demônios que o atormentavam tinham sido afastados.

- Desculpe - murmurou, com a voz cheia de emoção.

- Não. Nunca se desculpe. Nada é culpa sua. Comigo você não tem que pedir desculpas.

Seus ombros se curvaram, num gesto de derrota, e ele parecia estar à beira das lágrimas. Eu não ia deixar que isso acontecesse. Não agora. Não depois de ele ter me dado tanto, ter confiado tanto em mim.

- Posso só abraçar você? Nada além disso. Só me deixe abraçar você.

Era para ser uma pergunta, mas soou como uma súplica.

Ele assentiu e deu um passo em minha direção. Eu o puxei para mim e o abracei. Lentamente seus braços deslizaram pela minha cintura e ele se agarrou em mim com força.

Não falamos nem nos mexemos. Apenas ficamos ali, abraçados, por vários minutos enquanto eu me certificava de que ele estava aqui e ia ficar bem. Eu estaria ali, ao lado dele, até isso passar. O que quer que fosse isso.

Dei um beijo no topo de sua cabeça e então encostei minha bochecha em seus cabelos pequenos sedosos. O cheiro de creme e canela que eu adorava me envolveu, e fechei os olhos, desejando poder apagar tudo de mau que já lhe acontecerá.

- Eu o odeio. Não sei quem ele é, mas o abomino com todas as minhas forças - murmurei junto ao seu cabelo.

Ele ficou tenso em meus braços por um instante, e então seu corpo relaxou enquanto ele me agarrava mais forte, como se buscasse segurança e conforto em mim. Eu podia dar isso a Yuji. Mesmo que ele não estivesse pronto para que eu lhe desse outras coisas, eu podia lhe dar paz.

- Está tarde. Você precisa ir para cama - falei, desejando apenas me deitar naquela cama com ele. Mesmo que fosse apenas para dormir.

- você... você vai ficar comigo esta noite? - pediu contra o meu peito.

- Não há outro lugar que eu queira estar.

Ele se afastou e eu o deixei ir. Ele foi até a cama, puxou as cobertas e enfiou-se embaixo delas. Então deu tapinhas no lugar ao lado dele.

- Durma aqui. Ao meu lado.

O desejo dele era uma ordem. Deitei-me ao seu lado, mas me mantive sobre as cobertas. Como estava totalmente vestido, não precisava mesmo me cobrir. Estendendo o braço, olhei para ele, deitado de lado, me observando.

- Venha aqui - chamei, e ele imediatamente se aninhou no meu braço.

Passei o braço em torno do ombro dele e o mantive junto a mim.

Olhando para o teto, me perguntei como voltaria para casa no domingo de manhã. Deixá-lo não seria fácil. Não gostava da ideia de ele ali sozinho.

A necessidade de protegê-lo se tornara uma coisa arraigada e possessiva dentro de mim. Eu pensava nele o tempo todo e tudo o que eu desejava era que ele estivesse em segurança. Queria ele comigo. Não queria que mais ninguém o tocasse ou confortasse. Apenas eu.

Eu deveria resolver os problemas dele. Era eu quem deveria abraçá-lo quando ele chorasse. Ficava louco só de pensar em outra pessoa fazendo por ele algo que eu deveria estar fazendo.

Esse garoto estava me deixando maluco. Com ele, eu ficava sem chão.

Eu não sabia por que tinha essa necessidade insana de pegá-lo e fugir com ele. Isso não podia ser saudável. Eu sempre fora protetor com Megumi e minha mãe. Mas fora eles dois, ninguém era tão importante assim para mim.

Até agora. E Yuji tinha um espaço só dele em minha vida.

Por que ele? Por que me afetava assim? Já tinha visto corpos sensuais e sorrisos lindos antes. Era mais que aparência física. Mulheres e garotos bonitas só me interessavam para uma coisa. Yuji tinha alcançado algo mais profundo em mim e segurado com firmeza, desde o momento em que entrei na sala de jogos e o encontrei sentado no chão cercado de cacos de vidro.

Na verdade, eu ficara puto com o espelho, por tê-lo machucado. Quem fica puto com um objeto?

- Sukuna? - Sua voz suave soou junto ao meu peito.

O sangue em minhas veias se aqueceu e correu mais rápido com o som do meu nome em seus lábios. Ao menos era a sensação que eu tinha. Meu corpo todo reagia a ele.

- Sim - respondi, enrolando delicadamente um cacho de seu cabelo sedoso no dedo.

- Foi meu padrasto - falou, tão baixinho que eu quase não escutei.

Tudo dentro do meu peito pareceu se revolver até formar nós. Doía respirar. Santo Deus, aquilo doía muito. Tive que forçar o ar para os pulmões enquanto a realidade do que ele acabara de admitir se assentava.

Uma raiva diferente de tudo o que eu experimentara  até então me tomou e pela primeira vez na vida eu desejei matar um ser humano. Não, queria torturá-lo lentamente antes. Ouvi-lo gritar em agonia. Depois, sim, ia assistir à morte dele.

- Sukuna? - A voz de Yuji me chamou outra vez e eu inspirei profundamente, colocando de lado a vingança e o ódio que sentia por um homem que eu não conhecia.

Meu garoto precisava de mim agora. Ele não precisava me ver perdendo a linha. Ele havia me confiado aquilo.

- Sim, gato - respondi.

- Eu odeio ele também.

Aquelas quatro palavras acabaram comigo.

- Vou fazer você esquecer isso tudo. Juro por Deus que vou, Yuji. Um dia, tudo que você vai lembrar é de mim e de nós juntos. Eu juro.

Ele virou a cabeça e beijou meu peito, e então se aconchegou mais em mim.

- Eu acredito em você.

À Sua Espera (Sukuita)Onde histórias criam vida. Descubra agora