Capítulo 7

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   Yuji         

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   Yuji         

Foi muito constrangedor.

Megumi era o "querido" com quem ele estava conversando na noite anterior. Ele falou algo sobre ele não ter conseguido ir vê-lo ontem à noite, o que me fez sentir culpado. E agora ali estava eu outra vez, atrapalhando a visita dele. Sukuna obviamente adorava o irmão, e Megumi  o adorava. Eu não tinha irmãos e nenhuma ideia de como deveria ser esse sentimento.

- Toji ligou para você? - perguntou Sukuna, olhando para o irmão antes de pegar o sanduíche no prato e morder.

Ele sorriu, tenso, e assentiu.

- Sim. Não está sendo fácil para ele ficar longe.

- Estou surpreso que ele tenha conseguido por tanto tempo. Você vai visitar sua mãe?

Megumi franziu a testa e olhou para o prato. Algo definitivamente não estava bem. Ele tinha problemas com a mãe, assim como eu? E ele tinha dito "sua" mãe. Será que eles tinham mães diferentes?

- Ele tem medo de que eu possa perturbá-la se ele não estiver presente. Acha que é melhor eu esperar até ele voltar.

Sukuna deixou escapar um grunhido irritado. Ele não parecia satisfeito com a resposta dele. Então olhou para mim.

- Você está bem? O gelo está ajudando?

Assenti com a cabeça.

- Não vamos falar do papai agora. É grosseiro conversar sobre assuntos de família com um convidado aqui - disse Megumi, com um sorriso que não combinava com seu olhar. Alguma coisa que Sukuna dissera o incomodou.

- O pai de vocês tem um nome bacana - afirmei, esperando aliviar parte da tensão que subitamente surgia no ar. - O único Toji de que ouvi falar é Toji Manning. Nunca soube de outra pessoa com esse nome.

Megumi e Sukuna se olharam e então um sorriso verdadeiro se abriu no rosto dele.

- Eu também nunca ouvi falar de outra pessoa com o nome Toji. Exceto, claro, Toji Manning.

Eu tinha começado a concordar educadamente, quando a ficha caiu. Não... espera aí. Não...

- Acho que não falei meu nome todo quando me apresentei - disse Sukuna, com um sorriso.

Ah, espera aí. Vasculhei o meu cérebro. Houve algo no noticiário mais ou menos na época em que saí de casa, a respeito da mulher e da filha de Toji Manning. Na época eu nem sempre tinha acesso à TV.

- Você não se liga muito em TV, não é? - disse Sukuna com um sorrisinho provocador, e tomou um gole de refrigerante.

Eu não ia explicar a ele por que eu não via muita TV. Só balancei a cabeça.

- Não, não muito, nunca.

Megumi suspirou, e então riu suavemente.

- Alguém que não sabia quem eu sou, e agora você estragou tudo, Sukuna.

Percebi que ele estava brincando. Apenas sorri e tentei  encaixar em minha cabeça o fato de que estava sentado à mesa com os filhos de Toji Manning. Em que mundo aquilo estava acontecendo? Meu constrangimento se potencializou, e eu só queria sair dali. Eu não estava apenas interrompendo uma reunião em família, mas sim uma família de um astro do rock. Ah, Deus, isso era muito constrangedor.

Olhei para os dois sentados ali, tão legais, com seus sorrisos fáceis. Pareciam uma família normal e feliz. Não pareciam ser o que se espera dos filhos de uma lenda do rock.

- Eu preciso ir. Eu... Minha mão está começando a incomodar, e deixei o remédio em casa. Muito obrigado pelo brunch, prometo recuperar esse tempo na semana que vem. Vocês dois aproveitem a comida, e não precisam me acompanhar até a porta - falei, antes que pudessem me deter. Então me levantei e dirigi mais um sorriso a eles antes de deixar a cozinha, tão calmo e rapidamente quanto possível.

Mal tinha posto o pé para fora quando senti uma mão forte segurar meu braço.

- Não tão rápido. Se você quer ir, eu o levo. Você não vai a pé.

Sukuna não estava segurando meu braço forte o suficiente para me deixar em pânico, mas a pegada firme fez meus batimentos cardíacos acelerarem. Eu não gostava de ser agarrado. Consegui controlar minha reação.

- Eu... hã, está bem. Ok. Obrigado. - Era cansativo discutir com esse homem. Ele ganharia. Era melhor eu ceder.

Ele pareceu satisfeito com o fato de eu não discutir. Pousou a mão nas minhas costas para me guiar até sua caminhonete. Fui à frente dele, rápido o bastante para evitar o contato com sua mão. Eu não gostava de ser tocado. E, daquele jeito, menos ainda. Embora lembrasse a mim mesmo do quanto não gostava de ser tocado, aquela sensação quente e formigante em minhas costas, onde a mão dele pousara, não desaparecia. Não era uma sensação desagradável, apenas nova. Muito nova. Nunca tinha acontecido, até agora.

Sukuna abriu a porta da caminhonete antes que eu pudesse alcançar a maçaneta e pegou a minha mão para me ajudar a subir. Outra vez eu estava no carro dele, mas agora eu sabia mais sobre ele. Era um irmão bom e querido. Adorava o irmão. E era filho de Toji Manning.

Minha nossa, que loucura.

Quando ele já estava atrás do volante, olhei para ele. Seu corpo alto e musculoso estava coberto com uma camisa de flanela e um jeans desbotado e detonado. Suas coxas preenchiam bem o jeans, e dava para ver os músculos se flexionarem.

- Quando chegar na sua casa, ponha no machucado um pouco daquela pomada que compramos ontem. Isso vai amaciar a pele em volta e diminuir a dor.

- Farei isso - assegurei.

Ele assentiu e pegou os óculos de sol que tinha guardado no quebra-sol e os colocou. Como alguém podia parecer tão sexy colocando óculos escuros? Até aquele momento, eu não achava que isso fosse possível.

- Você precisa ligar para o Panda e avisar que já tem carona?

Fiz que não com a cabeça.

- Não, eu ia voltar para casa andando. Ele precisa trabalhar esta noite.

Sukuna fez uma careta.

- Existem táxis por aqui, sabia?

Olhei para a atadura e mantive a cabeça baixa. Não queria contar a ele a história da minha vida para explicar por que era desnecessário pegar um táxi. Eu gostava de caminhar. Era o que eu sempre fizera.

Sukuna suspirou quando não respondi.

- Você vai trabalhar amanhã? - perguntou.

Eu não tinha faxina no dia seguinte. Era quando eu aproveitava para ir à biblioteca trocar meus livros. E caminhar na praia, limpar meu apartamento e ir ao mercado. Era o tempo que eu tinha para mim mesmo.

- Não. Eu não trabalho amanhã.

- Ótimo.

À Sua Espera (Sukuita)Onde histórias criam vida. Descubra agora