Capítulo 31

431 52 1
                                    

    Yuji          

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

    Yuji          

Eu não tinha dormido um só segundo depois de Armin bater na minha porta. Escutar a voz de Sukuna e sua preocupação me provocou uma crise de choro. Então me sentei e pensei em todas as possibilidades de ganhar dinheiro, e rápido. Quando recebesse meu pagamento esta semana, teria 2.800 dólares líquidos. Ainda precisaria de mais 2.200 dólares.

Tinha medo de tentar o trabalho noturno como garçom. Quando me estressava, ou ficava em pânico, eu ainda tinha dificuldade em decifrar palavras. E minha escrita não era tão boa ainda. Tinha dúvidas se eu sequer conseguiria preencher o formulário. Assisti ao nascer do sol sabendo que inevitavelmente teria que esperar para ver como tudo isso se desdobraria. Se ela dissesse que o espelho havia sido roubado, eles não poderiam me prender sem prova. E eu tinha a mão cortada para confirmar minha versão da história.

O máximo que um juiz faria seria me obrigar a pagá-la pelo prejuízo, o que eu já dissera a ela que faria. Eu sabia que teria que ligar para Sukuna naquela manhã. Ele estava preocupado na noite passada, mas eu simplesmente não conseguia falar com ele ainda.

Essa confusão toda era muito perturbadora. Se eu dissesse a ele o que a irmã estava ameaçando fazer, ele pensaria que eu queria que ele pagasse o espelho por mim, e eu temia isso. Não poderia deixá-lo fazer isso nem pensar que eu quisesse. Esse era um problema meu, não dele.

Digitei o número dele e mal tocou uma vez antes de que ele atendesse.

Bom dia. Você está melhor? - A voz dele fez toda aquela situação que me afligia desaparecer.

Eu sentia falta dele. Adorava nossas conversas noturnas. Na noite anterior, eu queria falar com ele, mas sabia que não podia. Ele sabia quando eu estava preocupado; eu não conseguiria esconder dele.

Sim. Muito melhor. Obrigado. Desculpe por ontem.

Você estar bem é tudo o que me interessa. Mas não vou mentir: senti falta de escutar sua voz lendo para mim. Foi difícil dormir sem isso.

Sorri pela primeira vez desde aquele encontro horroroso com Nana.

Ele me fazia feliz, mesmo quando as coisas estavam ruins.

Isso não costuma acontecer comigo. Mas, se acontecer de novo, prometo que ligo antes de dormir. Devia ter pensado em ligar para você mais cedo e contar. - Tentar parecer normal não estava sendo fácil. Mas eu estava fazendo o melhor possível.

Vou deixar você trabalhar. Tenha um bom dia, gato.

Eu me despedi e desliguei, mantendo em mim por quase a manhã toda aquela sensação gostosa que me ama envolvia quando ele me chama de "gato".

        ×××             

Já era quase meio-dia quando recebi um telefonema da agência de limpeza. Eu havia sido despedido. Nana ligara para eles, e eles não queriam ter nenhuma ligação comigo. Eu devia passar lá para pegar meu cheque e não comparecer nas outras duas casas para as quais estava agendada naquela semana. Consegui terminar a limpeza no resto da casa dos Satoru naquela manhã sem desabar.

Eu ia ficar bem. Ligaria para Nobara Finlay. Duas casas pagariam minhas contas. Como não sobraria nada para poupar, pagar Nana seria difícil. Precisava encontrar mais uma casa, pelo menos, ou então outro trabalho.

Antes de voltar para casa hoje, eu ia entregar a Nana um cheque de aluguel agora, ia me preocupar com isso na próxima semana. Naquele momento, eu precisava mostrar que estava tentando pegar o espelho. Não queria a polícia atrás de mim.

A ideia de encarar Nana outra vez era apavorante. Quando, porém, cheguei à casa dela, havia dois carros estacionados do lado de fora: o pequeno e caro carro esportivo de Nana e um utilitário preto. Ela estar acompanhada podia ser melhor para mim. Ela certamente não seria desagradável na frente de visitas.

Depois de tomar coragem, subi os degraus da frente e toquei a campainha. Entregaria o cheque, me desculparia outra vez e prometeria mais dinheiro assim que possível. Então iria embora. Eu conseguiria fazer isso.

A porta se abriu mais cedo do que eu esperava e a expressão de Nana imediatamente se transformou em uma careta desdenhosa.

O que está fazendo aqui? Liguei para a agência e exigi que o demitissem. Preciso chamar a polícia também?

Segui o que tinha planejado mentalmente.

Aqui está um cheque com tudo que tenho no momento. A senhora receberá mais assim que eu puder. Lamento sinceramente pelo espelho - falei, minha voz falhando uma única vez por causa do nervosismo.

Maki Finlay surgiu atrás de Nana. Ela não sorria. O que estava fazendo ali?

Nana? O que está acontecendo? Você disse que acabou de… - Ela parou e olhou para mim. - É Yuji, certo?

Assenti com a cabeça.

Você fez Yuji ser demitido?

Ele roubou um espelho de 5 mil dólares da minha casa! Sim, eu exigi que o demitissem. Esse cheque não cobre sequer metade do espelho, e ele acha que isso resolve - disparou Nana.

Yuji, você roubou um espelho?

Neguei com a cabeça.

Não. Mas eu o quebrei. Eu caí. Foi um acidente. Já expliquei, mas…

Ele está mentindo! Ele é o faxineiro, Maki, pelo amor de Deus! Você sempre tem que tomar o partido dos outros contra mim? Estive fora por meses, e essas são as boas-vindas que recebo? Um faxineiro ladrão e minha irmã mais uma vez tomando o partido de terceiros contra mim?

Agora ela estava gritando. Mas o fato de ela se referir a Maki como irmã me confundiu. Como Maki seria irmã dela? Sukuna era irmão dela, mas Maki e Sukuna não eram irmãos.

Ele trouxe um cheque e prometeu trazer mais quando puder. Isso parece a atitude de alguém que roubou seu espelho? Não parece. Acalme-se e pense um pouco. Você não tem mais 10 anos, Nana. Cresça.

Maki estava claramente aborrecida.

Eu vou indo. Volto com o restante do dinheiro assim que puder - garanti outra vez e desci os degraus da entrada correndo.

Eu provavelmente deveria ter ficado um pouco mais e continuado a me defender. Havia uma boa chance de Maki começar a acreditar nela, e então eu não conseguiria a faxina na casa dela. Teria que esperar para ligar para Megumi e falar sobre a faxina. Pelo menos havia uma testemunha que me vira pagar parte do valor do espelho e prometer pegar mais em breve.

A caminhada dali até em casa era de mais de dez quilômetros. Eu teria tempo suficiente para pensar no que fazer com o restante da semana, já que não tinha mais casas para limpar.

À Sua Espera (Sukuita)Onde histórias criam vida. Descubra agora