Capítulo 29

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  Yuji         

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  Yuji         

Eu havia tomado o cuidado de ficar no primeiro andar e me manter em silêncio enquanto limpava. Não queria acordar a mulher que toda a Tokyo me ensinava a temer. Por outro lado, hoje eu realmente tinha algo para limpar. Ela era bem bagunceira.

Passei mais de uma hora limpando o que parecia ser uma garrafa de vinho que explodira sobre o piso da cozinha. Estilhaços de vidro se espalharam pelo chão e havia bebida seca e grudada por todo lado. Armários, piso, bancadas - tudo. Quando consegui limpar aquela bagunça, pode lavar os pratos e os copos que encontrei espalhados pelo andar.

Então encontrei pilhas de roupas no chão da lavanderia. A maioria delas parecia limpa e eu tinha certeza de que quase todas as roupas sujas precisava serem lavadas a seco. Pelo visto ela tinha simplesmente despejado o conteúdo das malas no chão. Precisei de mais uma hora para separar as de lavagem a seco das outras e então coloquei as brancas na máquina.

Quando o primeiro andar estava brilhando e eu conseguira organizar a lavanderia, já passava do meio - dia. Decidi que podia continuar sem fazer barulho e trabalhar nos quartos mais distantes do dela no segundo andar. Ela estaria dormindo no terceiro piso. Eu sabia qual era o quarto dela.

Os quartos intocados foram fáceis. Só tive que aspirar, varrer e esfregar. A rotina de sempre. Quando cheguei ao salão de jogos, tremi, pensando no espelho que eu teria que contar que quebrara. Havia copos vazios por lá também. Aparentemente ela já sabia que o espelho desaparecerá. Ela devia ter recebido convidados. Sobras de comida estavam espalhados pelos pratos e ainda havia restos de diferentes bebidas nos copos. O chão estava cheio de lixo.

A pior parte foi a camisinha usada num canto ao lado do sofá de couro. Nojento. Coloquei as luvas que comprara quando estava com a mão machucada e fiz um chumaço com uma grande quantidade de papel higiênico antes de pegar a camisinha e colocá-la no lixo. Pelo menos quem a usará dará um nó antes de descartá-la.

Quando terminei o salão de jogos, já eram quase três horas. Normalmente essa era a hora em que eu ia embora, mais ainda tinha o terceiro andar para limpar. E ela continuava dormindo.

Voltei ao térreo, levei o lixo para fora e separei o lixo reciclável nos coletores corretos. Então tornei a entrar e pensei em reorganizar a despensa quando ouvi passos na escada. Finalmente.

Ajeitei minha roupa e prendi o cabelo solto atrás das orelhas. Quando Nannet entrou na cozinha, ela me viu e fez cara feia, então jogou o cabelo para cima do ombro. Como previra, ela era deslumbrante. Longos cabelos pretos - azulados desciam até as costas. Ela mal estava vestida, com uma camisola preta curta e sedosa que expunha a pele clara perfeita.

- Você é o faxineiro? - perguntou ela, parecendo irritada.

- Sim, senhora - respondi.

- Por que ainda está aqui? Já passa das três. Você sempre demora assim?

- Já terminei tudo, exceto o último andar. Estava esperando a senhora acordar.

Ela torceu o nariz para mim.

- Bem, então vá limpar. Estou acordada. Não fique aí parado, me olhando de boca aberta.

Eu precisava contar sobre o espelho, mas ela não parecia nem um pouco afim de conversar. Então subi a escada rapidamente e me concentrei em limpar tudo o que podia. Não queria que ela tivesse uma única queixa. Além do espelho.

Levei mais duas horas no último andar. Ela havia deixado o quarto em uma situação calamitosa. O resto da casa parecia decididamente imaculado.

Quando fiquei satisfeito, desci e a encontrei enroscada no sofá com o controle remoto na mão e uma xícara de café na mesa ao lado dela. Parecia mais acordada agora.

- Você demorou muito. É lento. É bom ser mais rápido, ou não continua - disparou.

- Eu sinto muito. Farei isso - repliquei, pensando que era injusto ela supor que eu pudesse fazer mais rápido.

Ela revirou os olhos e me dispensou com um gesto da mão. No entanto, eu precisava contar a ela sobre o espelho. Aquilo me manteria acordado por várias noites até eu falar.

- Durante sua ausência, houve um acidente quando eu limpava as janelas no salão de jogos. Eu caí e o espelho ao lado da janela que dá para o golfo caiu comigo. Ele se estilhaçou e a moldura quebrou. Eu pago por ele com o que receberia pelo trabalho. Eu sinto muito...

- Uma ova. Você vai me pagar agora mesmo. Aquele espelho custou mais de 5 mil dólares. Ele veio de Paris, como a maioria da mobília desta casa.

Eu não tinha 5 mil dólares. Tinha economizado 2 mil, mas só. Como um espelho podia custar tanto? Eu não esperava por isso.

- Eu sinto muito. Não tenho isso tudo. Posso lhe dar 2 mil agora e trabalhar até que tudo esteja pago. É o melhor que posso oferecer - expliquei, esperando que a mulher possuísse algum tipo de empatia.

Ela me fuzilou com o olhar; aqueles olhos castanhos eram implacáveis. Eu estava encrencado. Muito encrencado.

- Não, não. Vou contatar a agência e eles vão me ressarcir. Eles me mandaram um idiota, então têm que pagar por isso.

Eu assinara um termo ao começar a trabalhar para eles de que qualquer dano ocorrido seria minha responsabilidade. Mas nunca imaginaria que quebraria um espelho de 5 mil dólares.

- Eles não vão pagar. Vão me fazer pagar. É minha responsabilidade. Tudo o que tenho é...

- Nem mesmo a metade. Já ouvi isso. Vá se lamuriar com outra pessoa. Quero meu dinheiro, então se vire ou eu chamo a polícia e deixo que eles resolvam esse roubo.

A polícia. Ah, meu Deus, eu iria para a cadeia por isso.

- Eu não roubei. Ele quebrou - comecei a explicar.

- Cale a boca! Saia da minha casa. Não há nenhuma prova de que ele tenha quebrado. Ele não está aqui. Eu quero meus 5 mil dólares por ele ou você pode explicar aos policiais que não o roubou. Agora saia da minha casa.

Eu não disse mais nada. Ela parecia pronta para explodir se eu lhe dirigisse a palavra outra vez. Não foi assim que eu imaginava essa conversa. De jeito nenhum. Já imaginava que ela fosse louca, mas pensei que ela fosse ao menos me deixar pagar o espelho.

Fui rapidamente até a porta e peguei minha mochila antes de correr para a rua principal. Para fora da propriedade dela. Eu tinha aula com o Dr. Munroe essa noite, mas não poderia ir. Precisava ir para casa e pensar no que fazer. Liguei para o professor e disse que não estava me sentindo bem, então fui andando para casa devagar.

À Sua Espera (Sukuita)Onde histórias criam vida. Descubra agora