Coração Forjado

PRÓLOGO, A sombra do guerreiro

O amanhecer ainda não havia quebrado quando os gritos começaram. Eles eram distantes, abafados pelas grossas paredes de pedra do castelo, mas Mael sabia o que significavam. Invasão.

Ele se levantou da cama, o coração batendo um ritmo frenético que rivalizava com os tambores de guerra que agora ecoavam pelo ar frio da manhã. O príncipe vestiu-se rapidamente, cada movimento impulsionado por uma mistura de dever e medo. Ele era o herdeiro do trono, o símbolo de esperança para seu povo. Mas naquele momento, ele era apenas um homem, e um homem assustado.

Mael mal teve tempo de empunhar sua espada antes que a porta de seu quarto fosse arrombada. A figura que se destacou na entrada era imensa, um gigante entre os homens, com ombros largos que pareciam capazes de suportar o peso do mundo. O viking.

O intruso não disse uma palavra. Seus olhos, frios e azuis como o gelo do norte, fixaram-se em Mael com uma intensidade que o fez tremer. Não havia raiva neles, nem prazer. Apenas um vazio que parecia consumir tudo ao seu redor.

Mael ergueu a espada, mas suas mãos tremiam. Ele sabia que não era páreo para o guerreiro à sua frente. O viking avançou, e cada passo seu parecia selar o destino do príncipe.

Quando a luta começou, foi brutal e curta. Mael lutou com tudo o que tinha, mas o viking era uma força da natureza, imparável e implacável. Em poucos minutos, o príncipe estava no chão, a espada a metros de distância, e o viking o observava com aqueles olhos vazios.

— Por que? — Mael conseguiu sussurrar, a dor latejando em cada parte de seu corpo.

O viking se inclinou, sua voz um sussurro áspero que carregava o frio do inverno. — Você é a chave, príncipe. A chave para a guerra que está por vir.

E com essas palavras, a escuridão tomou Mael, e ele sabia que seu mundo nunca mais seria o mesmo.