12.

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O dia seguinte amanheceu brilhante e claro. O pálido sol de novembro entrava pela janela da cozinha e se estendia alegremente sobre a bagunça habitual do café da manhã. Pacotes de flocos de milho brilhavam, tigelas e copos cintilavam, cada migalha espalhada e bolha de geléia foi escolhida perfeitamente na luz da manhã. O ar estava quente e pesado com o cheiro de um bom chá forte, torrada, ovos fritos e bacon. Eu não estava me divertindo nem um pouco.

Por quê, Lucy? — Exigiu Lockwood — Eu simplesmente não entendo! Você sabe que um agente tem que relatar qualquer artefato que encontrar. Particularmente um tão intimamente ligado a um Visitante. Eles devem ser devidamente contidos.

— Eu sei disso.

— Eles devem ser colocados em ferro ou vidro prateado até que possam ser estudados ou destruídos.

— Eu sei.

— Mas você simplesmente enfiou no bolso e não contou a mim nem a George!

— Sim. Eu disse que sinto muito! Nunca fiz esse tipo de coisa antes.

— Então por que você fez isso agora?

Eu respirei fundo. Minha cabeça estava abaixada, por alguns minutos, enquanto minha repreensão prosseguia, eu rabiscava sombriamente no pano pensante. Era a foto de uma garota magra usando um vestido de verão à moda antiga. O cabelo dela girava em torno de sua cabeça, e seus olhos eram vastos e vazios. Pressionei a caneta com força, provavelmente marcando a tabela abaixo.

— Não sei. — murmurei — Tudo aconteceu tão rápido. Talvez fosse por causa do incêndio, talvez eu só quisesse salvar algo dela, para que ela não se perdesse completamente. . . — Desenhei um grande girassol preto no meio do vestido — Honestamente, quase não me lembro de tê-lo levado. E depois... Eu simplesmente esqueci.

— Melhor não mencionar isso a Barnes. — George observou — Ele ficaria lívido se soubesse que você distraidamente carregou um visitante perigoso por Londres sem precauções. Daria a ele mais um motivo para fechar esta agência.

Com o canto do olho, observei-o espalhar complacentemente outro montão de coalhada de limão em seu pão torrado. Oh, ele estava em ótima forma naquela manhã, George, animado como um furão. Achei que ele estava gostando muito do meu desconforto.

— Você esqueceu? — disse Lockwood — É isso? Essa é a sua desculpa?

Minha rebeldia explodiu. Eu levantei minha cabeça, escovei meu cabelo para trás.

— Sim, — eu disse — e se você quer saber por que, para começar, eu provavelmente estava muito preocupada em estar no hospital, e depois disso fiquei muito ocupada me preocupando com você. Mas, na verdade, se você pensar sobre isso, eu não tinha nenhuma razão para acreditar que era perigoso. Não é? Porque acabamos de selar a Fonte.

— Não! — Lockwood espetou um dedo de sua mão boa na toalha de mesa — É isso mesmo! Pensávamos que tínhamos, mas não tínhamos! Não havíamos selado a Fonte, Lucy, porque obviamente a Fonte está ali.

Ele indicou a pequena caixa de vidro prateado, que estava silenciosamente entre a manteiga e o bule. Ele brilhava ao sol, dentro, o colar de ouro podia ser visto.

— Mas como pode ser a Fonte? — Exclamei. — Deviam ser os ossos dela.

Ele balançou a cabeça com pena.

— Só pareceu porque o fantasma dela desapareceu no momento em que você cobriu o corpo dela com a rede prateada. Mas obviamente você cobriu o colar também, na mesma ação, o que foi mais do que suficiente para selá-lo. Então, quando você furtou o colar...

Lockwood & Co - Livro 1 - A Escadaria GritanteOnde histórias criam vida. Descubra agora