—Lucy. — disse Lockwood — Para. Você precisa falar comigo.
— Não. Não, eu realmente não preciso.
— Pare de ir tão rápido. Eu entendo porque você está com raiva, mas você tem que entender... eu não sabia que Barnes ia pedir para você fazer isso.
— Não? Talvez você devesse ter adivinhado. Graças ao seu estúpido artigo desta manhã, o mundo inteiro sabe sobre minha ligação psíquica com Annie Ward. De repente, sou considerado o centro do caso!
— Lucy, por favor... — Lockwood agarrou minha manga e me obrigou a parar no meio da rua.
Estávamos em algum lugar em Mayfair, a meio caminho de casa. As mansões eram silenciosas, quase todas escondidas atrás de muros altos e da névoa rodopiante. Já era meia-noite. Nem mesmo os fantasmas estavam por perto.
— Não me toque. — Eu disse. Eu me balancei. — Por causa do seu artigo, fiquei cara a cara com um assassino esta noite e, curiosamente, não gostei da experiência. Você não viu os olhos dele, Lockwood. Mas eu os vi e parecia que ele me viu .
— Ele não pode ter feito isso. — O rosto de George estava virado para o outro lado, com a mão no cabo do florete, ele observava a névoa. Tínhamos visto apenas um Visitante durante nossa caminhada no Green Park, uma figura distante vagando por uma avenida arborizada, mas sempre era preciso ter cuidado. Você nunca poderia dizer o que estava na próxima esquina em Londres. — Ele não pode ter visto você. — George repetiu — Você estava atrás do vidro. Obviamente, ele sabia que alguém estava lá e só queria assustá-lo. Isso é tudo.
— Você está errado. — eu disse baixinho — Blake sabia que era eu. Ele teria visto aquele artigo como todo mundo. Ele sabe tudo sobre a Lockwood and Co, e como Lucy "Carlisle" obteve evidências vitais contra ele. Ele pode descobrir facilmente onde moramos também. Se ele for solto, nada o impedirá de vir atrás de nós!
Lockwood balançou a cabeça.
— Lucy, Blake não vai vir atrás de nós.
— Ou se ele fizer, — George disse — vai ser muito, muito devagar, mancando em uma bengala. Ele tem mais de setenta anos.
— O que quero dizer é que ele não vai conseguir se livrar de jeito nenhum — Lockwood continuou — Ele vai ser acusado, considerado culpado e enviado para a prisão, o que é bom para ele. Até lá, e daí se ele tiver olhos estranhos? Os de George também são bem estranhos, e não usamos isso contra ele.
— Obrigado por isso. — disse George — Eu pensei que eles eram o meu melhor recurso.
— Eles são... essa é a tragédia. Ouça, Lucy. Eu posso ver porque você está brava. Estou furioso também. Barnes não tinha o direito de fazer você passar por isso contra sua vontade. É um comportamento típico do DEPRAC achar que mandam no show. Mas eles não mandam... ou, pelo menos, não mandam na gente. — Lockwood ergueu os braços e gesticulou para a névoa rodopiante, a estrada silenciosa. — Olhe ao seu redor agora. Já passa da meia-noite. Estamos sozinhos em uma cidade vazia. Todos os outros estão dormindo, com as portas trancadas e os amuletos pendurados nas janelas. Todo mundo está com medo, exceto você, eu e George. Vamos aonde quisermos e não estamos em dívida com Barnes, DEPRAC ou qualquer outra pessoa. Somos completamente livres.
Eu puxei meu casaco em torno de mim. O que ele disse fazia sentido, como sempre. Era bom estar de novo na noite, com minha espada e meus colegas ao meu lado. A angústia de meu breve encontro na Scotland Yard estava desaparecendo lentamente. Eu me senti um pouco melhor.
— Suponho que você esteja certo. . . — eu disse — Você realmente acha que Blake vai ficar sob custódia?
— Claro que vai.
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Lockwood & Co - Livro 1 - A Escadaria Gritante
Teen FictionEssa é uma tradução em Português do Brasil do primeiro livro de Lockwood & Co de Jonathan Stroud. Um problema sinistro ocorreu em Londres: todos os tipos de fantasmas, assombrações, espíritos e espectros estão aparecendo por toda a cidade e não são...