Devaneios em Vida

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"A compreensão é a chave para desvencilhar-se."

Encontrei-me em um sonho
Também o encontrei...

Me via ne um caminho,
Que até dado momento
O mesmo trilhava junto a mim.

Perguntava aos céus
De onde saiu este jovem,
Aos meus olhos, perfeito.

Teria saído de um livro?

Meus dias se inundaram
De sorrisos bobos,
De doces sonhos
Sobre um futuro com o mesmo.

Amava, amava fortemente.
Eu sentia a inebria do amor.
Era uma apaixonada,
E tudo era tão genuíno em mim.

Porém se adiantou no caminho.

Seus passos
Descompassaram dos meus.
Seu caminhar corria,
De mim
À ela.

Me achei
Em um caminho perigoso.

Eu o via, do outro lado da ponte.
Eu o vi inúmeras vezes
Do outro lado da ponte...

Então fui atravessar,
Meu amor,
Me fortalecia pra isso.
Talvez me fizesse cega.

Eu tentaria,
Andaria,
Desbravaria,
Atravessaria...
Não desistiria.

Não sem tentar.

Meus primeiros passos,
Naquela ponte de madeira
Que aparentava ser forte,
Foram decisivos.

Mas o ver do outro lado,
Estático
Junto a seres traiçoeiros,
Me fazia pensar,
Me irritava a alma.

Por que imóvel?
Não virás a mim?

Então quebraram-se
As pequenas tábuas da ponte.

Cai em meio ao despenhadeiro.
Uma queda de anos.

A gravidade havia parado,
Senti-me inundada de verdades.
Meu castelo de cristal
Tinha desmoronado.
Um amor genuíno tinha esgotado.

Tinha traças na ponte.
E mesmo assim...
Ele deixou que eu passasse.

Escolheu os seres pesonhentos,
Enquanto observava
A queda que durara longos momentos.

Senhor, eu podia ouvir
"Ele não é pra voce"

Longe foi meu amor.
Deixou-me desfalecer.

Voltei a cair novamente.
Uma longa distância.
Visível as pontas
Das rochas ao fim.

Eu o via e ele à mim.
Me largou
Sem cordas para escalar,
Sem me estender a mão.

Era o fim?

Não.

Como flagelos em mim,
Mesmo que dolorosos,
Senti minhas forças
E nesse momento desgostoso
Cresceu em mim asas.

Meu ser já não pesava.

Eu flutuava.
Pesos haviam se desvencilhiados de mim.

Estava leve como uma pena.

O ar em minha volta
Me acariciava as asas.

Voava de tal forma
Que vi desmoronar o desfiladeiro.

E ao seu fundo
Vi os pesos que me prendiam,
Era meu amor,
Não mais amor.
Correntes
Que me quebraram as colunas.

Vi meu ex-amado
Ao lado de seus bichos pesonhentos.

Podia ir à ele.
Todavia os novos ventos
Levavam me ao alto,
Cada vez mais alto
E alto.

Não há ser que me faça retornar
Aquele monturo.

A sensação de voo
Me é tão inebriante agora
Que os sorrisos bobos
Se voltaram para mim.

Estou tão alto que o ar me é rarefeito.

Me sinto leve.
Me sinto plena.

Seguirei o novo vento,
Para novos lugares,
Novas pessoas e novos amores.

O melhor será ir sem olhar ao chão.

Que sofram os desgarrados.









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