"Luará"
Já é meia noite
sem ti...
Já sou meia pessoa
sem ti.
Pretendia escrever para mim,
Mas como escreveria eu
Para alguém
Que não existe
Sem ti?
Mais da metade
Do mundo,
Existe
Sem ti.
Entretanto
Eu não sou o mundo,
Nem do mundo,
Ou sequer metade
De algo,
Nesse mundo,
Sem ti.
Já é meia noite
E nada escrevi.
Tudo que lês agora
Não possui significado nenhum,
Compasso algum
Sem ti.
São devaneios,
Nadas.
Completos,
Absolutos,
Inundados,
Deslumbrosos
Nadas.
Mal sei se "nadas" existem no vazio
Ou se, se faz existir em rios.
Eu não sou
Nem metade
De nada
Sem ti.
Já dissera?
Diria outra vez, mas tu já sabes.
Outra vez é meia noite
E nada de ti.
Não quero
Me sentir
Sem ti.
É meia noite,
Mais outra,
Outra,
Outra nascida vez.
Até a lua me ignora
Quando estou
Sem
Ti.
Fui chorar,
Ela não me ouviu,
Provavelmente
Porquê estou sem ti sentir.
Quero que o dia cheguei,
Não precisa ser o sol,
Só precisa ser
Você.
Seja por minhas portas,
Ou por minhas janelas.
Sendo convidada
Ou entrando de penetra.
Aparecendo de mansinho
Ou tão sutil quanto uma pedra,
Só quero que chegue,
Que se estabeleça
Se aconchegue
Fique
E permaneça.
Que seja pleonasmo
No dia à dia dos dias.
Que seja tu
Minha singela e completa
Companhia.
Que exista como eufemismo
Antes que eu morra
Nesse abismo
De saudade
E lirismo.
Estou carente
Até a morte.
Mas ficaria sorridente
Se tivesse
A sorte
De que nessa noite, de dor latente,
Tu brotasse
Ao meu lado,
Me esquentando
Com teu corpo quente,
Assim mesmo, em pleonasmo.
Me fazendo viver
A meia noite,
Feliz e bem mal acostumado.
