As pessoas geralmente
Não gostam de mim
A primeira vista.É isso que eu sinto.
É o que sei.Muitas vezes
Porquê me acham
Metida.Outras vezes porquê
pareço ter um semblante
Fechado.Eu acho que pode ser
Meu estilo.Na verdade não sei.
Fico tentando
Dar desculpas e significados
Para o preconceito das pessoas
Em mim.Eu digo, o pré-conceito.
Eu sou quieta
A maior parte do tempo.
De todas as formas.A forma que observo,
Como respiro,
Me movo,
Ando e até falo.É tudo em silêncio.
Eu não gosto
De andar com
Muita simpatia
Pelos lugares.No mundo em que vivemos
Isso é vulnerabilidade.Também não gosto
De falar muito.
Aprendi a viver
Dentro de mim.
Expressar o que penso
É mais calmo e silencioso.Mas as pessoas têm pressa.
Eu também... As vezes
Não sei se tenho.Eu tenho costume
De andar com pressa,
Pressa nas pernas.Não importa a distância
Eu sempre tenho
Que andar rapidamente.Foi assim quarta feira.
Até certo ponto.Eu saí da floricultura
Arrumei minha mochila
Nas costas
E me apressei.Me apressei a andar pelas calçadas...
Atravessando rápido as ruas.
Fugindo dos olhares
Estranhos.Me apressei a atravessar as ruas
Escapar da fumaça do churrasqueiro
Dos olhares dos bêbados.Me apressei,
Ajeitei minha roupa.
O capacete em mãos.Encarei as árvores da esquina
De forma breve,
Pois tinha pressa.Continue apressada.
Andando.
Evitando existir
Por muito tempo
Naquele caminho.Senti vários cheiros.
Mas estava com pressa.
Passei por um lugar
Que me fez doer o coração.
Não o lugar,
Eu me sentir uma dor.Então me apressei de novo.
Já sentia uma falta de ar.
Dor e falta de ar.Sou sedentária,
Apesar de apressada.Eu treinei minha respiração.
Ao subir a imensa ladeira.
Não imensa,
Mas naquele momento,
Era imensa.Então eu me obriguei
A caminhar com mais força,
Subir aquela inclinação
Que fazia minhas pernas doerem.
Prometendo a mim mesma,
Que desaceleraria.Que não teria mais pressa
Quando à planície eu chegasse.Então fiz.
Dei minhas forças
Como força motriz.Respirei.
Então veio a planície,
E eu ainda estava com pressa.
Até encarar o meu redor
E me obrigar
A não ter pressa.Desacelerei, e caminhei
Pela primeira vez.
Passos leves
Que me fizeram
Sentir o peso
Do meu corpo.O sol estava forte
Não irritante,
Mas forte.
Ele me dava sono,
Tanto, que fechei os olhos
Andando.Era fácil,
Era uma calçada reta,
Eu só precisava andar.E foi o que fiz...
Estava fresco o ar,
O clima agradável,
O sol sonífero,
Meu corpo confortável,
Meus passos tranquilos.Desacelerar,
As vezes
É viver.E eu estive viva
Ao som
Da Balada de Tim Bernardes
Até chegar em casa.