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Quando Emilly saiu com Rufus, fiquei nervoso, sabia nossa conversa não seria anda fácil. Nesses últimos meses, minha vida está uma confusão, muito trabalho, mas sobretudo a Melanie está tomando uma boa parte do meu tempo, de alguma forma me sinto responsável por ela já que sou o pai do nosso filho, mas a essa altura eu também sabia que tenho sido negligente com Emilly, eu só quero que tudo fique bem, sei que nosso amor é forte e podemos superar tudo. Decidi tomar um banho e esperar ela voltar, mas quando ela entrou em casa, notei seus olhos inchados e seu aspecto de cansada, Emilly soltou a coleira de Rufus que correu até seu pote de água e então Emilly me olhou e senti um aperto no peito.

- Amor, eu só queria dizer que sinto muito mesmo por tudo e pelo que você viu mais cedo. - falei e ela respirou fundo.

- Sabe, eu ficava repetindo pra mim mesma que te pedir pra ficar comigo nos vários momentos em que deveria ter sido romântico, seria egoísmo da minha parte, que em algum momento você iria realmente conseguir dar conta dessa situação e fui aguentando, sendo constantemente abandonada por você, mas fiquei porque eu te amo e eu realmente achei que iríamos dar certo... Mas aí, eu chego em casa e te vejo com ela, como se vocês fossem uma família... Algo rachou dentro mim.

- Mas nós não somos uma família!eu e ela... Só temos esse contato por causa do bebê. - falei nervoso.

- Pode ser sincero comigo, você sentiu em algum momento vontade de ficar com ela?

- O quê? Óbvio que não! Emilly, sempre deixei claro pra ela que nunca mais seríamos um casal de novo... Eu...

Tentei procurar palavras mas não achei, como ela poderia pensar uma coisa dessas? Pela primeira vez, eu estava com medo do que poderia acontecer em seguida.

- Os pais dela são médicos, então porque toda vez é você quem tem que sair correndo pra socorrê-la?

- Eu... O bebê precisa de mim...

- Não, ele ainda não precisa... Ele está recebendo tudo o que precisa dentro da barriga dela.. eu é que preciso de você, eu é que sinto falta de ter você por perto, sinto falta de ficar um tempo com você sem ser interrompida porque Melanie está enjoada.

- Amor... - passei a mão no cabelo, muito nervoso e sem saber o que dizer.

- Eu sinto muito, de verdade... Não sabe como é difícil amar alguém tanto assim mas isso não ser suficiente.

- Não... - falei com meu coração apertado - Não faz isso... Só tenta lhe dar com isso.

- Eu tentei... Por sete meses, juro que tentei mas não está sendo suficiente, não aguento mais ser magoada assim Caleb.

- Eu sinto muito... Muito mesmo... Não foi minha intenção.

- Eu sei, você nunca quis me magoar, por outro lado, você também não conseguiu organizar sua vida pra eu caber nela de forma que eu nunca me sentisse excluída.

- Mas você é a pessoa mais importante pra mim Emilly... Não é possível que não saiba!

- Então por quê não me sinto assim? Por quê toda vez sou eu que fico sozinha? - Emilly secou algumas lágrimas do seu rosto - Caleb, eu estou terminando com você...

- Não! Por favor, não faz isso...

Eu senti que estava caindo de um precipício, senti um peso em meu coração, comecei a ficar tonto.

- É melhor, vamos acabar magoando um ao outro ainda mais e não quero isso pra nós.

- Eu te amo...

- Eu sei... Eu também te amo... Mas é melhor assim.

Emilly disse isso chorando e saiu da sala, eu fiquei encarando a parede, sem conseguir raciocinar, sem conseguir formar um único pensamento coerente. Pouco tempo depois, ela surgiu com uma mala e me olhou ainda com lágrimas nos olhos.

- Pra onde vai? - perguntei.

- Não quero encontrar ninguém agora, vou pra um hotel.

- Fica com meu carro, é mais seguro.

- Obrigada... Vou devolver logo.

- Não se preocupa.

Peguei a chave do carro e a entreguei, não conseguia olhar para ela e assim que Emilly fechou a porta ao sair, eu desmoronei na sala, só sentia dor e um peso por todo o meu corpo.

Não sei por quanto tempo dormi, tive um pesadelo e acordei suado e hiperventilando, Rufus também estava agitado em sua cama, não tive forças para ir até lá ficar com ele, me arrastei para o quarto, tomei um outro banho e deitei na cama. Peguei o travesseiro da Emilly e inspirei o perfume e só quando um soluço escapou pela minha garganta foi que me dei conta de que estava chorando, tentei me controlar mas a dor era forte e me permiti ser vulnerável e chorei.

Na manhã seguinte, parecia que tinha levado uma bela surra, meu corpo todo doía, quando cheguei na cozinha, alimentei Rufus e quando peguei meu celular, vi várias mensagens de Melanie e algumas do meu pai a respeito do trabalho. Liguei para Emilly, mas ela não atendeu, dei um suspiro longo e saí de casa, sem fazer a mínima ideia de como lidar com tudo.

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