43. Aceitar

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N/A: é galera, só passando pra avisar que estamos chegando na reta final ein!

"Tudo na vida tem um momento, uma razão e um porquê. Muitas vezes não entendemos nenhum deles, mas, faz parte da nossa missão desconhecida, aceitar o inaceitável e evoluir com o que não nos matar."

Soraya Tronicke:

Depois de seis árduos meses Simone começou a andar sem ajuda, tendo apenas certa dificuldade em alguns movimentos no quadril. Mas muito pouco, quase imperceptível.

Para não atropelar as coisas, vou explicar de forma resumida o que aconteceu.

Os dois primeiros meses foram os mais difíceis para ela. Para nós. Foi a fase de todas as dificuldades possíveis, momento que ela pensou em desistir várias vezes. O segundo mês em especial foi quando ela começou a fazer o circuito que a fisioterapeuta propôs, e já conseguia mexer seus dedos e pé normalmente.

O nosso medo maior era esse, devido a lesão na coluna várias partes foram afetadas, e Simone teve que começar por baixo.

O terceiro mês posso dizer que foi um marco em sua recuperação, já que nesse mês específico Simone teve a maior evolução. Apesar de ter certa dificuldade, ela fez todos os exercícios e não desanimou, muito pelo contrário.

Já o quarto mês foi muito difícil, pois não houve evolução aparente. Mesmo assim, Simone não desanimou. As crianças ficaram com ela em todas as sessões, e a incentivavam constantemente. Maria Fernanda ficou ainda mais próxima da mãe, e até mesmo nos momentos de descanso lá estavam as duas, fazendo companhia uma a outra.

No quinto mês vários exercícios mudaram, mas Simone continuou progredindo, e passou se equilibrar sozinha por algum tempo sem ajuda alguma. Em um dos dias nesse mês a abracei e chorei de emoção e alívio ao ver que ela havia completado mais uma etapa da fisioterapia. Foi nesse mês que pude observar uma Simone orgulhosa com todo o progresso que havia feito, e também uma mulher que ansiava que o dia seguinte chegasse para que pudesse fazer os exercícios propostos novamente, e como ela dizia: "farei melhor do que ontem".

Era incrível como ela estava amadurecendo sua mente, e creio que isso muito se dava as sessões de terapia que ela continuava fazendo três vezes por semana.

O sexto mês foi o mais constante de todos, mas Simone já estava forte o suficiente, e caminhava sem ajuda alguma. Às vezes depois de muito tempo andando, ela se apoiava em algum lugar cansada, mas como dito a mim, isso faz parte de sua evolução.

Quanto a mim… bem, eu estava acabada, confesso. Agora, tendo tempo para parar e me olhar no espelho, posso observar que perdi peso, estava com olheiras profundas e uma expressão de dar dó.

Apesar da vitória de Simone estar cada vez mais aparente, a minha derrota estava quase tanto quanto.

Pode parecer frescura, mas tente ajudar alguém que não quer ajuda. Isso te esgota, e chega um momento em que a vontade é jogar tudo para o ar, mas quando nos importamos, tentamos até o fim.

Foi o que fiz. O que continuo fazendo.

E está valendo a pena, porque com o passar dos dias, Simone passou a deixar de ser a pessoa que não quer ajuda e passou a me ajudar a ajudá-la. E sim, eu ficava extremamente feliz com isso.

Mas não vou mentir e falar que não pensei algumas vezes em deixar de insistir com Simone, porque isso vinha e voltava em minha cabeça, principalmente quando ela surtava e dizia que não faria exercício algum. Graças aos céus isso foi no começo, e conforme ela conseguia ficar mais forte, uma vontade impressionante se apossou dela, e a minha preocupação se tornou outra, já que tinha dias que Simone praticamente implorava para fazer mais exercícios, algo que não poderia devido a vários fatores como o fisioterapeuta disse.

THE LOST - Simone & Soraya.Onde histórias criam vida. Descubra agora