diga que o céu é azul, o sol é quente e que você me ama

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|| Torre da Liga da Justiça || Espaço Orbital || 05h50 ||

Enquanto algumas partes da Terra marcavam o seu primeiro encontro com o sol, Diana ainda não havia nem pregado o olho. Estava em seu dormitório, pensativa. O laço, a espada e o escudo estavam jogados ao seu lado, e as pernas envolvidas pelos braços. A armadura foi trocada por roupas mais confortáveis quase que à contra-gosto quando ela chegou.

Alfred insistiu algumas vezes para que ela passasse a noite na mansão e retornasse à Torre no dia seguinte, mas ela negou, com um sorriso tímido, dizendo que não era necessário. No fundo, ela teve medo de dizer que ainda não se sentia pronta para isso, afinal não havia passado nem uma noite na casa de Bruce - ao menos uma noite inteira - desde que eles estreitaram o relacionamento.Fora ele, inclusive, quem roubara-lhe a atenção durante toda a madrugada. Diana se sentia assustada, quase que sufocada. Seja pelo que sente por ele ou pela insegurança de um dia perder.

Quando Asger veio a perder a vida no campo de batalha, Diana soube que uma parte do seu coração havia morrido junto dele, e não pode parar de pensar que isso também pode acontecer com Bruce. Às vezes pensava que tudo estava acontecendo muito rápido. Ela teme, ela quer diminuir o amor, quer fazer o medo desaparecer. Mas se sente tão incapacitada de fazer com que isso aconteça que chega a amaldiçoar a sua própria imortalidade. Não apenas por Bruce, por todos os seus amigos. Diana ficou tanto tempo escondida, isolada de tudo e de todos que esqueceu de como era bom ter amigos - ainda que tivesse a companhia de pessoas valiosas em alguns dos lugares que passou - e tem medo de perdê-los. Tem medo de ficar sozinha novamente. Ela não revelaria isso a ninuém, quem quer que seja - bem, provavelmente para Bruce, e somente ele. -, talvez devido a algum tipo de vergonha por saber que é uma guerreira nata, criada para batalhar e não para ter amizades e relacionamentos e acaba temendo a falta de companhia. Mas esconde, à sete chaves, que a única coisa capaz de fazer o seu coração se incolher ameaçado é o simples pensamento de ficar sozinha. Talvez seja melhor aceitar o convite de Alfred na próxima vez.

Em um impulso, Diana decide se levantar e voar até a mansão para encontrar-se com Bruce. Sem aviso, ela só quer poder olhar para ele mais uma vez.

Ela não bateu na porta, não falou com Alfred, não comunicou que havia chegado. Diana sabia que Bruce nunca se lembraria de trancar as portas da varanda do quarto - embora nem mesmo houvesse a necessidade -, então não hesitou em ir direto para lá, com a certeza de que ele ainda estaria dormindo. Contudo, ele não estava. Ao menos não estava na sua cama, e ela suspirou chateada, antes de procurar em outro lugar.

- Princesa? - ela o ouviu. O simples tom de voz dele fez a sua pele se arrepiar e o coração bater mais forte.

Ela virou-se ansiosa, ele havia acabado de sair do banho. Estava descalço, sem camisa - algo já não tão incomum -, as mãos penteando o cabelo para trás.

Bruce olhou para ela com o cenho franzido. Depois para as portas abertas e, por fim, abriu um sorriso bonito, que a faria se apaixonar por ele, caso ainda não fosse, ao olhar para ela novamente.

- Isso tudo era vontade de me ver? - ele perguntou num tom nada sugestivo...

Ela afirmou repetidas vezes com a cabeça e apressou-se para abraçá-lo afundando as mãos nos seus cabelos enquanto agradecia por ele apertá-la tão forte contra o seu corpo.

Bruce não quis questionar as suas ações. Se ela estava fazendo algo assim, era porque precisava.

É mais que claro que, durante as últimas semanas, Bruce tem passado bastante tempo ao lado dela. Conhecendo-a cada vez mais e aprendendo a interpretar quando a sua boca não diz o que o seu interior quer dizer. Esse é um costume fortíssimo que a acompanha e ele já percebeu que fazê-la agir de outra forma pode ser impossível nesse quesito.

Mind Vs. HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora