estamos bem.

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Meus pés deslizavam no carpete cinza em direção a cozinha, seguindo os gêmeos que nem sua própria sombra e ignorando o olhar tenebroso de Gray para minha pessoa. Está tudo bem (não está), não estou com medo (estou cagando de medo), este homem parece querer minha morte. Me pergunto se ele acha que sou Dainsleif disfarçado ou se estou com minha mão na bunda de sua filha. O que não seria ruim. Mas ok.
Fora tudo isso, estava tranquilo, nós sentamos a mesa já posta e coloquei um pouco da lasanha de frango deliciosa. Até que o mais velho se chegou no cômodo e se sentou na pontinha da mesa retangular, me senti numa era medieval. Nada aconteceu além que conversas paralelas.

— bem, soube do que aconteceu ontem Lumine. — gray diz, juntando suas mãos e ficando mais sério do que já estava.

Lumine espontâneamente Mira em seu irmão com um olhar de "você dedurou", respirando fundo.

— sim. Mas poderíamos esquecer. — ela o responde, na intenção de cortar o assunto e terminar sua refeição de forma pacífica.

— precisamos tomar uma medida. — ele revira sua comida com o garfo, tenso — já conversamos e decidimos que você irá ficar uns dias no Canadá.

Todos ficam em choque, parece que esta parte não tinha sido de acordo a todos, muito menos decidida em conjunto. Parecia que a atmosfera sugava cada ponto vital das pessoas ali.

Olhando para o senhor, escuto um estrondo, Lumine se levantou bruscamente de sua cadeira e pareceu irritada ao extremo. Sinto a vontade de esconder a porra da minha cara debaixo dos panos da mesa, mas com certeza seria puxado a partir do momento que alguma coisa maior estourasse.

— O SENHOR NÃO PODE DECIDIR ISSO POR MIM! JÁ BASTA DESISTIR DO MEU SONHO POR ESSE BASTARDO E AGORA MEU PAIS!? — as mãos da loira batem bruscamente outra vez na mesa, desafiando seu pai que continuava imóvel e calmo.

— lumine querida, calma. — Lily tenta acalmar a situação, encostando na menor com cuidado, mas ela nega a aproximação.

— eu...eu não posso ver você sofrer por ele novamente filha. —  a ficha do mais velho cai, ele esfrega suas mãos no rosto. — anos de terapia, anos que continua lutando por causa deste idiota. A culpa foi minha de ter deixado isso acontecer.

Gray, agora com um olhar melancólico mira a Lumine um sorriso tristonho, com o peso culpa estrondoso que transbordava no seu rosto.
Pela primeira vez nesta manhã pude ver que sua atitude hostil, nada mais era do que amor por sua filha. Ele se sentia culpado pelo o que aconteceu.

— eu quero, que cancele qualquer passagem que já planejou. — ela diz se sentando, agora calma. — eu estou bem pai, acredite.

— por enquanto. — Gray a responde.

— podemos fazer outra coisa, talvez tomar mais cuidado com encontros inesperados. Soube que ele só vai passar um mês por aqui. — Aether abre sua boca, parecia estar pensando muito desde o começo da discussão. — evitar lugares públicos ou afasta-la do café por uns dias.

Todos olham para o gêmeo, e concordam com suas cabeças.
Eu apenas observo o andar da história, parecia mesmo que eu era um fantasma.

— vamos pedir uma ajuda externa, que tal. — Lily agora olha para mim. — o que acha Childe?

Engulo seco, sentindo minha garganta falhar em soltar algum som, a vida de Lumine provavelmente está sobre minhas palavras agora, se eu falar algo errado ela vai me odiar, se eu falar algo certo seu pai vai me odiar.

— bem, seria ótimo Lumine ficar um pouquinho afastada do café. Talvez seja melhor mudar ela para um apartamento, pelo menos por este mês. Já que ele sabe provavelmente onde ela mora.

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