conecto

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Seus dedos oscilavam entre suas mechas loiras e seu cachecol de crochê, ela olhava para o orizonte com calmaria e destreza, pensando em algo talvez profundo e decisivo. Seu celular toca, ela olha para a tela e logo desliza desligando. Segunda vez, terceira, quarta. Até que ela atenda a chamada.
Lumine olha para mim, com tristeza no olhar, desespero. Seus dedos quentes e vermelhos por conta do frio tocam os meus.

— ah, sim. — ela responde ao telefone. — eu estou bem.

procuro não me intrometer em seus assuntos, apenas aproveito o pequeno momento na varanda de sua casa. Havia me chamado para ajudar com algumas coisas, particularmente mudar móveis de lugar.

sinto sua mão estremecer, a olho por precaução. Seu nariz vermelho agora estava pálido, junto as bochechas.

— eu não quero me encontrar com você. — sua voz carrega algo pesado. — não... não quero.

me levantei sabendo já do que se tratava, novamente esta semana, Dain.
tomei o telefone e coloquei na orelha.

— cara, desencana. — falei, escutando sua voz ser cortada. — ela já tem namorado, e sou eu. Se afasta idiota.

pude ouvir pela chamada um pequeno estalo de sua língua.

— não é bem isso que eu sei, Tartaglia.

meus olhos arregalaram, senti vontade de encontrá-lo no mesmo instante, uma pessoa enterrada acabara de voltar.

— vinte e um. — eu sussurrei. — você usava o número vinte e um no boné.

— ainda está com a Memória intacta. — ele ri, friamente. — mas é bom ficar longe da loirinha, se não o ciclo de repete, "vinte e três".

chamada encerrada.

entreguei o celular para a dona, abalado, me sentia fraco, as memórias voltando rapidamente como flashes. Tudo se encaixava, tudo tinha uma boa explicação. Dain, Dainsleif aquele que matou seu melhor amigo com os punhos.
senti os braços de Lumine me rodearem, ela provavelmente não sabia, mas entendia que aquilo não era bom.

— Dain não é só seu ex idiota Lumine. — eu disse, com os olhos irritados.

— o quê?

confusa ela me pergunta.

— ele foi um assassino no exército

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