noite

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Bom dia, capítulo bem curtinho pra cês. Beijinhos da autora.

Já fazia meia hora que eu encarava o teto do meu quarto, pensando e pensando sem parar em todas as cenas que rolaram na minha cabeça.
Talvez eu estivesse cada dia mais louca, ou aquilo foi algo de minha imaginação.
Uma sensação ruim e dolorosa invadia meu peito, e desde que cheguei não falei com mais ninguém. Queria processar tudo, tudo.
Dainsleif me bombardeou com as mesmas palavras que me enganou, me fez sentir nostalgia, saudade de seu toque. E me sinto traidora de minha própria ética por isso. A única coisa que poderia curar essa dor, talvez fosse umas duas garrafas bem cheias de tequila, que ardessem mais que meu peito. Mas que minha própria consciência.
Não fiz questão de dormir, sabia que teria uma crise após um sonho qualquer do passado. Meus pais estavam dormindo esta hora e eu não poderia ligar para avisar sobre isso, e Aether estava também em sua cama.
Até o próprio mocchi fez o trabalho de dormir em sua própria cama. Me deixando só.
Childe veio a viagem inteira me escutando soluçar, e fez o que eu mais queria no momento, silêncio. Seu olhar expressava tudo, menos felicidade.
A diversão que tanto procurávamos hoje foi por água a baixo, me sinto um pouco feliz por tirarmos ao menos aquelas fotos da cabine.
E se Dainsleif quiser voltar?
E se ele me procurar? Vou ter que me mudar novamente?
E se ele manchar a carreira de hóquei do Childe?

Com certeza o loiro pensou que éramos um casal. E eu sei até onde vai os limites de Dain, vivenciei sua maestria em culpar e manipular os outros por anos. E fui uma das vítimas.
Eu não faço ideia de qual é o limite de sua inteligência.
Mas sei que ele ainda quer algo de mim.
Meus pensamentos são interrompidos pela vibração do meu celular, mostrando notificações recentes. Abro a conversa do ruivo e me assusto por ele estar acordado tão tarde.

Childe👍: "tá acordada loirinha?
                                                Você: "sim"
Childe👍: " tá tudo bem? Você tá melhor?"
                                               Você: "sim."
Childe👍: "abre a janela."
                                                Você: "céus."

Me levanto da minha cama preguiçosamente, indo até a grande janela do meu quarto. Aether insistiu que nossa casa tivesse pequenas sacadas, ele gosta desse tipo de estilo. Mas pra ser sincera nunca gostei da claridade de manhã, as cortinas daqui de casa sempre são brancas. Quando chego me encosto vendo um ruivo relutando para conseguir subir o pequeno videiro ao lado do meu quarto, quando chega na ponta estendo minha mão para ele.

— estava preocupado. — diz, respirando eufórico. — ah, trouxe lanches.

— você é tão aleatório. — sorri, batendo em sua camisa cheia de folhas.

— eu já falei, estava preocupado. — ele caminha pelo quarto e eu o sigo. — afinal, somos amigos.

— é.

O garoto se senta em minha cama e vai abrindo as embalagens, com um sorriso genuíno em seu rosto. Ele parecia querer me deixar animada, e isso me fez bem.

— eu não sabia do que você gostava. Então trouxe vários sabores. — abriu pacote por pacote. E foi apontando. — esse aqui é empanado, hambúrguer tradicional, de frango e hmmm esse é vegano.

— você é tão exagerado! — eu ri, bagunçando seus cabelos, a única coisa que me deu em resposta foi rir comigo.

— esqueci do principal. — ele diz, abrindo a última sacola. — as batatas fritas com cheddar!

Minha barriga ronca ao sentir o cheiro daqueles deliciosos lanches. Eu agradeço demais por ter Childe na minha vida.

— obrigada ferrugem. — falei de boca cheia enquanto sentava de pernas cruzadas em sua frente.

— nós não comemos quando saímos. — ele limpa a garganta. — e presumi que você não comeu depois.

— você acertou. — eu ri.

O silêncio então findou no cômodo, era só eu e ele mastigando e tudo que viam pela frente. Seria agradável se não estivéssemos acostumados com a falta de diálogo. Me lembra do tempo em que Dain se recusava a falar comigo quando jantava-mos.

— me conte uma história engraçada! — quebrei o silêncio.

— hmmm. — Childe pareceu pensar, dando tempo de engolir o pedaço do lanche que estava em sua boca. — quando eu era pequeno tinha medo de anões.

— anões??!?!?

— sim. — ele riu. — sei lá, na minha mente de criança eles eram pessoas da minha idade que eram superdotados e tinham que fingir ser adultos.

— isso faz muito sentido. — concordei, analisando a teoria infantil do meu amigo.

— sua vez. — me disse.

— ah, quando eu tinha seis anos decidi com Aether de pular de um barranco enorme perto da nossa casa.

— isso foi insano. Mas o que aconteceu?

— eu empurrei Aether primeiro, mas quando vi ele batendo a cabeça nas Pedrinhas me desesperei. — eu não contive minha risada e ele também não. — ganhamos dois meses sem vídeo game e Aether uma puta de cicatriz no canto da testa.

Childe gargalha, dando tapinhas no próprio peito.

— quando perguntei a ele sobre essa cicatriz ele disse que foi por causa de uma luta. — ele ri mais ainda. — tadinho.

— não sabia que ele mentia sobre isso! — continuei rindo.

Um barulho vem do quarto ao lado, um ranger da porta do quarto de Aether, seguido pelo som de passos no corredor. No desespero arrumei um jeito de socar todas as embalagens em baixo da minha cama.

— Childe, pra baixo do Edredom agora! — gritei, puxando seus cabelos pra baixo. Escondendo seu corpo encolhido enquanto o abraçava.

A porta do quarto é aberta, os passos cada vez mais perto da cama. Fecho meus olhos assim que me sinto observada. Aether me dá dois tapinhas no ombro.

— ei Lumi, tá tudo bem? — me perguntou.

Finjo acordar e esfrego meus olhos. Sorrio para meu irmão que tinha uma feição preocupada.
Ele senta na cama, e eu estremeço, por que sinto Childe se espremer mais ainda para que Aether não o note. A única coisa que posso saber é que sua cara está enfiada nos meus seios.
— estou sim. — o respondo, meu irmão coloca sua mão direita na minha testa, tentando ver se estou com febre. — só estou cansada.

— então vou deixar você dormir, amanhã nós vamos falar com a mama e o papa.

— ok.

Ele se levanta e sai, deixando a porta fechada. Quando tiro o edredom de cima do corpo de nós dois, vejo o ruivo totalmente paralisado com a cara em dois montes fofinhos. Ele se levanta, e me olha de cima a baixo.

— que experiência assustadora. — respira aliviado.

— mas parece que não odiou. — o provoco, me referindo a grande visão que estava tendo.

— realmente. — ele se levanta e vai ajeitando suas roupas. — amanhã vai ver sua família?

— sim.

— posso ir junto?

— pode. — disse o vendo arrumar todas as coisas. — já vai?

Segurei a ponta da sua camisa, não deixando continuar a fazer o que pretendia.

— o que foi? —  afagou meus cabelos.

— não quero ficar sozinha. — abracei Childe. Quase chorando novamente.

— vamos nos divertir amanhã na casa dos seus pais. — ergueu seu dedo mindinho, e enlacei o meu ao dele. — prometo te provocar o dia inteiro.

— vai ter café sem açúcar.

— pufttt, querida. — fez uma pose de recalque. — já tô amando esse gosto amargo de Manhã. Já acordei com você.

— filho da put-










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