The Finale - Part Two.

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DINAH POV

Ela estava no topo do mundo.

Em segundos eu assisti à sua queda.

E nada pude fazer para mudar aquele cenário.

Tudo o que eu sentia naquele momento, em uma palavra, poderia resumir-se em uma grande explosão.

Dentro do meu corpo, uma explosão de raiva, revolta e todos os sentimentos ruins que existiam no mundo. Dentro da minha mente, o desejo de explodir, tanto fisicamente, como também explodir aquele lugar. Tentei fingir estar bem pelo menos no exterior para transmitir um pouco de força para a pessoa que mais precisava naquele momento, mas eu simplesmente era incapaz de reunir forças depois do que acabou de acontecer naquele palco.

Para qualquer lado que se olhasse, a confusão estava estampada. Nos rostos das pessoas, dos jurados, dos concorrentes, até mesmo dos cameramen. Ninguém entendeu nada. E quem tentasse entender ainda chegaria à conclusão errada, tamanha fora a cena meticulosamente arquitetada para fazê-la falhar. Tão bem projetado foi que, confesso, até eu demorei um tempo para compreender que aquilo não havia sido apenas mero nervosismo da parte de Normani. Entretanto, não fora tão difícil chegar a uma conclusão final, conhecendo bem sua dupla de dança com quem convivi durante três anos sob o mesmo teto.

Ally, Ellie, Lauren e Camila dividiam seus olhares entre Normani e eu, esperando algum tipo de reação da nossa parte que eu não sabia qual era e talvez nem elas mesmas soubessem. Eu não conseguia sequer olhar para elas porque eu sabia que se o fizesse, elas teriam algo a dizer, e o que quer que fosse, eu não tinha condições de formular respostas nem para a pergunta mais simples do mundo. Eu me sentia fraca e impotente. Ver minha namorada sendo feita de chacota em rede nacional, caindo em uma armadilha tão bem feita a ponto de fazer com que ela saísse como desastrada, despreparada ou o que quer que seja em plena final de programa e não poder fazer nada para impedir me incomodava ao extremo. E me incomodava mais ainda o fato de depois de tudo aquilo ela precisar fingir que estava feliz e que amava seu parceiro de dança apenas para manter as aparências, mesmo estando a um passo de desmoronar.

Quando vi seus olhos tristes e angustiados encontrarem os meus, fiz um grande esforço para conter minhas próprias lágrimas e a vontade quase que incontrolável de descer aquelas arquibancadas e levá-la embora daquele ambiente tóxico o mais rápido possível. Mesmo de tão longe, era nítida a desordem por trás daquele par de olhos castanho escuro que me encarava do salão, por mais que ela tentasse disfarçar. Estavam marejados, desnorteados, olhando para mim como se suplicassem por socorro ou pelo menos algum tipo de conforto que a impedisse de desabar ali mesmo, na frente de todos. Então, imediatamente fiz a única coisa que poderia fazer no momento e levantei os cartazes que tinha confeccionado com as meninas, cutucando-as para que imitassem meu gesto e elas assim fizeram. Um sorriso bem fraco imediatamente brotou no canto de seu rosto, mas era evidente que aquilo era apenas um paliativo, não ajudava em nada de fato. Balbuciei um "eu te amo" para ela repetidas vezes de forma discreta e a minúscula curva de seus lábios aumentou singelamente de tamanho. Sorri de volta. Era bom ver que mesmo em meio a todo o caos instalado dentro de si, eu tinha conseguido fazê-la esboçar um sorriso, ainda que com algo simples.

Nossa pequena e discreta interação, que por alguns segundos nos tirou daquela atmosfera mórbida, foi interrompida pelo meu ex-marido, que puxou Normani pela cintura para que ficasse ao lado dele enquanto ouvia as observações dos jurados, as quais eu nem consegui me concentrar para escutar. Só consegui absorver algumas palavras positivas soltas que disseram e nada mais. Nenhum deles teceu comentários sobre possíveis razões que teriam levado aos erros, pelo menos até onde posso me lembrar, o que me levava a crer que aparentemente a visão deles sobre aquilo se assemelhava com a minha teoria. Só não era a mesma porque, claro, eles não sabiam um terço da pessoa real de Valentin por trás daquele rostinho sorridente. Até porque seria bem difícil de acreditar com um ser tão dissimulado como aquele, que agora beijava a cabeça da minha namorada e rasgava elogios a ela e à parceria que tiveram durante essas dez semanas como se realmente tivesse sido desenvolvido um laço além daquilo. O sangue que subiu em meus olhos ao ver aquela cena foi tão intenso que foi percebido por Lauren, que pegou em meu braço instintivamente, sabendo que se eu seguisse meus impulsos, só Deus sabe o que eu faria.

Two Sides - NorminahOnde histórias criam vida. Descubra agora