cap.160

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Cap.160
Os dois homens saem da grande casa parecendo trapos, as roupas sujas de sangue, o rosto quase irreconhecível por causa do sangue e dos hematomas, mal conseguiam andar sem precisar da ajuda um do outro.
— sabe… desejava que tivéssemos tido essa conversa antes da pancadaria, me sentir um Seagreme agora. — lamenta Matheus ao se apoiar no carro antes de abrir a porta.
— Você mereceu cada porrada.
— relaxa… você também mereceu.
Seguem viagem até o apartamento de Brady, sobem o elevador juntos e seguem até a porta, ambos receosos em bater na porta.
— tudo bem…. São dois caras estranhos, um de nós fica com a pistola e os outros dois atacam — explica Brady com a arma na mão observando os dois homens irreconhecíveis.
A campainha toca e Brady se prepara apontando a arma para a porta, enquanto as meninas estão escondidas no quarto.
Assim que a porta abre os meninos ataca os dois homens sem nem pensar os lançando contra a parede.
— Ayrlon! — Matheus grita após receber o pontapé contra o estômago.
— Pai! Puta que pariu! — rosna cético ao ver a situação do homem.
— sua mãe te pariu, mas eu vou te tirar da terra… ai…. — resmunga de dor enquanto os meninos os ajudam a ficar de pé e os leva até o sofá.
— Mas que diabos aconteceu? E esse é o pai das meninas? — pergunta ele já com receio.
— Onde estão as meninas?
— Escondidas no quarto. — explica Ayrlon.
— Quero falar com minhas filhas. — pede Caio, então os meninos se encaram apreensivos.
— Pai, vocês estavam brigando? — pergunta Ayrlon.
— Briga amigável, estávamos… — diz receoso encarando caio.
— Bom… — limpa a garganta pensando no que dizer e se levantar. — antes de tudo, eu gostaria de pedir desculpas pelas minhas atitudes extremistas ainda tentando te matar, aquilo não foi maduro.- balbucia ao dizer e todos na sala ficam em silêncio ainda sem acreditar no que estava ouvindo.
— E… — suspira Ayrlon ainda sem saber o que dizer.
— Onde estão minhas filhas? — pergunta até que a porta do quarto a suas costas se abre e dele sai Leydi.
— A Kity ainda está dormindo e não recomendo… — ficou muda ao ver a cara de seu pai e Matheus. — o que aconteceu?
— já não imagina? Nossos pais só sabem resolver as coisas na pancadaria. — comenta Brady.
— Pai, eu sinto muito, mas se veio brigar, eu quero que saiba que eu não vou voltar, além disso eu sou bem grandinha para decidir por mim mesma, então… — tenta completar e seus olhos marejam em súplica já esperando o surto que viria logo após, mas ele apenas sorriu e foi em sua direção.
— Me perdoe, eu não quero perder vocês, pode ficar onde você quiser, com quem você quiser, eu não estava pensando direito, quero você e a Kity felizes onde quiserem estar, só não me odeiem mais… — pede a envolvendo em seus braços, Leydi ficou sem reação nenhuma após ser bombardeada de todas aquelas palavras, ela ficou em dúvida se isso realmente era seu pai. — como está Kity?
— Sempre se isolando… não quer falar com ninguém desde que voltou, é sempre assim, o tio Cassius marcou as consultas no psicólogo para ela, porém ela não foi a nenhuma consulta.
— Eu quero conversar com a minha filha.
— Talvez… — murmura temerosa. — olha… se você mudou, então… — balbucia segurando a mão do seu pai o impedindo de ir. — Por favor, as coisas já estão bem difíceis, está cada dia mais difíceis e nem faz tantos dias que voltamos.
— Tudo bem, eu sou o pai dela, eu deveria ter a protegido, ao menos me deixe vê-la, eu não pude cuidar e conversar com ela nenhuma vez desde que isso lhe aconteceu.
Leydi segue com ele até o quarto onde Kity ainda dormia encolhida embaixo da coberta.
— será que ela vai se assustar se eu acordá-la estando desse jeito? — pergunta preocupado com as roupas cheias de sangue.
— ela no mínimo vai pensar que você matou todo mundo e veio levar a gente embora. — comenta com ironia ele apenas sorri desconcertada ainda assim segue até a menina.
Leydi a acorda gentilmente, assim que ela avista o pai de início se assusta, mas logo se acalma.
— Pode nos deixar sozinho? — pergunta ele a Leydi enquanto Kity se levanta.
— Está tudo bem, ele só quer conversar. — diz Leydi a Kity.
Ele permanece por alguns minutos em silêncio até finalmente a abraçar.
— Você vai perdoar seu velho pai louco, certo? — pergunta com os lábios trêmulos enquanto ela tenta assimilar.
— desde quando você abraça? — pergunta confusa.
— Desde sempre, eu sinto muito por te fazer pensar que invés de te ajudar eu iria até julgar, eu quero consertar as coisas ao menos com vocês e voltar a agir como um bom pai.
— Você está falando sério, ou as porradas que levou te fez ficar doido? Não veio buscar nos duas para nos levar embora? Não matou o Ayrlon.
— não… vocês podem ficar aqui se quiserem, eu só decidi que quero esquecer o passado e seguir em frente, quero ser um pai mais presente também, alguém com quem vocês possam conversar e desabafar, tudo bem?
— tudo bem… — balbucia deixando algumas lágrimas caírem.
— Prometo que quando as coisas estiverem dando errado eu estarei lá da próxima vez para resolver em outras situações, porque isso nunca mais vai te acontecer de novo, vou cuidar de vocês independente da idade de vocês.
Eles ficaram alguns minutos conversando e Kitty finalmente pode desabafar e ter um pai lhe acolhendo, logo após ele estava finalmente fora do quarto.
Os mais jovens o encaravam com receio, esperando algum ataque, contudo Matheus se levanta tranquilo  encarando balançando a cabeça positivamente.
— Acredito que já possamos ir embora. — comenta Matheus.
— por hora… — suspira caio.
— Vocês vão sair assim? Vão pensar que a gente tentou matar vocês e as chances da polícia bater em nossa porta são grandes. — comentou Brady cético.
Ele seguiu até um gaveteiro que tem em seu quarto e trouxe os kits de primeiro socorros, Leydi e Kity com Liz ajudaram e cuidaram dos ferimentos dos dois adultos inconsequentes, em seguida trocaram de roupas e foram liberados para ir embora.
— Faz quantos anos que a gente não bebe juntos? — pergunta Matheus de repente quando saem.
— Acredito que já faz muitos anos, vinte e cinco anos?
— uau… é muito tempo, esperamos ficar velhos para resolver essa merda em que nos enfiamos. — murmurou pensativo enquanto seguem juntos para o elevador, os meninos observam furtivamente enquanto os dois mancam e seguem até a cabine.
— Então vamos beber um pouco, depois dessa briga eu não sei quantos dias vou ficar sem andar direito, quero aproveitar enquanto ainda posso. — comentou segurando no ombro de Caio que também se apoia no seu e entram na cabine.
— Cada dia um surto diferente, cada dia… — comentou Brady o único que ainda tinha algo para falar depois de toda essa loucura.
Assim que entraram, começaram a pular e comemorar de alegria, era mais uma luta vencida com aqueles adultos cabeça dura, motivo de risos e gritaria.

Cassius. vol.4 A queda das potências. Ato fina.Onde histórias criam vida. Descubra agora