cap.173

132 22 1
                                    

Cap.173
Cassius assim que chega em casa encontra Laysa sentada na escada com o telefone na mão, ela se levanta ansiosa indo até ela.
— Como ela está?
— Bom… ainda é um pouco delicado, os médicos não sabem se vai sobreviver, tudo depende dela agora. — tenta explicar da forma mais calma possível, mas Laysa desabou em seus braços. — como está Lilith?
— sinceramente? — pergunta com a voz falha.
— Eu lhe dei o remédio para dor de cabeça e um calmante, estava com medo dela ter uma crise e acabar nós duas se machucando enquanto tento acalmá-la.
— Fez bem. — ele sorri ternamente acariciando seu cabelo. — Mas Lilith já não toma isso faz tempo, ela joga fora. — Laysa o encara surpresa.
— como assim?
— Lilith não gosta de remédios, você não lembra quando estava fazendo o tratamento? Ela odiava o efeito que aquilo tinha, ela não gosta de se sentir tão normal, diz ela. — abre um sorriso de orelha a orelha. — é engraçado, ela diz que é ruim ser normal, sua mente não para, ela gosta de ser agitada, mesmo que os remédios ajude para que ela tenha uma vida normal.
— Ah… então ela não está tranquila em seu quarto, certo?
— Não, ela não está.
— Você parece que aprendeu a lidar tão bem com ela… — sorri apreensiva.
— Por você e para te ver bem, sim, e por que eu amo muito vocês, quero que ela viva da melhor maneira possível, mesmo que eu tenha errado quando a mimei.
— Ela não é mimada. É manipuladora e gosta de te colocar no bolso porque você é muito rigoroso.
— Não, ela é mimada.
— Cassius… você punia Lilith da mesma forma que punia os rapazes, colocava ela de castigo, eu até tinha receio e vontade de pegar meu beber de volta, ela não é mimada só aprendeu a como te manipular, é a lei da sobrevivência para lidar com um cabeça dura que nem Cassius.
Cassius lhe encara sem nem mesmo piscar.
— Como? Como eu lido com o monstro que eu mesmo criei? — resmunga subindo a escada. — ela trocou de roupa?
— Não, ela nem mesmo quis tomar banho, eu já estava desesperada para que você pudesse dar um jeito nisso. — confessa aliviada.
— Sério que ela está com aquele vestido? Aquela roupa?
— Não consegui…
Cassius segue para o banho de Lilith, assim que entra a encontra sentada na cama com as pernas encolhidas ainda chorando, ele olha ao redor sem reação, a sua estante de livros estava virada no chão, várias roupas jogadas.
— Eu tentei… — sua voz embargou ao tentar falar com seu pai.
Cassius em silêncio começou a recolher todas as coisas do chão, levantou a sua estante, arrastou os livros para o canto com uma vassoura, apenas para liberar o caminho, assim como também  fez com as roupas, não arrumaria nada, apenas afastou tudo e tirou o excesso da bagunça, até que ela estivesse bem e arrumasse tudo do seu jeito.
— Eu sinto muito, mas não vai ficar na cama assim! — assevera a pegando em seus braços.
— Pai, o que está fazendo? — protesta tentando se debater em seus braços.
Cassius a leva para o banheiro mesmo que contra a sua vontade.]
— O que está fazendo? — pergunta aborrecida.
— Você vai tomar banho e tirar esse vestido. — diz a colocando cuidadosamente no chão.
— Eu não quero!
— Vamos, você está cheia de sangue.
Diz tentando desamarrar seu vestido para que ela pudesse tomar banho.
— Eu não quero que me veja sem roupa, é tão inadequado! — diz apertando o vestido contra o corpo.
— Quem disse que eu vou te ver? Só estou desamarrando o vestido, além disso eu troquei suas fraldas mais vezes que sua mãe, não se esqueça disso e você é a coisa mais feia que eu já vi.
— Pai! Você é tão inconveniente!
— É sério, você tinha uma barriga bem grande, mal dava para ver o fazedor de pipi, e popô, nem tinha, era uma lombriga barriguda… — nem mesmo ele aguentou com a própria palhaçada enquanto Lilith estava vermelha de vergonha e raiva.
— Você é o pai mais constrangedor… ei! — protesta quando ele a levanta e coloca dentro da banheira.
— Pronto. Seu vestido já está solto, você mesma faz o resto, não é mais um bebe. — comentou pegando a mangueirinha do chuveiro e ligando o jato contra o rosto de Lilith que se encolhe na banheira, tentando se proteger, até o jato de água parar e ele fechar a porta da área do banho ficando próximo a pia, encostado ao mármore mantendo-se pensativo enquanto ouve a água caindo.
— você pode pegar as coroas? — pergunta Lilith, então ele sai do quarto e procura os objetos, de tudo que estava no chão, ela manteve as duas jóias intactas em cima da cômoda, estava tão sujas de sangue que não tinha mais beleza.
Cassius entrega a ela pela brecha em seguida se senta no vaso sanitário para a esperar.
— Pai… o que vou fazer? — pergunta já despida agora lavando as coroas.
— Apenas rezar, você sabe rezar?
— Não sei bem… você acredita em deus? Eu… talvez se eu fizer isso… uma divindade a pode salvar?
— Eu lembro a ultima vez que eu orei. — sorri sem jeito com a cabeça baixa. — Não tinha nada que eu pudesse fazer com as minhas mãos, foi a quase dezenove anos atrás… e ele me ouviu, então acredito que se você pedir, quem sabe Deus não te atenda.
— Quando?
— o que?
— Quando foi que você orou?
— Quando sua mãe estava morta… — sua voz aperta ao se recordar. — você sabe, todos  falam disso, é uma história que nunca morre, um coração improvável, aquilo tinha tudo para dar errada, as chances daquele coração não ser recusado, eu fiz minha promessa e fiz meu pedido, e você está aqui, Laysa está supostamente no quarto, suponho que chorando, mas… a última e primeira vez que orei, eu vi algo incrível acontecer.
— O que você prometeu?
— Prometi nunca mais magoar sua mãe.
— Ela tem sorte, Deus então deve gostar muito dela.
— acredito que sim.
— Você promete?
— O que?
— Não me deixe nunca, promete? Se um dia você se for, eu vou junto com você… vivemos um pelo outro e morremos um pelo outro, pai.
— Vivemos um pelo outro e morremos um pelo outro. — sorri confirmando.
— Mas… você entendeu errado.
— Não…
— Mas vivemos um pelo outro, se eu morrer, você vai continuar vivendo porque é isso que eu desejaria que você fizesse, morremos um pelo outro, porque eu daria a minha vida sem nem pensar para salvar você.
— E assim ao contrário, mas… eu vou morrer se você morrer, não sei viver sem você na minha vida.
— Você já vai ser uma mulher adulta, estará ainda mais linda, madura, e sinceramente… hoje eu percebi que você está nas mãos da pessoa certa, Ramis te conhece tão bem quanto seu velho pai.
— Eu não escolheria um homem que não servisse para mim, na verdade ele é meu ponto de equilíbrio.
— Que merda! Deveria ser eu. — protesta cético.
— Mas você é o ponto de equilíbrio da mamãe, você já está muito sobrecarregado, está sempre resolvendo tudo e carregando tudo nas costas.
— quando você amadureceu tanto?
— Eu não sou mais uma menina, e já fiz coisas que você…
— Não gostaria de saber nem fodendo, assunto encerrado. — vocifera incomodado.
Após terminar o banho Cassius lhe entregou o roupão e a levou de volta para sua cama, ainda estava cético com a forma como ela bagunçou tudo sem nem poder colocar os pés no chão.

Cassius. vol.4 A queda das potências. Ato fina.Onde histórias criam vida. Descubra agora