cap.94/ 95

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cap. 94: Um momento único.

Estavam todos reunidos no quarto, de frente para a cama de Braston. Ele estava dormindo, e todos observavam apreensivos, esperando que ele abrisse os olhos.

— Então? — Molly perguntou a Nate, que demonstrava calma, contendo o riso.

— Ele está sob efeito de alguns medicamentos, mas vai acabar em um, dois, três... — Nate contava em tom baixo.

Braston abriu os olhos lentamente. Todos à sua frente pareciam um borrão, mas ele estava ali. Com esforço, apoiou-se, erguendo o tronco e se sentando, ainda esperando sua visão se equilibrar. Assim que o embaçado ganhou forma, seus lábios se comprimiram, e sua respiração ficou irregular, enquanto algumas lágrimas estavam prestes a escapar.

— Que inferno... — lamentou-se, limpando os olhos com o antebraço. A cena ficou ainda mais dramática quando ele se deitou bruscamente, sem se importar com a dor.

Molly, assustada, aproximou-se dele com cautela. Ela nunca havia visto Braston reagir emocionalmente daquela forma.

— Querido... — ela sussurrou, estendendo a mão, mas afastou-se novamente com o reverter dele.

— Que diabos... Eu sei que eu estava indo para o inferno, mas vocês não deveriam ter morrido! — asseverou, naquele momento, todos ficaram sem palavras, a emoção transformou-se em expressões de indagação, enquanto Nate mantinha os braços cruzados, contendo o riso.

— Por que estão todos no inferno? Cassius, eu até esperava, mas... — ele perguntou, enquanto os outros encaravam Nate. Ninguém estava entendendo nada.

— Que inferno, seu desgraçado! — Cassius asseverou, sentindo-se ofendido.

— Pro céu você não foi! Eu sei que nem você... e nem a maioria aqui vai para o céu! — asseverou, ainda sentindo o peito apertar com o desespero. — Lili... — chamou, estendendo a mão para ela, que se aproximou dele.

— Oi, tio. — ela disse, insegura, sorrindo.

— Por que você está aqui? Como você morreu? Seu pai é mesmo um inútil, deixou todos morrerem? Esse desgraçado! — asseverou, ainda mais dramático, enquanto Nate agora havia se afastado, ficando atrás dos outros, escondendo-se e tentando manter-se sério.

— Que diabos há de errado com esse homem agora? — Frederick perguntou, enquanto Fany observava o pai dando chilique.

— Lili, não! Ela não podia ir para o inferno! — ele continuava a se lamentar.

— Ele pensa que estamos mortos, esse infeliz acorda pra pregar peças? — Cassius resmungou de mau humor. — E como assim só Lilith não merecia? Já viu quantas pessoas estão aqui? Acha que todos merecem o inferno?

— Do que está falando agora? Até parece que não! E essa discussão não vai nos levar a lugar nenhum, estamos todos no inferno! Céus! — ele esbugalhou os olhos quando viu Leydi e o bebê dela nos braços. — Eles não pouparam nem um bebê, o que há de errado? Por que vocês arrastaram um bebê para o inferno?

— Ele ficou louco? — Leydi perguntou, apertando seu bebê nos braços, apreensiva.

— Pai? — Fany o chamou, confusa. — Eu também iria para o inferno? — perguntou, com um tom de indignação.

— Você e seu marido, assim como os irmãos dele e todos, menos Lilith, — ele disse com birra, virando-se de lado, ignorando-os.

— É assim que ele é meu pai? Que crime eu cometi? — ela protestou.

— Mas... eu não estou vendo nosso pai, sabia que ele ia para o céu... mas eu queria que ele estivesse no inferno agora só para eu ver ele ao menos uma última vez vivo... — Braston se lamentou. — Sei que isso é egoísta, mas como já está todo mundo aqui...

Cassius. vol.4 A queda das potências. Ato fina.Onde histórias criam vida. Descubra agora