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Minho*

O dia estava um tanto corrido e nem havia começado direito. Já era o fim da manhã e eu precisava mais do que nunca terminar de arrumar a cozinha e ir tomar banho, pois tinha que seguir pra faculdade ajudar na organização das entradas, listas de presença e toda coisa pequena que os diretores da atlética me mandassem fazer, ainda mais num evento de grande demanda e várias apresentações.

Ao fim das minhas tarefas, caminho para meu quarto, vendo de longe um pedaço de papel por cima de meu travesseiro, já era o sétimo desde o primeiro que recebi no ônibus e eu sabia que eram poemas do Jisung, porém essa ficha não chegava no meu pensamento emocional, simplesmente morria no racional e começava uma luta interna infinita de que o rapaz, me fazia poemas tão lindos e que ainda criou coragem de me mostrar.

"pega o número 23
vem pra cá
vem pra minha casa

vem e me abraça
me beija
me ame
e de tudo se esqueça

apenas!!!!
pegue o número 23."

Esse era o da vez e simplesmente, como todas as outras vezes, eu perdia o ar com as palavras, com cada uma delas.

Faço um biquinho e suspiro novamente, dobrando o pedaço de papel e guardando junto dos outros, indo para o corredor e vendo Felix entrando no próprio quarto, não demorando a ir atrás dele.

— É você quem está deixando esses bilhetes na minha cama?

— Bom dia?

— Sério, eu realmente preciso saber se é você.

— Não sei do que está falando. – levantou as mãos como se estivesse se rendendo.

Bufo um tanto irritado, não com o rapaz, mas sim comigo mesmo, era algo tão óbvio mas meu cérebro só processaria a informação depois de ter 100% de certeza.

Completamente derrotado, saio do cômodo e volto para o quarto, pegando minhas coisas e caminhando para o banheiro de vez. Eu sabia que era ele quem deixava, Lix após a festa de semana passada, a qual infelizmente só vi Jisung dançando e nada mais, ambos haviam retomado a amizade e eu agradecia por isso, já era desumano ver o australiano tão triste pelos cantos.

Enfim, já de banho tomado e vestido, aviso num geral que estou saindo e vou pra frente de casa, não demorando muito pra pegar o n°23, dando boa tarde ao motorista e logo passando a catraca, vendo nos bancos do fundo, uma cabeleira azul (já um tanto desbotado) que conhecia muito bem.

O rapaz estava tão concentrado e até mesmo um pouco desesperado com alguns papéis em seu colo que nem foi capaz de perceber minha presença. Era estranho vê-lo naquele lugar, já que o ônibus estava vazio e ele normalmente sentava nos bancos altos, talvez realmente não quer ser incomodado e mesmo assim, não teria coragem de ir falar com o mesmo.

Sentei em meu lugar de costume e fui vendo as mensagens do grupo da atlética, avisando que já estava chegando pra cobrir meu turno, pois o evento já estava prestes a começar.

Não demorando muito, dou uma corrida desde a entrada do campus até o salão das apresentações e vou falando com os diretores da liga, assumindo primeiramente o posto da lista de presença e ir colocando a pulseiras nas pessoas que chegassem.

— Olá! Nome, por favor? – falo baixinho, de olho na folha e não pra pessoa, já estava até cansado de tanta gente que tinha passado.

— Que nome? – escutei a voz trêmula, olhando pra cima e vendo um Jisung completamente perdido.

— Amor da sua vida e Felix. – outra voz grave respondeu antes mesmo deu me pronunciar, só apenas rindo e concordando com a cabeça.

Dei a pulseira para os dois e fiz a marcação do nome de ambos, vendo praticamente Lix arrastando um Jisung todo se tremendo pra dentro do local.

Sempre no 23 !¡ minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora