Minho*
O dia estava todo lindo, simplesmente calmo e caótico na mesma intensidade, pois o lugar transmitia paz mas os meninos transmitiam inferno na terra, já que nunca vi tanto maluco reunido no mesmo lugar.
Passei a manhã na água com Jisung, Felix e Seungmin, depois vim ajudar Chan e Innie a cozinhar nosso almoço e vamos dizer que o rapaz é bem perspicaz aos detalhes, talvez seja a convivência com Jeongin ou o espírito de líder e a responsabilidade de ser o mais velho. Amava isso, por sinal, fazia tempos que queria um hyung no grupo para que eu não precisasse tomar frente de tudo.
— E então, meu rei? Vai ficar de segredinho ou me contar o que aconteceu? – o mais velho soltou.
— Não sei do que você está falando, hyung.
— Você não me engana, Minho hyung. – Jeongin se pronunciou enquanto cortava os legumes – Você está estranho com Jisung.
Solto arzinho pelo nariz, concordando comigo mesmo que meus pensamentos estavam certos, talvez ambos.
— Vocês devem saber quem é Yeji, né? – falo baixinho e escuto Chan deixar a tampa da panela cair e Innie virar a cabeça, parando abruptamente o que estava fazendo.
— Sim. – disseram.
— Ela veio falar comigo, não sei o motivo, mas não foi nada demais, fiquei meio distante por não querer pensar no assunto e também pelo meu emprego estar sugando minhas energias.
Vi os dois se olharem e depois voltarem pra mim, suspirando pesadamente e pedindo para qualquer Deus que eles acreditassem nessa meia verdade.
— Tudo bem. Não fique com essa mulher na cabeça, ela não tem nada de bom pra oferecer. – Channie comentou, pegando novamente a tampa e voltando ao que fazia, assim como Jeongin.
Agradeci mentalmente e voltei a prestar atenção na minha parte do serviço, rindo baixo por ver Hyunjin e Felix chegando e berrando, trazendo a caixinha de som no ombro e festejando no meio da cozinha, enquanto Changbin e Jisung se mantiveram do lado de fora da casa, apenas tomando sol. Era lindo como o luz batia no cabelo azul desbotado do rapaz, me arrancando mais sorrisos e tendo um leve aperto no peito por lembrar das coisas que ouvi e vi da estranha mulher que me parou pra conversar.
Dias atrás...
Estava animado para voltar pra casa, era um sábado e meu paciente do estágio não havia aparecido, então estava livre pra ir embora. Planejava sair com Jisung mais uma vez e pelo horário cedo, levá-lo para o parque novamente, pois haveria uma feira de artesanato e seria interessante comprar coisinhas com ele.
Andando pelo campus até a saída principal, sinto alguém parando na minha frente enquanto guardo meu jaleco na mochila e pegando o celular.
— Oi! Posso te ajudar em algo? – falo num tom amigável, sorrindo da mesma forma e mantendo o celular na mão, mesmo que meus olhos estivessem na garota.
— Você é Lee Know, certo? Eu sou Yeji.
Ditou e suspirou, me encarando como se esperasse alguma resposta, não sei do que exatamente, então apenas fico encarando de volta.
— Olá, Yeji. Será que precisa de alguma coisa?
— Você não me conhece?
— Eu deveria? – me assusto com a cara de espanto da menina, ficando cada vez mais confuso com aquela situação. – Desculpa alguma coisa, mas eu preciso ir.
Passo pela garota após dar um tchau com a mão e volto a caminhar para a saída, mas sinto a outra puxar levemente minha blusa.
— Eu sou a ex do Hannie.
Paro de vez de andar, arqueando uma sobrancelha e virando de frente para a mesma.
— Achei que iria me reconhecer, Jisung sempre está falando de mim.
— Sinto te informar que talvez não.
Não era bem verdade, Han já havia me falando que teve uma namorada há anos e que não tinha terminado bem, mas nunca tocou no assunto tão profundamente e só pelo pouco que falava, sabia que era um assunto delicado, daria todo o espaço que ele precisasse pra se caso quisesse comentar sobre.
— Bem, eu só queria te avisar de umas coisas... É que eu sou uma pessoa muito legal, sabe? – segurei todos os impulsos de revirar os olhos – Então só venho te avisar que não crie sentimentos pelo Hannie.
— Você nem me conhece, nem sei como sabe sobre minha pessoa.
— Eu vejo como olha para ele nas fotos! Inclusive, não acha estranho como ele nunca posta algo com você? Quantos poemas ele já te fez? Já chegou a te mostrar algum? Você não tem nada que signifique pra ele.
— Por que está me infernizando, hein? Pelo o que sei, faz anos que vocês namoraram, você não tem alguém já? Pare de se meter na minha vida e na vida do Jisung.
Tento não elevar meu tom de voz e volto a andar rumo ao meu destino, olhando no relógio e xingando tudo e todos pelo tempo que perdi. Arrancaria a cabeça dessa menina se acabasse perdendo o n°23.
Dessa vez, pronto pra explodir, vejo a garota atravessar na minha frente novamente, pronto pra falar poucas e boas, mas mal tenho tempo de abrir a boca.
— Meu namoro não deu certo porque tentei sair do destino e ele é Han Jisung. Você não tem chances, não se machuque se envolvendo com ele. Hannie me ama, eu sou a dona dos seus poemas, eu sou a dona dos colares e alianças, até mesmo a de noivado que ele jura que escondeu bem. Sou eu quem ando com o suéter favorito dele. Por favor, você parece ser alguém muito legal, não se iluda no nosso romance que só teve uma pequena pausa.
Meu rosto fervia e esquentava ainda mais por vê-la desfilando pra longe, sem ao menos me dar a chance de responder.
Respiro profundamente e finalmente saio da faculdade, tentando não pensar bobagens, mas ao mesmo tempo mandando mensagem para Jisung e desmarcando nosso encontro.
É incrível como não consigo colocar em prática aquilo que estudo, mas sinceramente, tudo o que preciso é silêncio e tempo pra pensar.
Queria não pensar naquilo mas também não tinha provas de que ela estava errada. Ela estava com o moletom estilo o de Jisung, sei que ele tem poemas e sem querer, já vi a caixinha de noivado em sua cômoda.
Balanço a cabeça em negação, a respiração estava mais rápida e meu coração batia mais forte. Eu não o conhecia há muito tempo mas sabia que estava apaixonado, queria tê-lo só para mim e ter a consciência de que ele pode ser de outra pessoa me causa náuseas.
Sem perceber, já estou no terminal de ônibus, entrando no n°23 e dando boa tarde ao senhor Kim.
Sento no meu lugar favorito, no lugar que conheci Jisung e se torna ainda mais difícil não pensar no assunto.
Não percebo a hora que chego em casa, agradecendo ao motorista e descendo, passando pelo portão e sequer me dando o trabalho de falar com os rapazes, apenas caminhando para meu quarto, querendo esquecer tudo o que ouvi ou percebi.
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Sempre no 23 !¡ minsung
ФанфикTodo dia, Jisung pegava ônibus pra voltar para casa e se sentia privilegiado por poder escolher entre o n° 15, 20 e 23, mesmo que (quase) sempre optasse pelo n°20. Ou Onde Minho amava pegar "seu" n°23, já que o motorista parava de frente ao portão...