Jisung*
Depois de uma noite caótica e um sábado completamente preguiçoso, decido chamar os cria pra limpar a casa, lá por volta das 14h, pois mesmo estando em ordem, a rinite de alguns já estava dando sinais de ataque e quando um começava, era uma onda em que todos vinham atrás completamente catarrentos.
A casa era mais ou menos assim: no primeiro andar, havia uma sala, cozinha e banheiro social. No segundo, haviam três quartos, duas suítes e um quarto com banheiro do lado em que todos em conjunto, concordamos que seria utilizado apenas pelo dono do terceiro quarto.
Parecia uma casa grande mas todos os cômodos eram estreitos, exceto pela sala que era excessivamente grande.
No primeiro quarto do corredor, era do Chan, o segundo era o meu e o terceiro e maior (sem banheiro), era do Bin e do Innie.
Não foi algo escolhido no mau caratismo, apenas tínhamos a tradição de que quem entrava por último, ficava no último quarto. O Chan e eu já fomos daquele quarto quando nossos colegas Mark e Jackson, moravam ali, mas como acabaram virando um casal, decidiram no penúltimo ano da faculdade, comprar um apartamento só para ambos, então abrimos vagas há um ano e meio para duas pessoas, estas que acabaram por ser Changbin e Jeongin.
Voltando para a faxina, os cômodos não eram bem divididos em tarefas, então quando acontecia, cada um ia fazendo algo que achava certo. Era uma confusão, mas sempre acabava dando certo e tendo uma casa incrivelmente limpa.
Normalmente eu ficava com a parte de varrer, passar pano e lavar a cozinha junto com Chan, os outros tinham lá suas tarefas mais robotizadas mas eu nunca prestei tanta atenção, só me importava em ver o resultado.
Nossa tarde foi resumida em música alta pocando' na televisão, marmanjos só de shortinhos lavando toda a casa, levando um total de duas horas e meia para a conclusão de tudo. Um pouco mais demorado que o de costume, mas na de hoje, decidimos lavar a garagem também, com o desvio de atenção para brincadeiras no chão molhado e ensaboado, mas zero julgamentos, um calor, sabão e mangueira na mão de pessoas desprovidas de senso, clamaramente resultaria nisso.
Enfim, com tudo limpo, cada um tomou seu banho e nos encontramos na sala, abaixando a música e ficando cada um jogado para os lados.
Uma coisa em comum que todos estavam fazendo desde o começo do dia, era passar a mão nas bochechas, pois aquele creme duvidoso do maknae, realmente tinha dado certo.
Depois de muita discussão sobre o que seria nossa comida, além do senso comum de ser o peito do Changbin, decidimos por fim pedir uma pizza e depois se arrumar pra cervejada que o curso do Innie estava organizando.
Uma coisa de faculdade, é que você, em algum momento do curso, vai cair no papo da cerveja e vai se acostumar com aquilo, então apenas aceite sua derrota.
Após a pizza e uma enrolação pra se arrumar e se preparar para o golpe (que nós mesmos caiamos), chamamos o uber, já que todos iriam beber então ninguém estaria bem o suficiente pra dirigir nenhuma das duas motos e partimos para a festa.
De carro, não deu nem 10 minutos até o local, onde fomos saindo do carro e sobrou só o Chan pra pagar, pois foi quem perdeu no pedra, papel e tesoura.
Entramos no local que já estava com a música alta e as luzes baixas, eram por volta das 22h da noite. Colocamos nossa pulseira, já que tínhamos comprado a entrada antes e seguimos ainda mais para dentro.
Fomos direto para o bar enquanto o mais novo ia falando com alguns conhecidos dele e logo se juntava novamente. Falamos com os alunos que estavam no trabalho de servir as bebidas e logo levantamos as canecas de universidade, não demorando muito para encherem de cerveja geladinha.
Batemos as canecas e demos bons goles para o começo da noite. Após isso, cada um seguiu seu rumo, pois mesmo andando em bando, gostávamos de nos aventurar e sempre tínhamos o mesmo ponto de referência e o mesmo horário pra ir embora, nossa única regra era sempre voltar junto, independente de trazer uma pessoa consigo ou não.
Fui andando pelos cantos da maior concentração de pessoas, mais focado na minha bebida do que realmente em alguém ou algo por ali.
Poucos minutos depois, eu sabia que alguma merda ia acontecer, é incrível como às vezes sentimos que algo não parece certo ou está próximo de chegar, pois eu estava sempre certo.
Não demorou nem meio segundo após essa sensação pra que a mocreia aparecesse na minha frente, nem tive tempo suficiente para revirar os olhos.
— Você me bloqueou.
— E mesmo assim você veio falar comigo.
— A gente tem que conversar! – Yeji bateu o pé no chão numa pequena birra.
— Minha filha, pelo amor de Deus, vai viver! Eu já entendi que você se arrepende e sente muito, já passou quase três anos e você fica nessa.
Falei num tom cansativo e 100% genuíno, pois não aguentava mais todo dia aquilo, toda hora essa conversa que eu sequer pensava.
— Eu não fui justa com você, só quero que saiba disso.
— Olha, vida. – suspirei com toda a paciência do mundo, pois sabia que aquilo era verdade — Você fez merda, okay? Eu já superei, acontece. Você quer porque quer me forçar a lembrar disso, mas eu não estou mais nesse pique. Você está até namorando, por favor, só deixa meus chifres e eu em paz?
Não ouvi mais nada vindo dela, mas assim que virei pra sair, senti a mesma me puxando pra conversar mais, me irritando um pouco e puxando o braço de volta, fazendo com que nem percebesse que havia alguém na minha frente e no primeiro passo que dei, trombei corpo com corpo com o garoto que passava.
Xinguei todas as pessoas possíveis, mesmo não sendo direcionado ao rapaz, já que a bebida alheia caiu todinha em minha blusa, suspirando de leve e já pronto pra espernear como o bom mimado que sou.
— Me desculpa, eu não te vi. Me desculpa mesmo! – ouvi a voz doce e um pouco desesperada me falar, tentando passar papel toalha em meu peitoral na tentativa falha de secar.
— Não se preocupa, eu quem peço perdão, trombei com tudo em... você!!
Apontei para o garoto de cabelo castanho, rindo baixinho ao ver quem era e ninguém menos que o bisbilhoteiro do ônibus.
Seu rosto permaneceu estático, assim como sua mão em meu peito, com carinha de quem ainda processava a informação.
— Oh céus.
Foi tudo o que ele falou, mesmo não se mexendo em nada, o que me fez rir ainda mais, negando com a cabeça.
— Não estou bravo com você, relaxa.
Seu rosto pareceu dar uma suavizada e logo retirou a mão de mim
— Vem, eu tenho uma camisa extra, eu te empresto. Depois me devolve, sei onde você mora.
Tentou brincar, porém saindo com um tom de ameaça do que de zoação. Bom, nem tive tempo de pensar, pois logo fui arrastado até o banheiro do local.
Com aquele rostinho de assassino fofoqueiro, ele poderia me levar pra qualquer lugar.

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Sempre no 23 !¡ minsung
FanficTodo dia, Jisung pegava ônibus pra voltar para casa e se sentia privilegiado por poder escolher entre o n° 15, 20 e 23, mesmo que (quase) sempre optasse pelo n°20. Ou Onde Minho amava pegar "seu" n°23, já que o motorista parava de frente ao portão...