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Jisung*

Assim que chegamos no banheiro, que eu agradeci por ser relativamente grande e não ser o único da festa, já que ele havia trancado a porta, talvez por costume.

Se virou pra mim novamente e retirou uma camisa que estava amarrada no tirante de seu copo.

— Eu comprei uma blusa hoje da atlética e enfim, não quis esperar pra usar, então estou com a minha aqui, bem limpa.

Sorri com o gesto e deixei meu copo por cima da pia para se livrar daquele cheiro de cerveja.

Não demorei pra passar a camisa preta pelos braços e torcer um pouco pra que saísse o pesado da bebida, logo amarrando no tirante, imitando o jeito que estava na do rapaz.

Observo levemente o rosto avermelhado do garoto, me perguntando se era por conta da situação ou da bebida, já que ele parecia meio lento e um tanto bêbado.

Sorri comigo mesmo e peguei a roupa emprestada, achando um pouco justa no corpo mas nada que incomodasse.

— Obrigado, mais uma vez.

— Que isso, eu quem te sujei. Me desculpa... – pareceu querer falar meu nome.

— Jisung. Han Jisung.

— Me desculpe, Jisung. Prometo não mais te molhar e nem bisbilhotar seu celular... Desde que não sente ao meu lado pra isso, né. Prazer, sou Lee Know, mas me chame de Minho, por favor.

Dessa vez nossas risadas saíram em uníssono junto com nossas mãos em um cumprimento simples.

— Muito prazer, Minho. O que te traz aqui?

Me apoiei na pia e não demorei a deixar o copo pendurado novamente em meu corpo, observando os piscar lento que o outro dava. 

Deu um sorrisinho de canto e bebeu o que parecia ser o último gole de seu copo, ou pelo menos o que sobrou após o resto ser jogado em mim, só aí percebendo os lábios azuis da coloração de sua bebida, suspirando baixinho e dando de ombros.

— Acho que o mesmo de todos aqui. Bebida, música alta e toda a insalubridade que a vida universitária pode oferecer.

— Acho que posso dizer o mesmo.

Rimos novamente e o silêncio foi pairando no ar, olhei ao redor e depois para o rapaz mais uma vez, não escondendo o fato que observava todos os traços de seu rosto.

Os olhos redondos, mesmo que contendo as pálpebras baixas, chamava muita atenção, o sorrisinho bobo e genuinamente fofo era o que mais me agradava.

— Bom.... – limpou a garganta, o que me fez acordar daquele transe – Você me olha demais e isso fica estranho se acaba por não ter a vontade de me beijar.

— Você está certo, acho que esse é o momento em que você se aproxima, né?

Ri todo besta, tentando transparecer confiança mas já estava todo me tremendo. Não era meu costume ser atacante assim, ainda mais com pessoas bonitas.

Saio de meus devaneios com o corpo alheio parado na minha frente, se intrometendo entre minhas pernas e me encarando de novo com aquele olhar que poderia matar qualquer um e que possivelmente esse um seria eu.

Passeio a língua por meus próprio lábios, estremecendo com o toque singelo, porém firme, em minha cintura. Estava me sentindo um completo virgem, mas ninguém pode me julgar, pois desde que terminei meu namoro, passei os últimos três anos beijando meus colegas que já havia certa intimidade e não me envolvendo em nada mais, então podemos dizer que estava enferrujado no ramo de conhecer, beijar e catracar (termo que o Binnie inventou pra se referir a sexo quando o Innie estava por perto) outras pessoas.

Quando senti a palma livre alheia em minha bochecha, o puxei para mais perto ao juntar minhas mãos em sua nuca, o sentindo endireitar a postura, com nossos lábios roçando e...
Alegria de pobre dura pouco, pois o celular do homem não parava de tocar, o que fez dar uma risadinha e depositar um selar breve em minha boca, se afastando aos poucos e pegando o aparelho.

— Bem, meus amigos estão me procurando, aparentemente tem alguém enchendo o saco do nosso amigo mais jovem, enfim. Acho que nosso beijo vai ter que esperar, pelo menos eu sei onde você mora.

Falou um pouco intimidador, acho que ele tem uma certa dificuldade entre ser um assassino e ser um galanteador. Talvez eu goste dos dois tipos.

— Oh, tudo bem. Tenho que procurar meu grupo também. Acho que alugamos bastante tempo desse banheiro.

Falei na maior paz possível, mesmo sentindo que poderia derreter ali mesmo em puro nervosismo.

O vejo abrir a porta e me esperar ao sair, fechando atrás de mim e logo dando um aceno ao que ia para o lado oposto do meu.

Suspirei completamente besta, pois se eu não tinha uma meta naquela festa, ela tinha acabado de aparecer, já que eu não iria sossegar antes de ter aquele formigar nos lábios de novo, precisava beijar de verdade aquele causador dessa sensação.

— O destino é mesmo uma vadia.

Resmungo ao que chego perto dos outros três patetas, que novamente estavam no bar enchendo suas canecas.

— O que rolou, hyung? – Innie perguntou, mesmo que sua atenção maior fosse em virar todo o líquido do copo de uma vez. Sempre me perguntava como aquele ser daquele tamanho, aguentava tudo aquilo de álcool em seu organismo.

— Nada, meu amor. Só eu querendo beijar o maior gostoso dessa festa.

— Ora, não seja por isso.

Chan mal me deu tempo de contestar e grudou as mãos em meu rosto, puxando para um beijo mais afoito que se poderia ter. Vamos esclarecer que ele fica bem solto quando bebe e como eu disse, já era do meu costume arrancar bitoquinhas daqueles três.

Não o empurrei para longe, apenas aceitei aquela obra divina, pois eu podia ser burro, mas não ao ponto de negar um beijo daquele homem lindo que era o meu amigo.

Após o fim do seu espetáculo, dou uma risada gostosa, deixando um tapa em seu ombro enquanto o mesmo me abraçava.

— Obrigado por isso, hyung. Mas infelizmente não era você o gostoso que eu falava.

— De qualquer forma, eu não perderia a oportunidade.

Nosso grupinho soltou uma risada boba, retomando a beber ao que as canecas voltaram a ter mais cerveja.

Decidimos andar em conjunto naquele período, dançando um pouco, fofocando e julgando algumas pessoas que passavam por nós. Não éramos famosos no ciclo social da faculdade, tinham alguns conhecidos mas nada que passasse de rostos que víamos pelo campus. Jeongin era o que se enturmava um pouco mais por ser a festa de seu curso, então era sempre mais fácil quando nossa vontade de conhecer pessoas acabava e ficarmos no cantinho, apenas bebendo, dançando e pondo todos os papos em dia.

Contei a eles sobre o ocorrido no banheiro e não faltou dedos para julgarem o Maria mole que sou, mas decidi por ignorar todos os absurdos que eles comentavam, jurando que eram conselhos amorosos de como conquistar alguém.

Passamos a noitada daquela forma, vez ou outra um de nós voltava a se aventurar no meio das pessoas, já que a bebida fazia cada vez mais efeito, me causando risadas mais altas e falas mais fanhas e desconexas.

Num surto de coragem alcoólica, deixo meu copo com Changbin e caminho para o meio da multidão, dançando com pessoas estranhas, genuinamente me divertindo com aquela situação.

Não demorou muito para que eu percebesse que alguém me encarava, parando um pouco de dançar e procurando quem que me passava aquela sensação.

Não podia ser ninguém menos que o lindo do Minho, que apenas apontou para o lado com a cabeça e eu logo fiz questão de seguir seu comando e o acompanhar para onde seja lá ele esteja me chamando.

Não seria nada demais, mesmo sendo meu vizinho, a gente não ia se encontrar de novo com nada facilidade.

Ao menos, foi isso que pensei.

Sempre no 23 !¡ minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora