33. O invisível que salta aos Olhos 🇧🇷🏐

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A oposta Sheilla Castro olhava fixa e sisuda para o técnico da seleção brasileira. Para ele, até parecia uma postura nova e diferente nela, mas, nos olhos dela, não havia nenhuma novidade. Tinham o mesmo brilho e amor que ele conhecia muito bem, quando ela pronunciava o nome da loira, desde quando suas duas jovens promessas do vôlei brasileiro se envolveram há tantos anos quando nasceu a Era SHARI.

—Eu nunca negaria isso a você Sheillinha e nem a ela.

—Ela não tem nada a ver com isso, é bom que você saiba Zé.

—Eu sei disso. A Mari bebeu?

—Não.

—Hora de ir. Inclusive vocês duas. Esteja com o grupo nos compromissos previstos e está tudo certo.

Zé deu um beijo no rosto de Sheilla. —Vê se não exagera e não se exponham.

Sheilla correu em Fabizona, companheira de quarto, para avisar. E Zé saiu seguido por Paulinho, em direção a Mari.

O técnico da seleção brasileira estendeu a mão para Marianne, segurou firme e a olhou nos olhos.

—Sempre te amei e te amarei como uma filha Mari. Sei que verdadeiramente me perdoou, mas, também sei que não mais confia em mim e, podendo, não olha na minha cara. Isso dói, considerando como nós dois éramos.

Sabe, familiares que se amam também brigam Mari. Eu fiz o que pude, te juro. Um dia, espero que entenda que eu tentei proteger sua carreira de você mesma. Você é uma das jogadoras mais talentosas que conheci e lapidei, e, acima disso, a menina que eu vi se tornar mulher. Tenho orgulho de você. Eu sinto muito a sua falta.

Zé puxou a loira num abraço e a beijou na testa. Pegou a chave do veículo que trazia consigo, e entregou-a.

—Quero vocês duas no estacionamento praticamente junto com o ônibus.—Ele sorriu. —Não deixarei motorista, por privacidade e, porque já andei muito com você, e inclusive de moto. Confio a própria vida à sua direção.

—Ze, olha só, eu não sei bem o que dizer, eu...

—Sei que não está envolvida em nada disso, fica tranquila. E, Mari? Eu as conheço. Conheci e acompanhei tudo, desde o início. Não adianta vocês tratarem como invisível aquilo que salta aos olhos.

Mari o olhou, calada por alguns segundos, e finalmente ela destravou o maxilar.

—Boa sorte com tudo Zé, torcerei muito pela conquista do Tri olímpico, de coração. E, obrigada pela exceção aberta pela Sheilla, sei o quanto isso lhe coloca numa situação delicada.

—Apoie-a Mari. E vê se não exagera. Deu muito trabalho consertá-la. Devolva-a inteira.

Zé piscou para a loira e foi inevitável o sorriso de ambos.

—Eu sugiro então que oriente a sua atleta... —Mari brincou.
—Ze, nada é bem o que parece—Mari disse, quando ele ia se afastando.

—Não é, e nunca foi Mari. Mas a verdade todos nós sabemos. E, não se explique para mim, não é necessário. Se cuide.

Sheilla se aproximava. A delegação inteira do Brasil se dirigia à saída. Parada atrás de Mari, Sheilla com as mãos nos bolsos da frente da calça da ponteira, e o queixo no ombro da loira, ela esperava as colegas e integrantes da seleção tomarem certa distância.

—Sheilla, você pirou? —Mari falava séria.

—Não quer ir comigo Mar?—Sheilla marejou os olhos —É isso? Achei qu...

—Não é isso, é claro que eu quero ir! Mas devia me consultar She, me avisar. Eu quase desmaio na frente do Zé. Está me abraçando dessa forma numa Olimpíada She...Como vamos sair juntas daqui e entrar sozinhas no "Obscuro" carro "batedor" da seleção?

Between Us - SHARIOnde histórias criam vida. Descubra agora