69. E quanto a nós?

279 14 10
                                        


Mari acompanhava com os olhos e ouvidos as etapas do voo da morena ainda em solo.

Quando o avião de Sheilla passava da V.2, que na aviação significa se encaminhar para a velocidade Máxima de rotação que indica que o avião não pode mais ser parado, praticamente a 270km/h obrigatoriamente ele precisa levantar voo, Mari pensou nela e em Sheilla.

Existem fatores que definem o momento em que a tripulação pode iniciar a decolagem ou abortá-la de imediato, em caso de falha crítica da aeronave.

Tais marcadores são definidos pela tripulação segundo a configuração da aeronave e as condições de funcionamento, como as condições da pista, pressão atmosférica, temperatura ambiente, versão e peso da aeronave.

Mari repassou mentalmente cada fator envolvido numa decolagem de uma máquina daquelas.

V1 - velocidade máxima durante a decolagem na qual o piloto pode parar com segurança a aeronave sem sair da pista. É também a velocidade mínima que permite ao piloto prosseguir em segurança para decolagem, mesmo que ocorra uma falha crítica entre V1 e V2.

V2 - velocidade de segurança para a decolagem. Acima desta velocidade, a decolagem deve prosseguir e não poderá ser abortada, a menos que haja razões para crer que o avião não irá manter-se no ar.

V2min - velocidade mínima para a decolagem.

V3 - velocidade de retração dos flaps.

VEF - velocidade em que ocorre uma falha crítica do(s) motor(es) durante a decolagem.

VFTO - velocidade final na decolagem.

VMCG - velocidade mínima de controle em solo com falha crítica de motor(es).

VMCA - velocidade mínima de controle em voo com falha crítica de motor(es).

VR - velocidade de rotação (início da decolagem), momento em que que o trem de pouso "de nariz" sai da pista.

Mari entendia do assunto, sabia que tal qual os procedimentos de voos, era sua situação com Sheilla, esta que, a partir dali e do que elas conversaram não tinha mais o que ser feito: parar, checar freios, checar cintos, combustíveis, passageiros, condições climáticas, plano de voo e pouso: o avião decolava; o futuro do relacionamento Shari levantou voo. Sheilla deveria mostrar ação. Ou a pane estava instalada.

Apenas quando o avião fez a volta, para seguir sua rota, Mari entrou no carro.

Viu-se no espelho. "Você é uó Marianne", que raiva de você, coração de gelo é o cacete, você é louca por ela.

Ela sorriu. Deu a partida, o som agora vinha doloroso, romântico.

"🎶Depois de sonhar tantos anos

De fazer tantos planos

De um futuro pra nós

Depois de tantos desenganos

Nós nos abandonamos como tantos casais"

Ah, faça me o favor, né, Marisa? Eu vou muito te ouvir e me afundar em lágrimas, nein...

Mari pensou, sorriu e mudou a estação, procurando por algo mais feliz, de boa batida...

🎶What about us?

What about all the broken happy ever afters?

What about us?

What about all the plans that ended in disaster?

Between Us - SHARIOnde histórias criam vida. Descubra agora