Lance (23)

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Tinhamos chegado, pelo que parecia, a um trecho deserto de uma charneca imensa em névoa. Diante de nós havia dois bruxos cansados, com cara de rabugentos, um dos quais segurava um grande relógio de ouro, e o outro, um grosso rolo de pergaminho e uma pena. Ambos estavam vestidos como trouxas, embora sem muita habilidade; o homem do relógio usava um terno de tweed com botas de borracha até as coxas; o colega, um saiote escocês e um poncho.

– Bom-dia, Basílio – cumprimentou o senhor Weasley, apanhando a bota que nos transportara e entregando-a ao bruxo de saiote, que a atirou em uma grande caixa de chaves de portal usadas, a um lado; eu vi, entre elas, um jornal velho, latas de bebidas vazias e uma bola de futebol furada.

– Olá, Arthur – disse Basílio em tom entediado.– Não está de serviço, não é? Tem gente que se dá bem... estivemos aqui a noite toda... é melhor você desimpedir o caminho, temos um grupo grande chegando da Floresta Negra às cinco e quinze. Espere um pouco, me deixe ver onde é você vai ficar... Weasley... Weasley...– Ele consultou a lista no pergaminho.– A uns quatrocentos metros para aquele lado, primeiro acampamento que você encontrar. O gerente é o senhor Roberts. Diggory... segundo acampamento... pergunte pelo senhor Payne.

– Obrigado, Basílio – disse o senhor Weasley e fez um sinal para todos o acompanharem.

Nós saímos pela charneca deserta, incapazes de distinguir muita coisa através da névoa. Passado uns vinte minutos, avistamos uma casinha de pedra ao lado de um portão. Mais além, eu pude distinguir mal e mal as formas fantasmagóricas de centenas de barracas, montadas na ondulação suave de um grande campo, no rumo de uma floresta escura no horizonte.

Nós nos despedimos dos Diggory e se aproximamos da casa.

– Ei! – ouvimos uma voz feminina gritar.

Eu olhei para trás e lá estava Olivia, ela estava exatamente igual ao ano passado, tirando talvez pelo fato de que agora seus cabelos estavam mais longos, ela usava um short jeans com uma blusa colorida que deixava sua barriga exposta.

Ela corre em minha direção e me abraça forte e imediatamente uma fragrância suave passou por minhas narinas. Quando ela se separa do abraço, eu olho para sua barriga exposta, lá havia um jóia prata.

– O que é isso, Olivia? – digo apontando para seu umbigo.

– Ah! Um piercing! – Ela disse batendo palminhas – Os trouxas amam perfurar o corpo e colocar jóias, achei interessante e fiz um. Ainda bem que meu pai não estava em casa, eu estaria morta nesse momento.

– Você me surpreende. – digo rindo.– Você veio com quem?

– Tecnicamente eu vim com meu pai, porém eu me perdi dele assim que chegamos, e eu não faço questão de reencontra-lo.– ela disse dando de ombro e indo em direção aos garotos para Cumprimentá-los, por cartas, Olivia comentou ter brigado feio com seu pai no verão.

Havia um homem parado à porta, contemplando as barracas.

– 'dia! – cumprimentou o senhor Weasley, animado.

– 'dia – disse o homem.

– O senhor seria o senhor Roberts?

– É, seria – respondeu o senhor Roberts.– E quem é o senhor?

– Weasley, duas barracas reservadas há uns dois dias?

– Certo – confirmou o senhor Roberts, consultando uma lista pregada à porta.– O lugar é lá perto da floresta. Só uma noite?

– Isso – respondeu o senhor Weasley.

– O senhor vai pagar agora, então? – perguntou o senhor Roberts.

Mary lupin Onde histórias criam vida. Descubra agora