Sonhos ou pesadelos? (18)

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Eu estava deitada na cama de Harry, enquanto o mesmo se encontrava em um pequeno colchão ao lado da cama, ele está deitado de costas, respirando com esforço como se tivesse corrido uma maratona inteira. Eu não estava entendendo o que estava acontecendo com ele.

Ele levou a mão até sua antiga cicatriz em formato de um raio, ele tinha uma cara de dor em seu rosto.

O mesmo se sentou, uma das mãos ainda na cicatriz, e a outra estendida no escuro à procura dos óculos que havia deixado na cabeceira, vendo que ele não estava vendo nada, peguei os óculos e entreguei em suas mãos, e o mesmo o colocou, o quarto estava iluminando por uma luz fraca e enevoada vinda de uma lampião de rua fora da janela.

Harry tornou a passar os dedos pela cicatriz. Ele acendeu o abajur ao seu lado, saiu do colchão, atravessou o quarto, abriu o guarda-roupa e espiou no espelho que havia do lado inteiro da porta.

Ele ficou um tempo se contemplando no espelho e depois olhou em volta no quarto. Havia dois malões de madeira abertos ao pé da cama, deixando à mostra caldeirões, uma vassoura, vestes e diversos livros de feitiço. Rolos de pergaminho atulhavam a escrivaninha de Harry.

A rua dos Alfeneiros tinha o aspecto exato que uma rua de subúrbio respeitável deveria ter nas primeiras horas de um sábado. Todas as cortinas estavam fechadas.

Contudo... Harry voltou inquieto para o colchão e se sentou, passando mais um vez um dedo pela cicatriz.

Harry não parava quieto, de repente ele saltou novamente do colchão e saiu correndo e se sentou à escrivaninha; puxou um pergaminho para perto, e em seguida parou.

- O que pensa que está fazendo? Não parou quieto um segundo sequer.- digo com a voz rouca.

- Tive um sonho estranho.- ele diz baixinho.

- Um sonho ou um pesadelo? - pergunto me levantando e me aproximando dele.

Ele apenas ficou calado. Largou o pergaminho.

"Os habitantes de Little Hangleton continuavam a chamá-la Casa dos Riddle, ainda que já fizesse muitos anos desde que a família Riddle morara ali. A casa ficava em um morro com vista para o povoado, algumas janelas pregadas, telhas faltando e a hera se espalhando livremente pela fachada. Outrora uma bela casa senhorial, e, sem favor algum, a construção maior e mais imponente de toda e redondeza, a Casa dos Riddle agora estava úmida, em ruínas, e desocupada.

As pessoas do local concordavam que a velha casa dava arrepios. Meio século antes uma coisa estranha e terrível acontecera ali, uma coisa que os antigos habitantes do povoado ainda gostavam de discutir quando faltava assunto para fofocas. A história fora requentada tantas vezes e enfeitada em tantos pontos que ninguém mais sabia onde estava a verdade. Todas as versões, porém, começavam no mesmo ponto: cinquenta anos antes, ao amanhecer de uma bela manhã de verão, quando a casa dos Riddle ainda era bem cuidada e imponente, uma empregada entrou na sala de estar e encontrou os três Riddle mortos.

A empregada saiu correndo morro abaixo, aos berros, até o povoado, e acordou o maior número possível de pessoas.

- Caídos na sala com os olhos abertos! Gelados! Ainda com a roupa do jantar!

A polícia foi chamada e Little Hangleton inteiro fervilhou de espanto, curiosamente e mal disfarçada excitação. Ninguém gastou fôlego em fingir tristeza com o que acontecera os Riddle, porque eles eram muito importantes. Os velhos Senhor e Senhora Riddle tinham sido ricos, esnobes e grosseiros, e seu filho adulto, Tom, era tudo isso em grau maior. A preocupação de todos que moravam em Little Hangleton era a indentidade do assassino - pois não havia dúvida de que três pessoas aparentemente saudáveis não poderiam ter morrido, na mesma noite de causas naturais."

- O que você está falando Harry? Isso está parecendo aquelas histórias trouxas de mistério como o Sherlock Holmes.- digo não entendendo onde ele queria chegar com aquilo tudo.

- Presta atenção na história! - ele disse e eu me sento em seu colchão para ouvir.

"O Enforcado, o bar local, faturou sem parar aquela noite; os habitantes do povoado apareceram em peso para discutir a matança. Foram recompensados por terem deixado o conforto de sua lareira, quando a cozinheira dos Riddle apareceu teatralmente e anunciou para o bar, repentinamente silencioso, que um homem chamado Franco Bryce acabara de ser preso.

- Franco! - exclamaram várias pessoas.- Nunca!

Franco Bryce era o jardineiro dos Riddle. Morava sozinho em uma casa malcuidada na propriedade dos patrões. Voltara da guerra com uma perna dura e uma intensa aversão por ajuntamento e barulhos, e, desde então, trabalhava para os Riddle.

Houve um corre-corre geral para pegar bebidas para a cozinheira e ouvir maiores detalhes.

- Sempre achei que ele era esquisito - disse a mulher aos ouvintes ansiosos, depois dos quarto xerez.- Assim, antipático. Tenho certeza de que não ofereci a ele só uma xícara de chá, ofereci bem umas cem. Nunca quis se misturar, nunca mesmo.

- Ah - disse uma mulher sentada ao balcão -, mas ele passou muito sofrimento na guerra, o Franco, e gosta de uma vida tranquila. Isso não é razão...

- Quem mais tinha a chave da porta dos fundos, então? - vociferou a cozinheira.

As pessoas trocaram olhares tenebrosos."

- Onde você quer chegar com isso? - pergunto confusa.

- Isso foi o meu sonho.- ele disse.- Eu não me lembro o resto.

- Acho melhor irmos dormir Harry

- Já está na hora do café da manhã - ele diz escrevendo algo no pedaço de pergaminho.

- Por que as noites passam tão rápido quando não deveriam? - eu digo reclamando, porém, ao mesmo apanhando um vestido florido para substituir a camisola que eu estava usando naquele exato momento.

- Não olhe para trás! - aviso o garoto que logo fez um joia com o polegar sem sequer tirar os olhos do pergaminho. Alguns segundos depois eu já estava devidamente vestida.

Capítulo curtinho

Mary lupin Onde histórias criam vida. Descubra agora