Prólogo

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O líquido penetrava a sua pele e o cheiro de flores francesas empesteava o quarto, era mais uma compra que ela tinha se dado. Os olhos verdes eram fixos no espelho a sua frente, enquanto arrumava os últimos detalhes do seu rosto, Sarah se levantou do banco com a pelúcia branca e suspirou, curvando os lábios de forma suave, ela estava pronta, pelo menos fisicamente, isso não significava que estivesse psicologicamente, não estava pronta para isso, não ainda, a "melhor amiga" estava na sala de estar, a espera da loira, olhava sem parar ao relógio, sabia que se atrasariam se a amiga enrolasse. Era o primeiro encontro de Sarah desde que seu amado foi embora com o sua irmã mais velha, a forma de confiar nas pessoas mudou, ou melhor, ela não confiava nem em sua sombra, ainda morava na mesma casa que eles compraram juntos, onde planejaram sua vida, filhos, descobriu a gravidez, mas sua filha nunca chegou a travessar à porta e o seu marido a abandonou, mandando os papéis do divórcio por correspondência, ainda continua no ambiente cheio de memórias de uma vida cheia de "e se", na mesma casa, dois anos depois, diagnosticada com transtorno alimentar, depressão e ansiedade, completa os seus 30 anos, após dois anos,  é o primeiro encontro com um homem de 40 anos, sua amiga arrumou esse encontro com o amigo de seu namorado, não que Sarah estivesse interessada nele, na verdade só o tinha visto por foto. A mulher impaciente na sala de estar suspirou. E então a loira desceu as escadas e andou em direção de Carla. - Finalmente, pensei que só sair desse arrastada por mim.

- Desculpa, eu tive um problema com o vestido. - Mentiu a garota loira dos mais belos olhos verdes.

- Okay, vamos o Marcio está me esperando e o amigo dele já está aí também, a sua espera. - A mulher mais baixa disse, não era muito difícil ser mais baixo que a Sarah, mas ela não se incomodava com isso, mesmo tendo sofrido bullying por seu tamanho, hoje ela ama ser alta, as amigas seguiram o caminho até o carro dos homens que esperavam na frente da sua casa. A mais alta entrou no carro do rapaz, completamente sem jeito, ele começou a puxar assunto, mas não conseguia nada além de respostas simples, sucintas, algo razo sobre sua vida, apenas sua presença de corpo e não de alma. A chegada do restaurante caro em na zona Sul de São Paulo, não foi o agrado da Sarah, tudo o que queria era a sua casa, sentia a ansiedade percorrer por cada veia do seu corpo, a sua roupa justa escolhida pela sua amiga não ajudava a se sentir confortável, o corpete branco rendado apertava e tirava todo o ar da loira, como se sua costela estivesse em migalhas.

- E então, o que achou do Lucas, Sah? - O Marcio a perguntou e ela soltou a mexa de cabelo em que mexia, fazia isso quando se sentia ansiosa ou nervosa com alguma coisa mas não era o único gesto, enquanto o seu talher levava a comida de um lado para o outro.

- Eu...Bem, ele é uma pessoa legal.. - Disse pegando a taça com uma pequena quantia de álcool, um pouco de vinho seco espanhol, molhando os lábios com o liquido, sentiu a mão do homem sobre a sua.

- Eu acho que depois do jantar nós poderíamos nos conhecer melhor e  deixa-los a sós, o que acha? - Ele a encarou e apertou a sua mão, a mesma mais que depressa, puxou a sua mão, levantando rápido da mesa, chamando atenção de muitos olhares.

- Desculpa... Eu preciso ir ao banheiro. - Quase correndo a Sarah deixou a mesa, com os dois rapazes e a amiga, que não moveu um musculo para ir atrás dela, o namorado era a sua maior preocupação. Ao entrar no banheiro viu uma mulher morena que arrumava o cabelo, correu para a primeira cabine e colocou tudo o que tinha no seu estomago, quase nada, sentiu o seu cabelo ser segurado, era sempre a mesma coisa, quando posta em uma situação que a deixa ao pico do nervoso, vomitava, a jovem se apoiou na parede começando a chorar sem parar, em um estado deplorável, Sarah Andrade odiaria ser vista dessa forma, a jovem morena limpou a boca da loira e secou as lagrimas.

- Você precisa que eu chame alguém? - A pobre Sarah não conseguia responder, agarrou a mulher sem ao menos saber quem era, o ar que quase não tinha começou a desaparecer de seus pulmões e sentia como se sua garganta tivesse fechada, sua visão ficou embaçada, ficando branca como um papel, a morena começou a abanar a loira, que entrava em um crise de ansiedade, ela sabia que não estava pronta para isso, sua amiga deveria ter a deixado em paz, sem saber o que fazer a morena pegou o celular e chamou ajuda a sua irmã mais nova que estava em jantar que comemoração por ter entrado na faculdade que a garota de 19 anos queria. - Okay, vamos lá, você precisa tentar se acalmar, tenta respirar junto comigo, acha que consegue fazer isso? - A morena tentou levantar a Sarah que não conseguia, a falta de ar era tanta que estava quase desmaiando, a morena molharam o rosto dela enquanto chamaram ajuda, o que era para ser uma noite para Sarah começar a conhecer gente nova, acabou com a garota passando a noite em observação no hospital.

Eu ainda te procuroOnde histórias criam vida. Descubra agora