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Meus pais estão aqui

Andrade

A semana parecia eterna, meus pais estavam vindo para a minha casa, segundo eles, precisamos ver como você está, eu obviamente não estou bem, mas também não quero que eles me vejam assim, eu tomei minha pílula da felicidade, eu tinha que levar o Ralph e a Riri no veterinário, depois ir buscar meus pais no aeroporto, eu arrumei o meu moletom preto não deixando a aparente a regata branca que terminava acima do meu umbigo, usava uma calça jeans preta cargo, com um Nike branco e preto, decorado com uma estrela preta, meu boné era branco, eu estava com uma maquiagem leve, apenas para esconder meu olhar morto e meu rosto pálido sem vida.
Deixei os cachorros na cadeirinha do carro, peguei uma pequena mochila preta, meu óculos de sol dos anos 2000 Dior. Pego a chave do meu carro e entro no carro, mais uma vez os vidros fechados e a música baixa, eu dirijo sem correr muito, os cachorros estavam até que bem, quero dizer o Ralph acabou vomitando na cadeirinha dele, o que fez ele se sujar, eu respirei parei o carro, quando parei no acostamento, desci do carro  e fui até o banco de trás limpando ele e a cadeira, deixando o novamente na cadeira, torcendo para que ele não vomitasse novamente. - Tá bem, eu já entendi que você passa mal em carro, mas não vomita mais não, por favor. - Eu acaricie o pelo branco e sorri suavemente era um pelo macio, voltei a dirigir, chegamos até lá, não demorou muito para passar com eles, eles estavam bem, comecei com a carteira de vacinação dos dois, antes de seguir para o aeroporto recebi uma uma mensagem da minha mãe avisando que o avião já tinha pousado, então eu tratei de me apressar para ir buscar eles.
O pesadelo estava para começar, meus pais se tornaram pais corujas, quando queriam, como quando eu era mais nova, eles me super protegiam, eu me sentia sufocada, com eles sempre foram assim, eu só queria não me sentir tão sufocada com eles aqui. Isso me deixava pior do que eu já estava, ou talvez eu precise disso, mas eu não sei definir, meu caminho foi longo, meus pais não paravam de me mandar mensagem, quando eu cheguei no aeroporto eu avisei que eu já estava ali na frente, eu não poderia deixar os meus cachorros sozinhos, então eu avisei onde eu estava estacionada. eu fiquei do lado de fora do carro apoiada no capô, era um dia meio friorento e nublado. Eu gostava de dias assim. Dias menos quentes, não gostava de calor, mas eu gosto de chuva e dias frios, gosto de tomar banho chuva é como se estivesse lavando a minha alma, na próxima semana eu ia voltar a trabalhar, não estava ansiosa para isso, acho que precisava de um banho de chuva, queria renovar minhas energias, mas não vai ser fácil com os meus pais aqui, quando eu os avisto eles sorriem, um sorriso perfeitamente... Perfeitamente falso, meu pai não queria estar aqui, sua feição não parecia de alguém feliz que estava encontrando a sua filha.

- Meu amor. - Minha mãe envolveu os braços em volta do meu pescoço e beijou todo o meu rosto. - Eu senti sua falta filha... - Ela disse enquanto me abraçava, de início eu não a abracei, após alguns segundos meus braços rodearam o seu corpo, o cheiro do Chanel número 5 era tão presente, sua pele macia e coberta pela roupa de tecido fino, como uma segunda pele. - Como você está meu amor? Está tomando os seus remédios? Está comendo? Trabalhando? - Ela perguntava sem parar.

- Sim, eu estou tomando, estou viva. - Eu dei os ombros e ela deu espaço para o meu pai. - Não voltei para o trabalho. - Meu pai me abraçou, beijou a minha testa e sorriu.

- Oi querida. - Eu sorri e beijei a bochecha dele. Sem mais delongas, eles entraram no carro e eu coloquei as malas no porta malas, entrei no banco do motorista e minha mãe não calava a boca, ela falou por todo o caminho, eu não aguentava ficar mais escutando ela dentro do carro.

- Uhum. - Eu disse  olhando fixamente a estrada. Quando chegamos em minha casa, minha casa nova, meus pais trataram de olhar e julgar cada pedacinho dela, como, esses móveis não são de boa qualidade, ou, você poderia ter mandando fazerem maior, eu não queria uma casa grande, eu queria um lugar que me fizesse me sentir bem, ou, minimamente bem, com a notícia que eles ficariam uma semana aqui me fez ter que ir ao banheiro e lavar o meu rosto para que eu pudesse cair em calma e realidade, eram 7 dias, apenas 7 dias.

- Sarah você não tem nada nessa geladeira, precisamos fazer uma lista de compras para você, vamos querida, pegue um papel e uma caneta, ou escreva em seu celular. - Meu pai disse enquanto minha mãe me olhava e negava com a cabeça, eu anotei a enorme lista de compras. Eu não precisava de tudo aquilo, eu comia refeições congeladas, apenas, ou pedia pela internet.

- Pai, eu moro sozinha, não preciso de tanta coisa.

- Meu amor, assim terá comida para o mês todo. - Minha mãe falou enquanto acariciava meu rosto. - Vamos, pegue a sua bolsa e deixa as bolas de pelo ai. - Eu revirei os olhos.

- Não chame eles assim mãe. - Eu disse e pensei em o que faria com eles, não tinha com quem eles ficassem. - Tá bem, vamos não podemos demorar, não quero deixá-los sozinhos. - Peguei minha bolsa e mais uma vez saímos, meus pais foram no banco de trás e eu dirigi até a cidade, fomos ao mercado, meus pais pegaram dois carrinhos enormes, eu não ia precisar de tanto, eles compraram tudo o que eu precisava e o que eu não precisava.
Já não aguentava mais, tinham dois carrinhos lotados de coisa, eu deixei meus pais sozinhos enquanto fui até a padaria ao lado do mercado, precisava de um café. Me sentei no banco alto redondo, preto, o acento gelado atingiu minha pele mesmo por cima da calça. Eu pedi um café preto, sem açúcar, para a viagem, eu observava cada pessoa ao meu redor, gostava disso, observar pessoas, parece loucura, mas é divertido, olhando para uma mulher, discretamente, notei um panfleto colado na parede, era uma festa, com cantores sertanejos, muita música, comida, bebida e barracas de jogos. Parecia ser divertido, seria em três semanas, quem sabe até lá eu vou, parecia ser uma boa ideia, conheceria minha nova cidade, pessoas novas, talvez eu esteja pronta, posso mudar de ideia daqui a alguns míseros segundos. A mulher me entregou o café e eu a paguei, saindo da padaria eu acabei esbarrando em alguém, o café espirrou um pouco na minha roupa e derrubei algo no chão. - Merda, desculpa. - Eu disse e me abaixei para pegar a bolsa.

- Está tudo bem. - Ela sorriu e eu sorri suavemente a reconhecendo.

- Ah, oi vizinha. - Eu sorri e tomei um gole de café. - Desculpa eu estava distraída...

- Tudo bem, você está bem? - Ela olha para a mancha de café.

- Sim, desculpa mais uma vez. - Sorri suavemente. - Eu preciso ir, meus pais estão sozinhos dentro de um supermercado, eles já estão com dois carrinhos cheios, tenho medo deles encherem o terceiro. - Ela soltou uma risada e eu sorri.

- Boa sorte, quem sabe nos encontramos por aí.. - A morena sorriu suavemente.

-  Obrigada, quem sabe.. - Eu dei espaço para ela e sorri, ela passou por mim e eu senti o perfume doce invadindo minhas narinas. Eu suspirei e passei indo em direção ao mercado, como eu já imaginava o terceiro carrinho. Demoramos mais umas horas para chegar em casa. Quero dizer eu estava cansada e com a cabeça cheia, quando chegamos eu os ajudei a arrumar as compras que eles mesmo escolheram e pagaram, me sentia uma pessoa sem opinião.

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Oi pessoal, desculpa a demora para postar, espero que gostem 🧡

Eu ainda te procuroOnde histórias criam vida. Descubra agora