1

444 40 6
                                    

O campo de flores

Andrade

Após a noite miseravelmente fatídica, eu preferi recomeçar, faz um ano desde o incidente no restaurante, hoje eu estou terminando a minha mudança para uma nova casa e uma nova cidade, eu escolhi me afasta de tudo e de todos, nunca fui capaz de reencontrar a garota morena que me ajudou naquele dia, mas eu sou tão agradecida a ela, mesmo sem a conhecer. Acho que eu finalmente superei alguns dos meus maiores medos e problemas, ser abandonada quando uma tragédia acontece, acabou me deixando com alguns traumas, mas eu estou começando a ter coragem para enfrenta-los, todos os meus terríveis e míseros traumas. Ultima caixa em meu carro, limpo a gota de suor da minha têmpora e suspiro, cansei, ajeitei meu boné e minha calça legging, eu usava uma camisa xadrez aberta, mostrando o meu top acadêmico preto, uma calça legging preta, tênis Nike branco com alguns detalhes em vermelho, o meu boné era preto e meu cabelo já não era mais o mesmo, hoje em dia sem as luzes, eu voltei ao meu tom natural de cabelo, castanho escuro. Entrei em meu veiculo, liguei o som, comecei a dirigir para o meu canto, o meu novo lar, uma casa localizada próximo a um campo lindo de lavanda, eu vendi a casa em que morava com todos os móveis, comprei um terreno e montei uma casa na planta, mudei a minha loja para um escritório próximo a minha casa, na cidade mais próxima . Eu tenho uma marca de joias, eu parei de trabalhar a três anos, quando meu ex marido me deixou, eu tinha pretensão de tocar a marca para frente, com o meu patrimônio, eu poderia viver uma vida tranquila e simples, posso investir em outra coisa, mas eu ainda não pensei no que farei, abrimos a empresa juntos, no caso eu entrei com tudo, ele só era o modelo masculino e o meu apoio. Eu liguei o som, fechei os vidros e liguei o ar, estava um lindo dia, não, não para mim, estava calor, eu odeio calor, o seu estava limpo de nuvens, eu odiava dias assim, me lembrava a tarde em que me casei. A música começou a tocar no ambiente fresco do carro, eu dirigi por horas sem parar, quanto mais tempo economizar, mais rápido eu estarei em minha nova vida, era assim que eu pensava, pelo menos eu queria que fosse daquela forma. Era pleno começo de noite, quando eu entrei no meu novo e pequeno lar, com a bela vista para o campo florido, o cheiro de vanilla estava por todo o meu lar, era ideal para mim, eu sorri brevemente orgulhosa, eu consegui sair daquela casa, já era um bom começo, certo? Retirei o boné e o tênis quando desempacotei a ultima caixa, eu só queria um banho fresco e deitar na minha cama, eu tinha comido no almoço e ainda não sentia fome, então, eu só queria relaxar agora e tentar dormir, com a minha cabeça limpa de pensamentos, uma noite de sono tranquila é tudo o que eu peço e preciso. Tirei minhas roupas antes mesmo de adentrar o banheiro novo, liguei o chuveiro, peguei meus produtos de higiene pessoal, entrei no chuveiro e água quente começou a cair sobre os meus músculos tensos, eu me lavei e lavei o cabelo, quando sai, sequei o meu corpo e fiz uma rápida escova no meu cabelo limpo e hidratado, vesti um pijama, que resumia em uma calcinha confortável, uma camiseta grande e velha com um par de meias trocados. Eu me sentei na cama e tomei dois compridos, seguido de um copo com água, arrumei a minha cama, me deitei embaixo das cobertas que me trouxeram uma sensação boa sobre o meu corpo, peguei o meu celular que carregava ao meu lado e comecei a mexer, coisas inúteis e aleatórias, vídeos de animais mais fofos, bebês fazendo coisas de bebês, pegadinhas combinadas mas que ainda sim era engraçado, o sono chegou e eu deixei o meu celular de lado, fechei os olhos, suspirei e comecei a dormir profundamente. Acordei com o sol invadindo a minha janela, eu me estiquei de forma que minha coluna estralasse, peguei o meu celular e suspirei, eram 8:37 da manhã, eu não queria e não tinha animo para levantar, as horas se passavam e os meus olhos só se focavam no meu feed, eu me levantei perto da 13:25 da tarde, quando eu senti um pouco de fome, eu peguei uma maça e uma lasanha já pronta, só faltava descongelar, foi exatamente isso o que eu fiz, peguei uma taça pela metade com vinho chileno, talheres e me sentei no sofá, liguei em um série, comia enquanto assista FRIENDS, eu me levantei para por o meu prato na pia, quando vi um carro parar em frente a minha porta, alguns minutos passaram e a campainha tocou, eu suspirei e pedi um minuto, pausei o programa e vesti uma outra roupa, não queria que um estranho me vice do jeito que eu estava. Quando eu olhei pelo vidro era uma mulher morena, tive uma sensação estranha de já a conhecer, eu abri a porta e ela sorriu com uma enorme cesta em mãos. - Olá, desculpa incomodar, eu sou a antiga do terreno, eu vim te dar as boas-vindas, moro na casa da frente. - Ela esticou para mim a cesta. - Eu sou Juliette, mas pode me chamar de Juh.

- Prazer, eu sou a Sarah, obrigada pela cesta.. - Minha voz saiu um pouco mais grossa do que o habitual. Eu peguei e ela me entregou um cartão.

- Esse é o meu telefone, se precisar de algo pode me chamar, eu moro na cidade desde que ainda era um esperma. - Ela riu e eu sorri, a sua risada era boa de sem ouvir. - Espero que goste de morar aqui, eu moro na casa depois do lago.- Ela apontou para a charmosa casa do outro lado do lago. Me mudar para uma pequena cidade do interior do interior de São Paulo, para ter paz parecia-me uma ideia boa, ter uma vizinha a mais o menos 1km da minha casa era ótimo, eu ainda estava sozinha, as sabia que tinha alguém se precisasse.

- Muito obrigada, você sabe onde me encontrar se precisar.. - Eu limpei minha garganta para minha voz voltar ao normal. Pairou o pior barulho de todos, o silêncio absoluto, apenas olhávamos uma para outra sem saber mais o que dizer. - Você.. Bem, gostaria de entrar?

- O que? Não, desculpe incomodar, tenho que voltar para casa. Foi um prazer mais uma vez. - A garota sorriu e eu fechei a porta, deixei a cesta em cima da mesa, coloquei um tênis e peguei o meu celular, era a minha chance, peguei a chave do meu carro e fui dar uma volta pela redondeza, aproveitei e visitei o meu novo escritório, que já estava pronto, finalmente, agora só precisava saber o que fazer com ele. Andei por três cidades e na última tinha uma feira de animais, eu sempre fui apaixonada, então, eu mais do que curiosa fui ver os lindos cachorrinhos, mas não tinham quase nenhum, em uma gaiolinha tinham dois filhotes de cachorros, lulu-da-pomerânia. Eu olhei os cachorros que brincavam entre eles, pareciam solitários, até mesmo um pouco tristes, eram apenas filhotes. Limpei a minha garganta e atendente me olhou.

- Eu vou ficar com eles. - Eu sorri suavemente e ela pegou alguns papéis, eu paguei pelos cachorros e por tudo o que eles precisariam. - Ralph e Rihanna, sim esse vai ser o nome de vocês, eu gostei. - Quando latiram animados eu sorri, minha psicóloga me disse que era bom termos algum bicho, mesmo que fosse um peixe, eu me senti acalentada, amada e menos solitária.

Eu ainda te procuroOnde histórias criam vida. Descubra agora